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Ambiente agradece hoje porque não pode passar para amanhã

Venda de veículos eléctricos e híbridos plug-in está a aumentar, embora existam realidades diferentes. Cidadãos mostram mais sensibilidade para a mobilidade inteligente e o Estado avança com incentivos, mas há muito trabalho pela frente.

07 de Fevereiro de 2018 às 15:23

A mobilidade eléctrica é uma realidade que chegou para ficar. Portugal tenta seguir as boas práticas de muitos outros países, com Governo, autarquias, empresas e pessoas a mostrarem cada vez mais sensibilidade para este tema. Sim, o país, ou as cidades portuguesas, ainda não conseguem acompanhar outras, por exemplo, do Norte da Europa, no que toca à mobilidade inteligente. E recorde-se que a mobilidade inteligente não é só mobilidade eléctrica. É mobilidade conectada, soluções de conexão veículo-infra-estrutura, transporte partilhado e por aí em diante. Não obstante, a mobilidade eléctrica é um dos "vectores dessa mudança" e existe em Portugal "a infra-estrutura física de comunicação e de rede eléctrica" para alterar este estado de coisas, explica neste especial João Peças Lopes, professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), administrador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e vice-presidente da Associação Portuguesa do Veículo Eléctrico (APVE).

 

Henrique Sánchez, presidente da Associação de Utilizadores de Veículos Eléctricos (UVE), também refere que as cidades portuguesas não estão tão evoluídas como outras mais a norte no continente europeu, porém, relembra que há medidas que são cada vez mais transversais, como a partilha de automóveis ou de bicicletas, eléctricas ou não.

 

O Estado deve dar o exemplo no que diz respeito à promoção do uso de veículos eléctricos e parece avançar cada vez mais nesse sentido. Mas que falta fazer no que diz respeito a políticas públicas para se incentivar à mobilidade eléctrica? "Há que promover mais rapidamente a substituição da frota de veículos do Estado e das empresas públicas por veículos eléctricos ou híbridos plug-in. Além dos incentivos fiscais, alargar o número de veículos eléctricos novos que terão direito ao incentivo financeiro aquando da sua aquisição", explica João Peças Lopes.

 

Venda de veículos eléctricos aumenta

 

Mesmo com as disparidades existentes nas diversas realidades, o aumento das vendas de veículos eléctricos parece ser transversal e Portugal não é excepção. De Janeiro a Novembro de 2017, venderam-se no nosso país 3.585 veículos eléctricos – um aumento de 82% em relação às vendas de 2016, dados da UVE. João Peças Lopes afirma que esta evolução é resultado da "política de incentivos fiscais e financeiros definidos no Orçamento do Estado de 2017 e da crescente responsabilidade dos cidadãos relativamente aos problemas associados às alterações climáticas, uma vez que o sector dos transportes é responsável por uma grande parte das emissões de gases de efeitos de estufa que se verificam em todo o mundo". Essa percepção, continua, é hoje já "bem entendida" por muitos cidadãos. Há ainda alguma dose de efeito de "imitação" que neste caso é sempre bem-vindo.

 

O peso dos veículos eléctricos e híbridos na venda de novos carros, quer na Europa quer em Portugal, é distinto. Na Europa, a Noruega está muito distante dos outros países. "Os carros eléctricos (BEV e PHEV) representam 39% das vendas", refere Henrique Sánchez. Segue-se a Suécia, com 5,3%; Bélgica, Suíça e Finlândia, com 2,6%; Holanda, com 2,2%; Portugal e Luxemburgo, com 1,9%; França, com 1,7%; e Alemanha, com 1,6%. O responsável da UVE conta que a Noruega atingiu estes valores "após a introdução de um pacote de incentivos abrangente e disruptivo". Na Europa como um todo, "os VE representaram 2% das vendas em 2017".

 

Um estudo feito pela Bloomberg New Energy Finance concluiu que no terceiro trimestre de 2017 foram vendidos mais de 287 mil veículos eléctricos e híbridos e plug-in. Registou-se, assim, um aumento de 63% face ao período homólogo e um aumento de 23% em relação ao segundo trimestre. A China foi o país onde mais se comercializou veículos eléctricos – um dos motivos apontado no relatório foi a enorme poluição nas cidades chinesas –, seguindo-se a Europa e a América do Norte.

 

O contributo do ensino e da indústria nacional

 

As universidades portuguesas e as unidades de produção do sector automóvel estão a ter um papel "fundamental" na inovação e no estudo da mobilidade eléctrica. Henrique Sánchez destaca que alguns dos maiores avanços "na criação de novas baterias, com maior capacidade, utilizando materiais inéditos, nasceram nos departamentos de investigação das universidades". Mas não só, garante. Há um conjunto de estudos sobre o uso dos veículos eléctricos, a concepção e o fabrico de monolugares eléctricos que participam na competição europeia Formula Student, como, por exemplo, o Instituto Superior Técnico, em Lisboa, com o Formula Student 07e. Ou os vários cursos sobre os veículos eléctricos, por exemplo, do Politécnico de Leiria.

 

João Peças Lopes recorda a importância da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e do INESC TEC na mobilidade sustentável e eléctrica, seja a leccionar disciplinas ou a encontrar nos laboratórios de ambas as instituições soluções inovadoras nesta área.

 

Sobre as principais tendências da mobilidade eléctrica a nível internacional, passam pela inovação tecnológica, nanotecnologia, automação, eficiência dos motores, carregamento por indução, tintas com nanocélulas fotovoltaicas para a produção de electricidade ou avanços tecnológicos nas baterias. Henrique Sánchez diz ainda que há experiências bastante avançadas das chamadas baterias sólidas que permitirão multiplicar a autonomia das mesmas por dez.

 

Portugal, afiança, está a acompanhar e a introduzir essas tendências e tem até "vários cientistas e investigadores a trabalhar nestas áreas, sendo uma das referências a professora Helena Braga, da Universidade de Austin, no Texas, com trabalhos de investigação no campo das baterias sólidas".

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