O setor segurador tem sofrido enormes mudanças nos últimos anos. Antes da pandemia, a indústria seguradora, à semelhança de outras áreas de atividade, já se encontrava em evolução contínua, mas os últimos dois anos, e por força da pandemia, aceleraram ainda mais a transformação do setor, sempre pressionado a encontrar novas soluções e produtos para os clientes.
Hoje, as empresas ligadas à atividade seguradora estão obrigadas a dar uma resposta irrepreensível no que toca à digitalização e à tecnologia. A nível interno e para o exterior. Este será, quiçá, o grande desafio do setor.
Neste sentido, Carla Sá Pereira, partner EY, Insurance Consulting Leader, explica que a transformação digital que está em curso vai prosseguir e vai continuar a assistir-se "a um investimento em tecnologia". As seguradoras devem continuar a endereçar o seu défice tecnológico digitalizando processos fundamentais, migrando para a cloud e adotando modelos flexíveis de contratação. "A indústria insurtech está a crescer todos os anos, com estudos a mostrarem que o financiamento naquela área tem aumentado de forma consistente desde 2017, atingindo um valor estimado de 8,7 mil milhões de euros em 2021."
Quanto a José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), diz, sobre os desafios e oportunidades da atividade, que o setor está "muito mais bem preparado do ponto de vista da sua capacidade de adaptação à transformação digital, oferecendo serviços inovadores aos seus clientes, como a telemedicina ou as peritagens à distância".
O responsável da APS acrescenta que os ciber-riscos e a resiliência cibernética das empresas se apresentam como "um desafio de enorme envergadura, também na dupla perspetiva em que as empresas de seguros têm de garantir a sua própria segurança contra os riscos cibernéticos, mas são também tomadoras de riscos nesta área".
O digital faz parte do presente e as seguradoras têm de oferecer os melhores serviços para responderem às necessidades dos seus clientes ou correm o risco de perderem para a concorrência. Exemplos da sua importância são muitos, mas deixamos apenas um, neste caso da AdvanceCare, que está a acelerar a digitalização de todas as jornadas de cliente. Num único canal digital, a aplicação e o portal myAdvanceCare, o cliente pode endereçar todos os seus assuntos de saúde na vertente tradicional e na vertente de telemedicina. O sucesso é tal, até pelo conforto que permite não ter de sair de casa, que mais de 40% dos seus clientes utilizam o myAdvanceCare e mais de 85% dos reembolsos são feitos por essa via.
O cliente, o colaborador, a saúde e as alterações climáticas
Além da transformação digital, José Galamba de Oliveira, da APS, realça a importância de posicionar o setor segurador como um parceiro incontornável das políticas públicas, seja na área da saúde, da reforma por velhice. Ou nos riscos catastróficos e nas alterações climáticas, outro desafio fundamental, a bem da sociedade e do bem-estar e se quisermos enfrentar as dificuldades a que temos assistido nos últimos tempos.
A braços com novas realidades e novos desafios para o futuro, os peritos explicam neste trabalho que para terem sucesso, as seguradoras devem apostar na maior proximidade com o cliente, na otimização de custos e na capacidade de reter talentos.
A sustentabilidade
Uma referência ainda para o facto de as seguradoras estarem obrigadas a tornar-se mais sustentáveis. Carla Sá Pereira aponta o aumento do investimento dedicado a esta área, pelo impacto que tem nos dois lados do balanço das seguradoras e pelo impacto reputacional que determinadas medidas, ou inação, podem ter na sua marca.
Segundo a responsável da Ernst & Young, o investimento em medidas que contribuam para a mitigação daquele fenómeno, para além do óbvio contributo para a sustentabilidade do planeta, pode constituir uma poderosa estratégia de marketing para chegar a clientes individuais e empresas que estejam sensibilizadas para esta questão e a trabalhar no mesmo sentido.