Na categoria de "Digital Grand Awards/Categorias Especiais", a distinção de Best Digital Leader coube, este ano, ao contra-almirante Gameiro Marques. O atual diretor-geral do Gabinete Nacional de Segurança junta-se assim a uma galeria de notáveis que, na área das TI, foram dando o seu importante contributo em matéria de transformação digital.
Gameiro Marques explica que se sente "muito contente com a distinção", especialmente pela sua equipa: "Nós somos efémeros e o que releva é o que ajudámos a fazer para construir uma sociedade mais moderna e mais desenvolvida através do digital, mas também mais segura, porque não há desenvolvimento sem segurança."
Na realidade, o contra-almirante explica que o prémio não é apenas seu, "mas de todas as pessoas que, ao longo da carreira, têm trabalhado comigo". Gameiro Marques foi CTO e depois CIO da Marinha; passou posteriormente pelo Ministério da Defesa em funções de direção na área dos sistemas de informação "e desde 1 de setembro de 2016 estou nesta função". O segredo do seu sucesso poderá passar por "criar empatia com a equipa, a quem oiço e que me ouve. Criamos uma visão comum, por vezes positivamente controversa, para assegurar fraturas que levam a organização a andar para a frente".
O contra-almirante recorda que tem por hábito envolver as pessoas da sua equipa "nas soluções", algo "fundamental porque, caso contrário, a organização não tira partido de toda a multidisciplinariedade que tem dentro de si". Atualmente, a equipa deste responsável conta com elementos "dos setores civil e militar, dos três ramos das forças armadas, e esta torre de Babel é muito rica se for bem acarinhada e bem motivada".
O exemplo da Administração Pública
Mas será que na Administração Pública (AP) se desenvolvem, igualmente, bons projetos de transformação digital? Gameiro Marques não hesita na resposta: "Acho que é um mito pensar que não se inova na AP. A inovação é algo que deve fazer parte do DNA das organizações e estas têm de ter esse gosto."
O contra-almirante acredita, de resto, que "inovar e procurar ser um irreverente construtivo é importante" e cabe aos dirigentes "darem o sinal de que acarinham essas pessoas irreverentes, mas que acabam por ser o motor das organizações". Na realidade, é importante "promover um saudável relacionamento interpessoal e tentar que as organizações que nós dirigimos sejam organizações felizes". Uma ideia ainda mais determinante "depois de dois anos difíceis que nos obrigam agora a reinventar a necessidade de trabalhar juntos, mas com modelos diferentes".
Grandes desafios do futuro
Detentor de uma carreira sólida, mas sempre a pensar no futuro, o contra-almirante deixa no ar aqueles que são os próximos desafios do Gabinete Nacional de Segurança, a começar, desde logo, pela necessidade de garantir "que a população portuguesa crie, de facto, a consciência de que ao usar o digital tem de o fazer de forma correta tal como quando se conduz um carro, para não fazer perigar a sua vida ou a dos outros".
Apesar de, no meio digital, ainda não ser preciso ter formação, "estamos fortemente empenhados em aumentar o awareness que a sociedade tem de ter neste campo". Assim sendo, foi já lançado, no início deste mês, "um grande programa que envolve 24 instituições de ensino politécnico universitário público e que vai formar, até 2026, 9.600 profissionais nesta área".
Destaque ainda para outra dimensão que diz respeito ao facto de o ciberespaço ser ubíquo, "o que faz com que notícias colocadas no ciberespaço sem qualquer tratamento editorial se transformem em algo que consegue alterar a perceção das pessoas em relação a dadas coisas e nos levam a tomar decisões erradas". E Gameiro Marques deixa um exemplo: "Essa decisão errada pode ser a mais nobre que um cidadão faz em democracia que é votar. E, portanto, a preservação dos valores da democracia através do ciberespaço tem um grande valor para nós."