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Subida dos juros e inflação criam desafios para o setor

A inflação em Portugal continua a aumentar, e em agosto atingiu os 8,9%. O valor mais alto em 30 anos. A subida da Euribor e o aumento das prestações no crédito a habitação também vão mexer nos orçamentos pessoais e familiares.

28 de Setembro de 2022 às 14:25
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Os números mais recentes do Banco de Portugal mostram um endividamento crescente do setor não financeiro, num contexto de subida dos juros, dos custos da energia, e de inflação. As empresas do setor de recuperação de crédito não estão imunes às atuais circunstâncias e ao seu impacto. A diminuição do rendimento disponível terá como consequência uma menor capacidade para o cumprimento dos compromissos financeiros e não financeiros.

O fenómeno da inflação, algo que as gerações mais novas nunca vivenciaram, está a gerar custos acrescidos para os agregados familiares que, em alguns casos, sendo Portugal um país de salários baixos, serão muito difíceis de acomodar, ao mesmo tempo que as famílias sentem também o aumento das taxas de juro. Para Raquel Alcoforado, responsável de Desenvolvimento de Negócio da Zolva em Portugal, "as circunstâncias atuais acrescentam dificuldades ao processo de recuperação de valores". "Antecipamos, aliás, um aumento nos custos do processo de cobrança. Estes períodos de incerteza não são bons para nenhum setor da nossa sociedade, e a indústria de recuperação não é, ao contrário do que muitos julgam, beneficiada com a situação que vivemos, nem terá benefício algum com o agravar das dificuldades de muitas famílias".

Devedores estão mais protegidos

A esta situação acresce que, como mostram os mais recentes inquéritos do Banco Central Europeu sobre esta matéria, Portugal continua na cauda da Europa em indicadores de literacia financeira. Esta é uma situação que levanta desafios particulares à atividade de recuperação de crédito.

Para Raquel Alcoforado, "a atividade de recuperação de crédito, tem um papel importantíssimo nesta questão". No entanto, a responsável não deixa de notar que "os devedores estão cada vez mais protegidos". "Desde a regulação da proteção de dados às estruturas de compliance, verificamos uma melhoria enorme nos últimos 10 anos. Os contactos são gravados e auditados, não só como forma de controlo, mas como instrumento de segurança para os envolvidos, e ainda como instrumento essencial na melhoria dos nossos procedimentos." Na sua perspetiva, a situação tem melhorado também no que diz respeito ao nível de conhecimento dos devedores: "Notamos um aumento no nível do conhecimento dos devedores e essa melhoria contribuirá para um processo de regularização menos complexo e mais eficiente."

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