O setor do imobiliário em Portugal está, atualmente, a viver um momento positivo, embora nem tudo esteja a decorrer de forma fluida. Luís Lima, presidente da APEMIP, conta que o mercado imobiliário, "per se, está numa fase positiva, ainda que comece a sentir um ligeiro abrandamento, fruto da falta de oferta que tem influenciado a subida de preços no mercado de compra e venda e de arrendamento urbano".
O responsável da APEMIP explica que apesar de continuar a haver casas vazias, muitas não estão no mercado ou não têm condições de ser habitadas – fazendo com que a reabilitação continue a ser importante – e não são consideradas stock disponível. "O pouco que há está muitas vezes a ser vendido a preços mais elevados do que seriam desejáveis e suportáveis pelos jovens e pela classe média em Portugal." Esta situação leva também ao abrandamento do mercado, dado que mesmo quem tem maior capacidade financeira e procura investir em imobiliário em Portugal retrai-se "devido aos elevados preços praticados".
Questionado se as imobiliárias fazem muito negócio nas áreas que foram alvo de reabilitação urbana, responde afirmativamente. "Desta forma, as partes envolvidas no negócio sentem-se mais protegidas, até porque os mediadores imobiliários desempenham um trabalho de promoção entre a oferta e a procura, garantindo a transparência de todos os passos envolvidos no processo de transação."
Produto atrativo
Já ao presidente da direção da AICCOPN é pedida uma análise SWOT ao mercado imobiliário em Portugal. Manuel Reis Campos faz a análise, porém, avisa que este é um mercado complexo, diverso, com especificidades e que não se pode olhar indistintamente. Por exemplo: as questões relacionadas com investimento estrangeiro são diferentes das associadas à resposta habitacional aos mais vulneráveis.
Feita a ressalva, avança. Enquanto Força, o mercado imobiliário português detém, no presente, um posicionamento "competitivo à escala internacional, que constitui um importante ativo estratégico". "Hoje, os investidores olham para o nosso país enquanto destino de investimento e o nosso produto imobiliário é atrativo. A Fraqueza, para Manuel Reis Campos, é a "instabilidade, tanto no plano da fiscalidade como em matéria de planeamento e execução dos investimentos estruturantes".
Como Oportunidade, destaca a conjuntura que tem sido "favorável para o investimento em imobiliário, com fatores como o bom momento que o país atravessa ao nível do turismo ou as baixas taxas de juro, e que não pode ser desperdiçada para consolidar uma evolução positiva". Em relação à Ameaça, a mais evidente é o risco de "abrandamento do crescimento económico mundial e, em especial, se esse risco se materializar numa nova pressão sobre as contas públicas portuguesas, com o Estado a continuar a olhar só para o imobiliário como uma fonte inesgotável de impostos".