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Incentivos e requalificação fundamentais para acelerar ritmo

Acelerar o ritmo e o âmbito das prioridades ESG nos processos e na inovação das empresas passa pelo alinhamento de incentivos, reconversão de competências e cooperação.

30 de Junho de 2022 às 17:53
Pedro Afonso, CEO da Vinci Energies Portugal
Pedro Afonso, CEO da Vinci Energies Portugal
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Alinhar os incentivos de gestores e colaboradores com metas empresariais na área da sustentabilidade é essencial para acertar agulhas dentro das empresas e dar um impulso decisivo às estratégias nesta área, concordaram os participantes no Digital Lab sobre sustentabilidade, promovido no âmbito da iniciativa Portugal Digital Awards.

Estas práticas começam a poder ser validadas em setores como o financeiro, em que as empresas já são chamadas a comunicar se os incentivos dos gestores estão alinhados com critérios ESG (Environmental, Social and Corporate Governance (ou ambientais, sociais e de governança empresarial). Mas, na generalidade do mercado, não são escrutinadas ou nem mesmo praticadas. Admite-se que há bons exemplos em algumas empresas, onde estes incentivos chegam já aos executivos C-level e até a escalões abaixo desse, mas estão longe de ser regra e podiam ter um papel importante para o sucesso das organizações neste domínio.

E se nas empresas o alinhamento da política de incentivos com critérios ESG é insipiente, na administração pública o cenário não é melhor, pelo contrário. A orientação do código de contratação pública para o preço mais baixo, desde logo, traça um quadro que não deixa margem para a consideração de critérios ESG. Como sublinhou Margarida Couto, presidente do GRACE, seria relevante que o fizesse, pelo peso que as compras públicas têm na economia do país, cerca de 10% do PIB.

Pela positiva, na esfera pública, destacou-se no debate o facto de os municípios estarem atentos ao tema "e isto é muito importante porque pensar global e agir localmente é fundamental", acrescentou a responsável.

 

Atrair quem trabalha noutras áreas e quem não trabalha 

A reconversão de competências foi outro aspeto considerado essencial no debate, como forma de criar condições que permitam acelerar o peso e o impacto da sustentabilidade nas operações e na inovação das empresas. 

A escassez de mão de obra para muitas funções, emergentes ou que tendem a ganhar mais espaço nas organizações com a integração dos princípios de sustentabilidade, é um problema que precisa de resposta.

Admitiu-se que as empresas estão mal preparadas para o desafio e lançaram-se sugestões que podem ajudar a resolver o problema. 

Direcionar programas de reconversão de competências para quem hoje trabalha em atividades de caráter mais físico (blue-collor) pode ser um caminho, acredita Pedro Afonso, CEO da Vinci Energies Portugal. As exigências de formação para muitas das funções que precisam de ser preenchidas são simples e o incremento no nível salarial, que a mudança de emprego tende a representar, pode funcionar como um atrativo para a mudança de profissão.

Margarida Couto, por outro lado, defendeu que as novas necessidades de talento das empresas, nas áreas ligadas à sustentabilidade, podem ser um fator mobilizador de uma outra faixa da população, com os programas de formação e reconversão adequados. Referia-se aos jovens que não trabalham nem estudam (nem-nem) e ao apelo de desempenhar funções com um impacto direto na saúde do planeta.     


Reorganizar empresas, processos, redes de fornecimento e lógicas de investimento para atender aos princípios ESG, como ficou sublinhado neste debate, é um desafio complexo e que exige trabalho em muitas vertentes. A transversalidade dos temas que aí se agregam obriga cada empresa a ir além dos tópicos a que começou por dar prioridade, pela relevância no seu setor de atividade. Precisamente por isso, João Catarino, consultor para a área corporate strategy & sustainability da Galp, sublinhou a importância da colaboração entre empresas, como forma de acelerar o passo e conseguir melhores resultados, lembrando que este é um caminho que tem sido feito em Portugal e que vale a pena continuar a ser trilhado. 

Colaboração e convergência são tendências

GRACE e BCSD, as duas associações mais representativas do tecido empresarial nacional nas áreas ligadas aos fatores ESG, trabalham hoje em conjunto em algumas matérias. A colaboração foi referida no evento como um exemplo do percurso que as próprias empresas têm feito, na convergência da abordagem a estes tópicos. O GRACE nasceu para mobilizar as empresas para os temas da responsabilidade social e o BCSD foi criado para promover compromissos de ação do setor privado na área do ambiente. Hoje 80 a 90% do portefólio de associados está representado nas duas estruturas.

Parâmetros de sustentabilidade vão integrar KPI de 60% das empresas já em 2023

Em 2023, 40% das organizações já vão ter o tema da sustentabilidade embutido nos seus processos de negócio e pela mesma altura 60% das 2.000 maiores cotadas, a nível mundial, terão já também parâmetros ambientais espelhados nos seus KPI de negócio. Os dados são da IDC e também mostram que as empresas líderes nesta transformação estão a dar um contributo-chave para a fazer estender-se a toda a sua cadeia de valor. 
No final do próximo ano, espera-se que dois quintos das empresas já exijam provas de conformidade com requisitos ESG dos seus fornecedores, como forma de melhorar a confiança dos clientes e de outros stakeholders. Um ano mais tarde, em 2024, as previsões da consultora antecipam que 45% das empresas a nível mundial vão já dar uma importância elevada a critérios de sustentabilidade nas suas compras de tecnologia.

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