O agroalimentar em Portugal tem evoluído. Mas para continuar a melhorar e responder adequadamente aos desafios inerentes a um dos setores que mais contribuem para as exportações nacionais são necessários pós-graduados ou profissionais com cursos de formação executiva. Isso mesmo explica Deolinda Silva, diretora executiva da PortugalFoods, associação formada por empresas, entidades do sistema científico e tecnológico nacional e entidades regionais e nacionais que representam os vários subsetores que compõem o setor agroalimentar português.
Considera importante as empresas e entidades do setor agroalimentar português terem nos seus quadros profissionais com pós-graduações na área de gestão ou um curso de formação executiva?
O setor agroalimentar é um setor tradicional da nossa economia e, como tal, é constituído por muitas empresas de cariz familiar, em que imperam as micros, pequenas e médias empresas. Apesar de as empresas terem evoluído no sentido de apresentarem quadros cada vez mais bem preparados nas várias áreas que contribuem para o sucesso económico e financeiro das empresas, é ainda muito necessária a introdução em muitas empresas de quadros com competências na área de gestão de empresas.
As pós-graduações ou cursos de formação executiva permitem aos quadros das empresas especializarem-se em diversas áreas da gestão, trazendo para o tecido empresarial ferramentas importantes para abordar temas que estão cada vez mais na órbita das empresas agroalimentares nacionais, tais como a digitalização, a economia circular e a sustentabilidade.
Um profissional que possua um MBA, uma pós-graduação ou curso na área de gestão enriquece, portanto, o setor?
Sem dúvida. Quer seja como formação de base, quer seja através de formação avançada, os quadros com valências nestas áreas são um fator essencial para aumentar a competitividade das empresas.
Muitas vezes, esta formação é realizada num contexto em que o profissional já apresenta alguns anos de experiência no mercado de trabalho, que procura aumentar o seu conhecimento numa determinada área, permitindo a atualização das melhores práticas em termos de gestão a nível mundial. Isto trará para as empresas uma maior capacidade de resposta aos desafios inerentes a um dos setores que mais contribuem para as exportações nacionais.
Na sua opinião, as empresas e entidades do setor agroalimentar nacional devem ponderar fazer parcerias e apostar em formação customizada com universidades e escolas de gestão? Ou financiar uma formação de executivos aos seus colaboradores e profissionais?
Não tenhamos dúvidas de que as empresas a apostar na formação dos seus colaboradores são aquelas que, a médio e longo prazo, se manterão competitivas num mercado cada vez mais global.
É então relevante haver cooperação entre os institutos de ensino superior e as organizações?
A PortugalFoods, enquanto entidade agregadora que aposta no aumento da competitividade das empresas do setor, através da inovação e da promoção externa, considera que a aposta na cooperação universidades-empresa, a identificação das necessidades das empresas em termos de formação dos seus recursos humanos e a estruturação de formação, que permita suprir essas carências, é fundamental. A formação customizada pode ser uma via muito eficaz, uma vez que permite uma imersão intensiva num setor, acelerando conhecimento e visão das dinâmicas do setor alimentar internacional, preparando as empresas para a permanente necessidade de mudar, ao sabor das tendências de mercado e preferências de consumidor.