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Renováveis representam 60% da eletricidade em Portugal

Nos países do Sul da Europa, Portugal lidera no campo da incorporação de energias renováveis, e não abandona os lugares cimeiros quando a comparação é feita com os restantes países europeus.

21 de Março de 2022 às 11:50
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Em 2021, a produção de energia renovável ajudou a abastecer mais de 60% do consumo de eletricidade em Portugal. Na realidade, e segundo dados da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), Portugal é o país do Sul da Europa com maior incorporação renovável na produção de eletricidade, com uma percentagem bastante superior (63% em 2021) comparativamente a países como Espanha (49% em 2021) ou Itália (41% em 2021), que também apresentam uma incorporação renovável significativa.

 

Em comparação com os restantes países europeus, Portugal situou-se em quinto lugar, ultrapassado apenas pela Noruega, que tem uma incorporação renovável de praticamente 100% (2021) e assume assim a primeira posição, mas também por países como a Áustria (82% em 2021) ou a Dinamarca (73% em 2021).

 

Pedro Amaral Jorge, CEO da APREN, refere que "Portugal também se destaca pelo investimento que pretende fazer no âmbito do desenvolvimento do hidrogénio verde", tendo sido já publicada a Estratégia Nacional para o Hidrogénio, antes mesmo de a Comissão Europeia apresentar a sua estratégia. De acordo com a Aliança Europeia para o Hidrogénio Limpo, a Europa tem em vista 750 projetos de hidrogénio, dos quais mais de 130 são em Portugal, sendo que muitos deles irão entrar em operação até ao final de 2025.

 

Para que esta produção de hidrogénio seja efetivamente verde, Pedro Amaral Jorge fala na necessidade de "instalar ainda mais potência renovável que a potência prevista no PNEC 2030, devido ao princípio da adicionalidade imposto pela União Europeia".

 

Outro aspeto relevante passa pela posição atual que Portugal ocupa, comparativamente à restante Europa, em relação aos modelos de leilão adotados. O CEO da APREN recorda que cada vez mais Estados-membros estão a adotar critérios qualitativos para a alocação de mecanismos de apoio à energia renovável, "inclusive as novas regras de auxílios estatais da UE permitem que até 30% dos critérios sejam qualitativos como parte dos processos de seleção de leilões". Desta forma, é permitido que os concorrentes possam, além de um preço competitivo, "oferecer mais-valias em termos de sustentabilidade e criação de valor local, enriquecendo e desenvolvendo o setor, promovendo a geração de emprego e aumento da contribuição da economia azul e verde para o PIB".

 

Presente e futuro

O setor das energias renováveis atua como motor da descarbonização do mercado energético nacional "e também como fator multiplicador fundamental para o crescimento e desenvolvimento da economia portuguesa" pelo que terá "um peso ainda mais elevado no futuro, em ambas as frentes", diz.

 

Já Nuno Torres, da SOLVasto, não deixa de sublinhar que o mercado tem tido um bom crescimento, "porém, tem havido a entrada de muitos novos ‘players’ no mercado, sendo que alguns deles trabalham de uma forma comercialmente muito agressiva e sem grandes preocupações técnicas, o que tem trazido alguma confusão e muitas vezes faz com que o próprio cliente acabe até por não tomar a sua decisão". Ainda assim, a verdade é que os portugueses "estão atentos a esta realidade mais verde, até porque já de há alguns anos a esta parte, com o aumento dos custos da eletricidade, a energia produzida e autoconsumida por um sistema fotovoltaico é até 50% mais barata do que a comprada nas mesmas horas (da produção fotovoltaica) à rede".

 

Contas feitas

Segundo um estudo recentemente desenvolvido pela Deloitte, Impacto da Eletricidade de Origem Renovável, a eletricidade produzida a partir de fontes renováveis em PRE (Produção em Regime Especial) ajudou a poupar 6,1 mil milhões de euros na fatura do consumidor de eletricidade no período compreendido entre 2016 e 2020. Traduzindo para uma média de poupança anual, a eletricidade renovável em PRE (excluindo a grande hídrica) "gera poupanças anuais na fatura até 50 euros para um consumidor doméstico, e 4.500 euros para um consumidor não doméstico", refere o CEO da APREN.?

 

Estas poupanças resultam do facto de a PRE renovável ter um custo marginal muito próximo de zero, "contribuindo para a inserção de ofertas de eletricidade no MIBEL a um custo competitivo, o que reduz o preço da eletricidade em mercado diário nos intervalos horários de fecho de preço".

 

O mesmo estudo demonstra que as fontes de energia renovável (FER) pouparam aos consumidores de eletricidade "mais de 1,8 mil milhões de euros", evitando a compra de licenças de emissão de CO2 "e cerca de 4,1 mil milhões de euros de redução das importações de combustíveis fósseis no período de 2016-2020".

 

No que diz respeito à contribuição para o PIB, a análise revela que a contribuição das FER "atingiu uma média de 3,7 mil milhões de euros por ano no período 2016-2020, representando em média cerca de 2% do PIB".

 

Relativamente ao impacto ambiental do setor, a eletricidade de fonte renovável, ao substituir fontes mais poluentes, permitiu evitar a emissão de 19,9 milhões de toneladas equivalentes de CO2 em 2020. 

 

APREN analisa poupanças

 

A APREN realiza uma análise mensal das poupanças resultantes para o SEN e para os consumidores de eletricidade da produção através de FER, nomeadamente em termos de emissões evitadas e gastos em importações de combustíveis e eletricidade.

 

Assim, destacam-se em 2021, os 11,6 Mt de emissões de CO2 evitados, uma poupança em importações de combustíveis fósseis de 1.979?M€, uma poupança em importações de eletricidade de 599 M€, uma poupança em licenças de emissão de CO2 de 553 M€, reflexo do preço médio anual das licenças de 53,2?€/tCO2. 

 

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