As universidades portuguesas têm-se destacado nos "rankings" internacionais que avaliam a qualidade dos programas de ensino e a capacidade de impulsionar carreiras. Na mais recente edição do "ranking" do Financial Times para a formação de executivos, por exemplo, surgem quatro instituições portuguesas. Noutras distinções do popular Financial Times e de outras organizações, o país também tem ganho destaque e visto reconhecido o esforço para criar produtos de referência, com distinções que acabam por ter um peso relevante na atractividade da sua oferta, dentro e fora de portas. "Existem ‘rankings’ para todos os gostos, alguns deles com metodologias questionáveis. Contudo, é inegável que os mesmos são instrumentos tidos em consideração quando se está no processo de escolha de uma instituição, e isto não é verdade apenas para os alunos, é-o também para docentes e staff", sublinha Paulo Bento, presidente do INDEG-ISCTE Executive Education, um dos eleitos pelo FT, na última edição do "ranking" das melhores escolas para a formação de executivos.
A acreditação de cursos e programas é outro passo que tem sido dado pelas escolas portuguesas, com o mesmo objectivo e a pensar no mesmo tipo de resultados. No caso dos MBA, oferta de referência para muitas escolas, há já cerca de meia dúzia de programas a garantir acreditação da AMBA (Associação de MBA), a principal autoridade internacional neste tipo de reconhecimento.
O selo valida a qualidade dos programas, dá garantias de reconhecimento internacional, de que são seguidos um conjunto de padrões e de permanente actualização dos currículos, porque a revalidação de condições para manter a acreditação é frequente e os próprios critérios de avaliação são dinâmicos. Católica Porto Business School, ISEG e INDEG-ISCTE estão entre as escolas portuguesas com este reconhecimento garantido.
Quem procura a formação disponível para executivos tem diferentes motivações e objectivos que também diferem. Em função do momento da carreira, por exemplo. O "MBA é um produto estruturante, que forma em áreas onde a pessoa tradicionalmente não teve formação", sublinha José Veríssimo, professor associado e responsável de Marketing e Relações Externas do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa.
Quem faz um MBA?
"O cliente típico do MBA não fez formação em Gestão", vem de Engenharia ou de outras áreas, exemplifica, e muitas vezes opta por este tipo de programa porque chega a cargos de gestão e reconhece a necessidade de ferramentas nesse domínio. Entre os participantes mais frequentes, José Veríssimo também identifica pessoas com negócios próprios, que pretendem adquirir, por esta via, a capacidade de perceber todas as dimensões do negócio.
A média de idades dos alunos de MBA do ISEG ronda os 35 e os 37 anos, um dado que o responsável considera ilustrativo do momento da carreira em que normalmente surge este tipo de necessidade. Por comparação, nas pós-graduações, a média de idades dos estudantes da mesma escola ronda os 25 anos.
Paulo Bento, presidente do INDEG-ISCTE Executive Education, também reconhece diferenças significativas entre quem procura os vários produtos disponibilizados pela instituição. No caso do MBA Executivo, a média de idades dos participantes na instituição situa-se nos 39 anos, associados a uma experiência profissional de cerca de 15 anos. Os dados de perfil destes participantes, recolhidos pelo ISCTE, mostram ainda que, por sectores, é o financeiro o mais representativo, seguido de áreas como as TIC, indústria e energia. A formação de base dos participantes passa sobretudo pela engenharia e tecnologia (39%), gestão e economia. A maioria ocupa cargos de gestão: managers, responsáveis de área ou projecto e directores, nesta ordem. Outro dado curioso é o facto de dois terços dos participantes chegarem ao curso recomendados por quem já por lá passou.
Procura de pós-graduações e Executive Masters tem vários objectivos
"No caso dos Executive Masters e pós-graduações, a idade e a experiência profissional são inferiores ao EMBA (Executive MBA) e o objectivo principal é o aprofundamento ou alargamento de conhecimentos e competências. Amiúde, os participantes também referem como razão para a frequência a necessidade de mudança no percurso profissional, ou exploração de novas áreas", acrescenta Paulo Bento.
Ana Côrte-Real, "associate dean" da Católica Porto Business School, foca também a "actualização de conhecimentos técnicos, a aquisição de novos conhecimentos em áreas em constante evolução ou o desenvolvimento de competências de liderança" como principais motivações para a procura de formação profissional por executivos. "Temos, também, casos de alunos que procuram uma reconversão de carreira e que necessitam, por isso, de formação na área em que pretendem investir", acrescenta.
O traço comum a todos estes candidatos, sublinha a mesma responsável, é o facto de serem "motivados pela consciência de que a formação ao longo da vida se assume como um factor crucial para carreiras de sucesso, num mercado em constante evolução, repleto de incertezas e globalizado".