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“Hoje são os consumidores que dizem às marcas para e por onde querem ir, e não o contrário”

Uma marca deve representar um ser humano, ser capaz de criar relacionamentos e estabelecer conexões afetivas.

03 de Fevereiro de 2021 às 10:00
Miguel Salema Garção, diretor de Comunicação e Sustentabilidade dos CTT.
Miguel Salema Garção, diretor de Comunicação e Sustentabilidade dos CTT.
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Licenciado em Comunicação Empresarial, concluiu o Programa de Direção de Empresas na Escola de Negócios AESE/IESE em associação com a Universidade de Navarra e conta ainda com uma pós-graduação em Gestão e Administração de Empresas Desportivas pela UNI/Escuela Johan Cruyff e um Executive MBA no INDEG.

Miguel Salema Garção iniciou a sua carreira profissional no setor segurador tendo exercido várias funções na Companhia Portuguesa de Seguros A Social. Trabalhou na AON Gil y Carvajal Corretores de Seguros em Portugal e Espanha.

Exerceu várias funções no Sporting Clube de Portugal como membro do conselho de administração da Sporting Multimédia, S.A. e na Sporting SAD, Sociedade Desportiva de Futebol. Atualmente é diretor de Comunicação e Sustentabilidade dos CTT.

 

Porquê a opção profissional pelo marketing?

Mais do que um marketeer considero-me um gestor de comunicação. Nada na vida se faz sem pessoas e sem comunicação. Ela está presente em todos os momentos, sendo uma das principais áreas de gestão das organizações empresariais. Comunicar é fazer acontecer. Acontecer é criar. Criar é empreender. Empreender é arriscar e inovar. E neste processo, sem comunicação não é possível o sucesso.

 

Que mudanças verificadas no marketing nos últimos anos merecem destaque?

O aumento da exigência dos consumidores, que cada vez mais ditam as tendências – por exemplo, no que toca a questões de sustentabilidade e ambiente –, é uma das mudanças que se têm vindo a verificar. Hoje são já os consumidores que dizem às marcas para e por onde querem ir, e não o contrário.


Se antes as marcas se comportavam como empresas detentoras de soluções, produtos e serviços, que eram muitas vezes impessoais e distantes, hoje isso deve mudar. Uma marca deve representar um ser humano, ser capaz de criar relacionamentos e estabelecer conexões afetivas. A humanização das marcas é outra das mudanças que assinalo e que considero de extrema importância.

 

Quais os principais desafios que o marketing enfrenta?

Um dos grandes desafios, relacionado com uma das mudanças que referi acima, prende-se com o facto de as marcas se direcionarem cada vez mais para um lado mais humano e de preocupação com o ambiente, não só por ser uma preocupação mundial, mas porque a própria sociedade e o consumidor estão atualmente cada vez mais preocupados com a sua preservação, fator que tem vindo a moldar novos perfis de consumo.

Todos nós, enquanto indivíduos, mas também as marcas e as empresas, enfrentamos riscos e desafios colocados pelas alterações climáticas e perda da biodiversidade, levando-nos a reforçar a necessidade de repensarmos a forma como as empresas podem ser catalisadores das mudanças que se impõem. Não é por acaso que o top 5 de riscos globais identificados pelo World Economic Forum (WEF) é composto, no ano de 2020, maioritariamente por riscos ambientais e sociais, em detrimento dos habituais riscos económicos, tecnológicos e geopolíticos.

 

Quais as tendências que irão marcar o futuro?

Entre várias tendências, destaco a inteligência artificial. Embora esta já esteja presente, vai ser cada vez mais positiva para o desenvolvimento dos negócios e vai contribuir para a personalização de conteúdos, como uma das suas principais valências.


Os conteúdos visuais e criativos são claramente uma tendência de futuro sendo a sua expressão potenciada através de diversos formatos como, por exemplo, o vídeo. Os influenciadores digitais são cada vez mais utilizados, tendo um papel significativo e de relevo nas estratégias de marcas sendo impulsionadores da comunicação com o objetivo de conquistar territórios e posicionamento para as marcas, produtos e serviços.

 

Quais as características de um bom marketeer?

Um bom comunicador/marketeer deve ter a capacidade de construir relações sólidas, deve possuir uma boa capacidade analítica, espírito de equipa, ser muito curioso e atento, ter capacidade de iniciativa, intuição e arrojo, e estar sempre informado por forma a poder antecipar o futuro. Saber ouvir é também essencial.

 

Qual a campanha que mais prazer lhe deu fazer?

A campanha da "Maior Rede de Obrigados de Portugal", um projeto de agradecimento aos portugueses por atribuírem aos CTT a Marca de Confiança, e a campanha de social media dos CTT durante o confinamento, "Carta ao carteiro de Nuno Markl".

 

Qual a campanha de que mais gostou – não sua –, nacional ou internacional?

Entre muitas que se realizaram recentemente, a campanha da NIKE "You can´t stop us" pelo momento atual que atravessamos e pelo poder da mensagem e a sua envolvência face ao período pandémico e de confinamento que vivemos nos dias de hoje, pela importância das modalidades desportivas nas nossas vidas e pela riqueza da mensagem e do copy. As imagens simples, mas plenas de significado, são poderosas e envolventes.

As campanhas do Turismo de Portugal, em particular a Onda da Nazaré, também merecem destaque pela projeção, divulgação e posicionamento de Portugal como país vocacionado para o turismo.

 

Qual o conselho para quem começa a trabalhar nesta área?

Saber ouvir. Ter capacidade de sair sempre da zona de conforto e arriscar. Espírito de iniciativa e não ter receio de falhar. Acreditar na intuição e inspiração. Só falha quem faz.

"Embora a inteligência artificial já esteja presente, vai ser cada vez mais positiva para o desenvolvimento dos negócios e vai contribuir para a personalização de conteúdos, como uma das suas principais valências." Miguel Salema Garção, diretor de Comunicação e Sustentabilidade dos CTT


Um livro?

Um livro?

“O Presidente, O Papa e a Primeira-Ministra”, de John O’Sullivan.

Um podcast?

Um podcast?

Conversas à Quinta.

Um destino de férias?

Um destino de férias?

Praia.

Hobbies?

Hobbies?

Bicicleta e viajar.

Um gadget indispensável?

Um gadget indispensável?

O telemóvel e o iPad são imprescindíveis.

Uma música para trabalhar?

Uma música para trabalhar?

U2.

Uma música para relaxar?

Uma música para relaxar?

Rui Massena, ao piano.

Uma frase que o orienta?

Uma frase que o orienta?

"O talento pode vencer jogos, mas só o trabalho em equipa traz a vitória nos campeonatos."

Alguém que o inspira?

Alguém que o inspira?

Os meus filhos.

O que ainda lhe falta fazer?

O que ainda lhe falta fazer?

N.R.


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