À entrada do cenário do Portugal Exportador, no centro de congressos na FIL, na Junqueira em Lisboa, em muros de cortiça lia-se a letras negras num fundo amarelo: "Num mundo cada vez mais digital a tradição marca presença. Coloque aqui o seu cartão." Inúmeros visitantes de telemóvel em mão fotogravam algumas das dezenas de cartões afixados e assim engordavam a sua carteira de contactos. Esta é uma das principais marcas e objetivos do evento de um dia organizado pela Fundação AIP, Novo Banco e AICEP – Portugal Global.
O evento Portugal Exportador é uma plataforma de contactos entre empresas, empresários, gestores, responsáveis de negócios das embaixadas, consultores. É também uma rede de conhecimento e aprendizagem através de apresentações e debates setoriais, de mercados nos três auditórios, nos vários cafés temáticos.
"Não é quando as coisas correm mal que se deve indicar a exportação, uma vez que esta implica capacidade financeira", diz-se no auditório 3, onde se discutiam as exportações, o modo, os países, os mercados, os skills no seminário sobre skills para exportação, um dos dez que se realizaram.
Entre os auditórios 2 e 3, nas mesas transparentes e redondas com cadeiras pretas, as bandeiras dos vários países convidavam a uma conversa sobre os mercados, a cultura, os hábitos e os modos de vida. Angola, Espanha e Alemanha eram os mercados em destaque, no entanto, havia possibilidade de recolher informação e contactos. Contudo, existem ainda mercados em que as empresas portuguesas podem ter mais facilidades, como os 72 países com os quais a União Europeia tem acordos.
Comércio eletrónico
O objetivo era alertar as empresas para a necessidade de diversificarem clientes, mercados e geografias. Hoje, 75% das exportações portuguesas demandam a União Europeia. Para isso estiveram presentes cerca de uma dezena de consultoras de comércio internacional, dez start-ups com produtos e serviços exportáveis, várias Câmaras de Comércio, como a alemã ou a britânica, duas dezenas de entidades de apoio à internacionalização, e web buyers internacionais.
No auditório 2, o digital era o tema dominante com a exibição do ponto de situação da digitalização e do comércio eletrónico, que também pode ser uma ferramenta de exportação, como dizia Carla Pereira, e-commerce de exportação. "Se ganharmos a batalha do comércio digital, ganhamos a batalha da diversificação de mercados para fora do espaço europeu", disse Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, que esteve na abertura do evento, juntamente com Eurico Brilhante Dias, secretário de Estado para a Internacionalização, António Ramalho, presidente executivo do Novo Banco, e Jorge Rocha de Matos, presidente da Fundação AIP. "Portugal é dos países europeus em que menos se vende por e-commerce, tanto no mercado interno como para a exportação, e isto é algo que pode ser fatal", alertou António Silva, administrador da AICEP Portugal Global.
Business angels
Este ano estreou-se o espaço Meet the Leaders, onde investidores e business angels dos mercados espanhol, angolano e alemão se reuniram com empresas, start-ups, para abordarem estratégias para esses mercados.
Entre a produção e o consumo desperdiça-se 24%, diz-se no painel sobre o agroalimentar, em que se referem as novas tendências alimentares que são ditadas pelos consumidores e as políticas públicas. Sublinha-se a necessidade de propósito, sustentabilidade, a preferência do consumo local, a baixa do consumo de carne, a pegada ecológica e a produção customizada aos clientes, o impacto da digitalização como o big data, a inteligência artificial tanto na produção como no consumo no auditório principal.