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Apesar do sucesso na reciclagem de embalagens, ainda há muito trabalho a fazer

Criar e cumprir um plano estratégico é essencial para que Portugal possa atingir as metas patentes no Pacto Ecológico Europeu. Para Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, o país precisa de carregar no acelerador.

16 de Novembro de 2023 às 11:32
Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde
Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde
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Colaboração, tecnologia, inovação, literacia e transparência. E um grande trabalho conjunto. Só através desses grandes eixos se pode alcançar, em Portugal, um sistema de recolha e triagem de resíduos eficiente. E só assim se podem alcançar as metas definidas pela União Europeia no Pacto Ecológico Europeu. Quem o defende é Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, e responsável pela Sessão de Encerramento esta primeira edição da European Packaging Meeting.


"A gestão de resíduos tem de ser vista de uma perspetiva integrada e colaborativa. A União Europeia está perto de aprovar um novo regulamento sobre embalagens, e resíduos de embalagens, um processo que visa reforçar a circularidade desde o design à eficiência dos processos de reciclagem. É mais um passo no caminho inovador que a Europa traçou para atingir metas ambientais muito ambiciosas. Mas não basta a legislação. Precisamos de sistemas de recolha e de triagem eficazes. Se olharmos para Portugal de uma perspetiva do sistema de recolha e triagem precisamos de ser claros: há muitas deficiências para corrigir. O que passa por apostar mais na colaboração, na tecnologia, na inovação, na literacia e na transparência", defendeu Ana Trigo Morais.


Depois de lembrar que foi a Sociedade Ponto Verde a criar, em 1996, um sistema de gestão de resíduos de embalagens que, ainda hoje, permanece em funcionamento e com grande adesão por parte da população e eficiência, com 70% dos lares portugueses a colocar as suas embalagens nos mais de 70 mil ecopontos distribuídos pelo país, Ana Atrigo Morais salientou: "A evolução tem sido notável neste setor, apesar de os últimos dados indicarem alguma estagnação, o que nos preocupa e torna urgente acelerar o ritmo para conseguirmos inverter esta tendência".


Mas, apesar do sucesso alcançado no setor das embalagens, nos restantes eixos ainda muito trabalho está por fazer, estando Portugal longe de alcançar as metas propostas pela União Europeia. "Sabemos que globalmente não estamos bem. Portugal está longe de cumprir as metas de reciclagem para os resíduos urbanos e até nas embalagens continua a aterrar 31 milhões de euros de recicláveis por ano. Até quando vão aguentar os nossos aterros?", questionou a responsável pela Sociedade Ponto Verde. "Globalmente, Portugal ainda envia 54% de todos os resíduos urbanos que produz para aterro. Se pensarmos que o país tem como meta reduzir este valor para 10% em 2035, temos aqui a escala da nossa tarefa", disse, colocando a questão: "O que falta fazer?".


Para a gestora, a resposta passa pela necessidade de carregar no acelerador por forma a cumprir com os objetivos e metas. Salientando que o país tem vindo a mostrar conseguir fazer planos, legislação e documentos bem feitos e bem intencionados, Ana Trigo Morais avisou que isso, por si só, não chega para mudar a realidade do setor. "Desde que estou no setor dos resíduos não vi um plano estratégico a ser cumprido. Temos agora mais um que se afirma como decisivo, o Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos de 2023, para o qual o maior desafio vai ser o mesmo de sempre: a sua execução e operacionalização. Contamos também com instrumentos financeiros relevantes e por isso temos cada vez menos desculpas para nada fazermos", disse.


Os dados, no entanto, não estão de feição. A CEO da Sociedade Ponto Verde foi clara: "Os indicadores europeus continuam a colocar Portugal numa posição difícil. Um relatório recente da Comissão Europeia relativo à gestão de resíduos, já tantas vezes mencionado, deve-nos chamar para agir. Tendo em conta o desafio que temos pela frente, quer os poderes públicos, quer as entidades privadas, terão de encontrar formas de tornar o sistema mais eficaz, moderno e eficiente. Eu sei que a expressão quase caiu em desuso mas, na gestão de resíduos precisamos, mesmo, de aumentar as parcerias entre o setor público e o setor privado".


São essas parcerias, assegura Ana Trigo Morais, que vão tornar possível desenvolver "sistemas digitais que melhorem o serviço prestado ao cidadão, criar uma estrutura mais eficaz de recolha de resíduos, por exemplo, porta a porta, intensificando os princípios do eco-design e do design para reciclagem das embalagens, alargar a rede de recolha e de ecopontos, tornando-os mais próximos dos consumidores, desenvolver uma gestão colaborativa entre os municípios e os operadores de gestão de resíduos privados e finalmente uma política pública nacional mais comprometida e mais ativa nos cumprimento das regras ambientais".


Mas há um outro aspeto que foi sendo falado ao longo de toda a conferência. Não é possível atingir as metas sem a colaboração dos cidadãos. E estes só vão colaborar se confiarem no sistema. E para que essa confiança exista é necessário que haja transparência. "A transparência é crítica para a modernização do sistema. Este é um aspeto que tanto se aplica à forma como é calculada e cobrada ao consumidor a taxa de gestão de resíduos como aos valores de contrapartida que pagamos aos sistemas municipais ou ao cumprimento das regras ambientais em Portugal. Não podemos continuar reféns de freeriders e de quem não paga o sistema. Isso distorce a concorrência e cria disfunções que depois acabam por se refletir na forma como o sistema funciona e é financiado, introduzindo profundas injustiças entre operadores económicos, especialmente aqueles que não abdicam das suas responsabilidades ambientais e, pagando por si, acabam por pagar por todos"


Mais de 870% dos lares portugueses colocam as suas embalagens nos mais de 60 mil ecopontos distribuídos pelo país, destacou Ana Trigo Morais.

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