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Premiados projetos inovadores que respondem a necessidades concretas

A transformação digital também se faz por setores de mercado com trabalhos que vão ao encontro daquilo que cada área necessita.

16 de Dezembro de 2022 às 14:19
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Na edição deste ano dos Portugal Digital Awards foram atribuídos sete prémios distintos a outros tantos projetos provenientes de vários setores de atividade. Os Digital Industry Awards dividem as candidaturas por categorias relativas aos vários segmentos de mercado sendo que o primeiro premiado foi o trabalho de renovação automática do cartão de cidadão, desenvolvido pelo Instituto de Registos e Notariado, na categoria Best Government Project. Trata-se de um projeto que visa resolver os constrangimentos causados pela pandemia, incluindo um modelo mais eficiente, no qual o cidadão é informado que pode efetuar a renovação automática, sem necessidade de se deslocar a um balcão físico do IRN. Esta renovação automática do cartão de cidadão é dirigida a maiores de 25 anos e sem alteração dos dados biométricos que tenham o seu cartão a caducar e que passam, desta forma, a recebê-lo comodamente em casa. Filomena Rosa, presidente do conselho diretivo do IRN, explica que este "é um projeto vocacionado para os cidadãos e que vem resolver um problema de acumulação durante a pandemia e das longas filas de espera que ainda tínhamos porque as pessoas não conseguiam renovar os seus cartões". A mais-valia deste prémio "é ajudar a constatar que estamos no bom caminho, no sentido de ir ao encontro do cidadão e das suas necessidades reais".

 

Na categoria Best Banking Project, melhor projeto de transformação digital no setor da Banca e outras entidades financeiras, a distinção foi para o iziBizi, do Millennium bcp. Trata-se de um programa de faturação com conta bancária, que funde o software de faturação e gestão Cloudware Business.

 

Este serviço inovador e único no mercado integra ainda API de serviços financeiros e de open banking desenvolvidas pelo Millennium bcp. Desta forma, o empresário poderá passar a aceder, em tempo real, aos movimentos das suas contas, assim como registar gastos ou acelerar recebimentos de fornecedores e processamento de salários.

 

De acordo com Maria José Campos, administradora executiva do Millennium bcp, "o lançamento do iziBizi é o primeiro salto na estratégia de desenvolvimento de novos serviços financeiros digitais em parceria, para particulares e empresas, implementado no âmbito do novo programa Better Together".  Esta responsável acredita que a instituição está a "criar valor acrescentado para os clientes finais com o envolvimento de diferentes stakeholders do mercado, sabendo à partida que o resultado do trabalho conjunto nestas parcerias será superior" ao que poderiam obter operando sozinhos. Diz ainda Maria José Campos que "é esta abordagem conjunta a oportunidades que nos vai permitir, cada vez mais, responder de forma única às necessidades dos nossos clientes surpreendendo-os com propostas de valor verdadeiramente diferenciadoras".  

 

Dos seguros à indústria

Na categoria Best Insurance Project, o melhor projeto de transformação digital no setor dos seguros foi o Tratamento Automático dos Sinistros Automóvel, da Fidelidade, da Fidelidade. Trata-se de possibilitar a leitura consistente de uma grande variedade de imagens de declarações de acidente, tendo para isso sido criada uma tecnologia modular que permite corrigir a distorção espacial introduzida pela câmara e pelo utilizador nas fotografias. Foi também desenhado um sistema de auto machine learning (ML) que permite gerar modelos de ML "de elevada qualidade com intervenção humana mínima". A conjugação destes dois sistemas permitiu criar um pipeline de automação capaz de reduzir em aproximadamente 60% a carga de processamento manual de declarações de acidente. Sandra Magalhães, manager dos sinistros automóvel da Fidelidade, explica que se torna possível, "cinco minutos depois de o cliente nos estar a participar o sinistro, estar a receber um SMS com informações sobre o processo" e só é possível ser tão rápido "porque tivemos uma equipa excecional que desenvolveu um modelo de leitura automática da declaração amigável". Já José Vieira, do centro de inteligência artificial e analítica da Fidelidade refere que o prémio "é um reconhecimento para todas as equipas e pessoas que estiveram envolvidas e que no final do dia conseguem ter um produto com qualidade e níveis de serviço elevados".

Por seu lado, o prémio para o melhor projeto de transformação digital na indústria – Best Manufacturing Project – foi atribuído ao Go-Lab do Grupo Mota-Engil. Trata-se da idealização e desenvolvimento de uma nova solução global (multigeografia, multilingue e com backoffice central) para gestão de laboratórios. A plataforma corporativa permite uma abordagem uniforme nas diversas geografias do grupo e ainda a garantia de cumprimento de normas para a realização dos ensaios. Filipe Morla, responsável de transformação da Mota-Engil Global, explica que o projeto "é transversal às várias geografias do grupo que precisava de uma plataforma única com visibilidade para a área corporativa". Atualmente, "ele já foi completamente desenvolvido, arrancou em Angola em setembro, pretende-se avançar para África nos próximos meses e até 2026 cobrir 80% dos laboratórios Mota-Engil em todo o mundo".

 

A propósito do prémio, Filipe Moral lembra que a IDC "tem vindo a contribuir para o nosso pensamento de transformação digital" pelo que "ter este reconhecimento entre outros projetos também tão distintos valida a nossa trajetória".

 

Retalho, utilities e saúde também em destaque

O prémio Best Energy & Utilities Project foi entregue ao projeto Gridrone da E-REDES, que permite a utilização de drones para efetuar a inspeção termográfica, de medição de distâncias e visual à rede aérea MT e AT. O Gridrone surge como alternativa ao uso do helicóptero, utilizado há mais de 25 anos. Ricardo santos, responsável da área de inovação da E-REDES, refere que, neste momento, foi feito "um piloto com 1.500 km de rede inspecionada" e em 2023 "passam a ser 10 mil km de rede inspecionada com recurso a esta tecnologia". Já a responsável pela área de transformação digital da E-REDES explica que "esta vitória é um reconhecimento pelo trabalho que tem sido feito e também um especial tributo às pessoas que estiveram a trabalhar neste projeto e à própria E-REDES por dar este espaço para inventar, para explorar e incentivar a procurar soluções disruptivas como esta".

 

O Grupo Salvador Caetano arrecadou o prémio para Best Retail & Distribution Project, melhor projeto de transformação digital no setor da Distribuição e Retalho com a sua proposta UCAS (Used Cars Analytics System). O UCAS é um novo sistema que consolida todos os dados do negócio de usados nas diferentes dimensões (online e física). Este sistema, assente numa arquitetura analítica de nova geração, com o uso de serviços cloud e conceito de big data, combina dados de diferentes sistemas. Joaquim Matos, CIO do Grupo Salvador Caetano, explica que "havia condições para criar um sistema analítico que englobasse uma visão de todas as vertentes do negócio e que, no final do dia, contemplasse ainda soluções de IA com pricing automático". Esta combinação permitiu construir os alicerces de soluções inteligentes diferenciadoras do ponto de vista do negócio. Joaquim Matos explica que o grupo faz "imensos projetos de TI", mas ainda não é "percebido pelo mercado como uma entidade que faz este trabalho". Concorrer – e ganhar – o Digital Awards ajuda "no sentido de ter o reconhecimento do nosso trabalho e do valor do grupo".

 

No setor da saúde, o Best Healthcare Project seguiu diretamente para a LUSI, da Lusíadas Saúde, uma assistente digital que efetua automaticamente e em total autonomia a marcação de consultas e exames. De forma a aumentar a capacidade de resposta e melhorar a experiência de cliente, a LUSI é suportada por inteligência artificial, para interação de voz e escrita. Em 2021, foi iniciada a implementação da LUSI para, numa 1ª fase, proceder a marcação/desmarcação/remarcação de consultas/exames, e prestar informações várias (localização/horários/especialidades), que são habitualmente feitas via omnicanal ou contact center. Atualmente, a LUSI está a ser preparada para outro tipo de pedidos de clientes, suportando as interações em mais canais (nomeadamente mobile) e assegurando outras funções de proatividade, como interações para confirmação prévia de consultas, entrada em contextos clínicos como seguimento de patologia crónica, clinical pathways, entre outros. Sofia Rocha, chief transformation officer na Lusíadas Saúde, refere que "desde março a LUSI está em pleno nas unidades do grupo, sendo que foi feito um roll-out sequencial. Atualmente, atingiu-se um grau de automatismo de 60%, o que é muito bom."

 

O prémio agora alcançado "é muito importante para a equipa porque é uma validação externa de algo que se fez". Sendo um "sistema pioneiro temos de contornar a resistência e mostrar que vale a pena e ter entidades externas a validar o projeto dá mais alento para o levar a outros patamares".

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