O negócio de família ensinou-lhe o que era a "responsabilidade profissional". Toda a coordenação e a logística envolvente no setor dos transportes de mercadorias foram a base para querer trabalhar com pessoas.
Mais tarde, ainda durante a licenciatura em Gestão de Empresas, trabalhou na área do entretenimento como animadora na Terra dos Sonhos. E após concluir o mestrado trabalhou em marketing numa empresa de serviços no Reino Unido.
Licenciada em Gestão e mestre em Gestão da Qualidade e Marketing Agroalimentar, Daniela de Almeida fez uma dissertação sobre o "Comportamento do Consumidor Português de Vinhos", que a ajudou nas atuais funções.
Quando entrou na Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito foi com a responsabilidade de avançar com um departamento recém-criado, que incluía o marketing, a comunicação e o enoturismo.
Dois anos depois, o enoturismo já ocupava uma grande parte das funções, o que levou à necessidade de separar as áreas. Desde essa data ficou com a supervisão do marketing e da comunicação.
Porquê a opção profissional pelo marketing?
O comportamento do consumidor sempre me fascinou, mas foi durante os meus estudos no estrangeiro que se consolidou esta certeza. Seguiu-se então um mestrado direcionado para o marketing com o objetivo de seguir esta profissão. Neste alinhamento vieram a comunicação e o enoturismo, que criaram o boost necessário à minha carreira atual.
Que mudanças verificadas no marketing nos últimos tempos merecem destaque?
A internet levou à digitalização das empresas e consolidou as atuais tendências no marketing e comunicação omnicanal. Os consumidores tornaram-se mais exigentes, cuidadosos com a saúde, a higiene e o ambiente, atentos às ações das marcas e mais informados.
O contexto covid-19 readaptou o comportamento social e a jornada de compra e venda sofreu uma evolução radical. As empresas tiveram de evoluir e reestruturar-se. Surgiram mais consumidores digitais, os influencers ganharam maior visibilidade, as redes sociais ficaram ainda mais populares. O aumento do número de campanhas digitais foi notório, em suma, o país começou a perceber o valor da tecnologia.
O digital deixou de ser um parente distante do marketing, deixou de ser negligenciado e passou a ser o melhor amigo das empresas. O big data integrou finalmente o marketing.
Quais os principais desafios que o marketing enfrenta?
A eficiência no e-commerce proporcionando uma melhor experiência de mercado para criar a "disponibilidade digital"; campanhas digitais que passam a ser um investimento consciente e com um cuidado redobrado; consumidores domésticos mais envolvidos pelas marcas; estratégias de marketing têm de ser reavaliadas e ajustadas ao momento; equilíbrio e bem-estar tornam-se uma preocupação das marcas que apelam à emoção e promovem boas experiências aos consumidores e, por último, a economia, o poder de compra do consumidor mudou e muitas empresas cortaram recursos. É necessário comunicar bem e nos canais certos.
Quais as tendências que irão marcar o futuro?
A inteligência artificial já está em franca expansão e desenvolvimento. Passaremos a ter um marketing mais personalizado e, claro, o regresso à "vida normal".
Quais as características de um bom marketeer?
Ser uma pessoa de pessoas, comunicativo e com aptidão para aprender e evoluir. Ser curioso, ter um bom jogo de cintura, criativo, uma boa capacidade analítica, e compreender o seu consumidor.
Qual a campanha que mais prazer lhe deu fazer?
São todas diferentes e representam alturas distintas, não tenho uma campanha em específico. Todas representaram um bom desafio.
Qual a campanha de que mais gostou – não sua –, nacional ou internacional?
"Tou xim? É p’ra mim?", a campanha da Telecel nos anos 90. Diz tudo, sem necessitar de explicações.
Qual o conselho para quem começa a trabalhar nesta área?
Não ter medo, estar atento e prosseguir com um estudo contínuo, não só da área, mas também do setor de atuação.
Um livro?
“A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos” de Karl R. Popper, porque foi o livro que me marcou aos 16 anos dado ao seu cariz histórico e filosófico.
Um podcast?
Depende do estado de espírito no momento.
Um destino de férias?
É-me indiferente. Em boa companhia vou a qualquer parte do Globo.
Hobbies?
Ler, viajar, ouvir música, desportos radicais e sempre que possível gosto de sair da minha zona de conforto.
Um gadget indispensável?
Definitivamente, e infelizmente, o telemóvel. Já agora, também uma boa Chaleira.
Uma música para trabalhar?
Uma música para relaxar?
Uma frase que o orienta?
O “não” é garantido, portanto nunca desistir.
Alguém que o inspira?
Quem me ensinou que o valor das pessoas não está nas coisas ou a sua posição social, mas sim nas suas ações e atitudes. E a exigência por rigor e persistência. Falo dos meus pais.
O que ainda lhe falta fazer?
Obter mais conhecimento. Viajar muito, conhecer outras culturas e pessoas. Tirar o brevê e a carta de pesados de mercadorias.