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Como evitar o endividamento

Uma boa gestão do orçamento familiar pode bastar. Mas se ficar endividado, como gerir a situação?

28 de Setembro de 2022 às 14:19
João Calado, coordenador do Gabinete de Orientação ao Endividamento dos Consumidores
João Calado, coordenador do Gabinete de Orientação ao Endividamento dos Consumidores
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O endividamento pode ser evitado, muitas vezes, com uma boa gestão do orçamento familiar. Se possível, é sempre recomendável não antecipar os consumos, ou seja, evitar fazer compras a crédito. Em vez disso, é melhor começar a poupar para poder comprar a pronto, ou pelo menos com um endividamento menor. João Calado, coordenador do Gabinete de Orientação ao Endividamento dos Consumidores (GOEC), chama a atenção para a "extrema importância de evitar a utilização do crédito para as despesas correntes, pois isso criará uma habituação a níveis de consumo excessivos e insustentáveis, através da extensão artificial do rendimento das pessoas". Na perspetiva deste professor do ISEG, o crédito usado de forma abusiva dá a ilusão de que se pode gastar mais do que na verdade se pode. Igualmente desaconselhável é o pagamento de créditos com outros créditos, uma má prática que agrava a situação financeira das famílias e conduz muitas vezes à insolvência.

Identificar situações de endividamento excessivo

Como identificar uma situação de endividamento excessivo? Para João Calado estamos numa situação de "endividamento excessivo quando as prestações do serviço da dívida são de tal forma elevadas para o rendimento dessa família que a mesma tem extrema dificuldade em cumprir o plano de pagamentos acordado e para o fazer tem de abdicar de consumos básicos". Segundo o coordenador do GOEC, "outro indício tem a ver com a utilização do cartão de crédito para suportar despesas correntes, pois o dinheiro, depois de pagar as prestações de crédito, não chega ao fim do mês". Em suma, falamos de endividamento excessivo quando o valor da prestação dos créditos tem um peso tal no orçamento que dificulta o dia a dia e a própria gestão do orçamento familiar.

O endividamento excessivo torna-se evidente quando, por exemplo, se utiliza créditos para pagar prestações de créditos. Já se trata de um caminho que pode levar à insolvência. A nível de soluções, é crucial parar imediatamente de contrair novos créditos e pedir a ajuda de instituições, por exemplo instituições da RACE, para tentar renegociar os créditos e eventualmente racionalizar um pouco as despesas. Para João Calado: "Como boa prática, normalmente, a título preventivo, o que se recomenda é que as prestações de serviço da dívida não ultrapassem os 40% do rendimento. É um indicador de referência, não é indiscutível, mas deve ser tido em atenção. Mas cada caso é um caso, como é claro."

"Estamos numa situação de endividamento excessivo quando as prestações do serviço da dívida são de tal forma elevadas para o rendimento dessa família que a mesma tem extrema dificuldade em cumprir o plano de pagamentos acordado e para o fazer tem de abdicar de consumos básicos"  João Calado, coordenador do Gabinete de Orientação ao Endividamento dos Consumidores
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