O grande desafio da economia portuguesa, hoje, passa por internacionalizar e modernizar as suas empresas. Dotando o tecido empresarial nacional com mão-de-obra qualificada e uma visão inovadora, como têm os profissionais com MBA, este torna-se mais competitivo, ombreando com empresas estrangeiras no mercado mundial. Para estar em pé de igualdade com as empresas além-fronteiras, as pequenas e médias empresas (PME), que representam 99,9 por cento do tecido empresarial nacional, mas também as maiores devem apostar na tecnologia.
Conscientes do caminho que tem de ser trilhado, as empresas associadas à Associação Empresarial de Portugal – Câmara de Comércio e Indústria (AEP) e à Associação Industrial Portuguesa – Câmara de Comércio e Indústria (AIP) desenvolvem juntamente com os seus associados vários projectos para estarem na linha da frente no que diz respeito ao empreendedorismo e à internacionalização. Mas vamos por partes.
"A reconhecida ‘nova vaga tecnológica’, associada à aceleração na adopção de tecnologias e conceitos, como a nanotecnologia, a impressão 3D ou a Internet das Coisas, só para citar alguns exemplos, continuará a gerar enormes impactos mas potenciará, também, uma clara oportunidade nos mais variados sectores da sociedade, onde o tecido empresarial não é excepção. Aliás, as empresas são elas próprias agentes geradores e potenciadores destes novos ‘fenómenos tecnológicos’", explica o presidente da AEP, Paulo Nunes de Almeida.
É importante o tecido empresarial aproveitar as novas oportunidades, "cooperando com o sistema científico e tecnológico, inovando e acrescentando valor aos produtos e serviços, com novas valências e maiores exigências em termos de utilidade, conforto e design", acrescenta, ao Negócios em Rede, Paulo Nunes de Almeida. Como se vive hoje numa economia globalizada, a internacionalização constitui um desafio ao qual "a AEP tem dado uma resposta muito forte de apoio aos seus associados".
José Eduardo Carvalho, presidente da AIP, diz que o grande desafio da economia portuguesa passa pela "inovação e qualificação, para garantir que as PME e as grandes empresas são mais competitivas internacionalmente".
Tendências
As estratégias de negócio do universo de associados da AEP são adaptadas à realidade de cada empresa, mas têm aspectos comuns, como a "internacionalização ou a inovação", refere Paulo Nunes de Almeida referindo-se "não só à introdução de um novo produto, serviço ou processo, como também de um novo conceito ou estratégia de marketing ou método organizacional no modelo de negócio". No mesmo âmbito, o responsável máximo da AEP destaca a necessidade do "desenvolvimento de competências dos trabalhadores", em linha com as exigências do contexto empresarial actual e que se perspectiva.
No que diz respeito às cerca de 55.000 empresas associadas da AIP, estas têm grande abrangência sectorial, embora parte considerável da sua actividade incida na "economia transaccionável, pelo que o seu grau de competitividade tem sido crescente, por força do mercado e da abertura aos mercados externos", conta José Eduardo Carvalho. Em concreto, a actividade das supracitadas empresas está dividida da seguinte forma: 60% são serviços e comércio; 32% são do sector industrial e transportes; e 8% na construção.
Inovar e modernizar
As empresas associadas da AEP estão envolvidas em vários projectos de inovação e modernização de diversos sectores de actividade. O presidente da AEP dá como exemplo o caso da indústria transformadora, que representa 41% do universo dos associados, e que tem diversas empresas da AEP envolvidas na iniciativa nacional Indústria 4.0. "Posso afirmar que essa participação é significativa ao nível das várias fileiras abrangidas, com projectos, soluções e tecnologias inovadoras muito interessantes, desenvolvidas em colaboração com o sistema científico e tecnológico, o que significa que estas empresas portuguesas estão na vanguarda do novo paradigma industrial, o que me deixa muito satisfeito", sublinha.
Paulo Nunes de Almeida destaca ainda o esforço que várias fileiras, ditas tradicionais, estão a fazer, mudando o seu paradigma de desenvolvimento, competindo à escala mundial e ganhando quota de mercado em mercados desenvolvidos e com consumidores exigentes.
Quanto a José Eduardo Carvalho realça alguns dos projectos que a AIP tem com as PME. Na área da qualificação, os projectos Vida Ativa – um entre vários – visam a formação de desempregados para adquirirem competências técnicas e comportamentais promotoras da melhoria das suas condições de empregabilidade. Na cooperação e internacionalização, os Business Beyond Borders I e II apoiam a internacionalização com missões empresariais, externas e inversas, "workshops" e consultoria especializada. Existem outras acções.
No empreendedorismo e inovação, destaque para o Magical Industry Tour, promoção da criatividade, prototipagem e "crowdfunding". Na economia e financiamento, nota para a apresentação da conjuntura económica mensal e trimestral aos empresários dos associados e a realização de estudos.
Para ajudar a internacionalizar e modernizar as nacionais, os profissionais com MBA dão "visão estratégica" ao negócio e "dinâmica competitiva" nos mercados, explica o presidente da AEP.
Já José Eduardo Carvalho afirma que os profissionais habilitados com um MBA, que tenha sido, no entanto, tirado numa "universidade de referência internacional", estão preparados para "garantir uma mais elevada qualificação e competitividade às empresas, ao nível da gestão financeira, recursos humanos, estratégia e marketing".