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Muitos desafios pela frente

A União Europeia e Portugal querem atingir as metas estabelecidas pelo Pacto Ecológico Europeu. Mas o caminho é longo e repleto de problemas.

24 de Março de 2021 às 09:46
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Com o objetivo de combater as alterações climáticas, a Comissão Europeia tem adotado políticas ambiciosas e fixou metas para alcançar. O objetivo da Europa é tornar-se o primeiro continente com impacto neutro no clima até 2050. Para tornar a economia da UE sustentável, foi criado o Pacto Ecológico Europeu, que prevê um plano de ação para impulsionar a utilização eficiente dos recursos através da transição para uma economia limpa e circular, e restaurar a biodiversidade e reduzir a poluição.

 

Será que a Europa está a caminhar de forma correta para atingir as metas estabelecidas por este Green Deal? E Portugal, especificamente, está na direção certa? Nuno Giraldo Torres, diretor da SOLVasto, recorda que a meta é bastante ambiciosa. É que o objetivo é a Europa ser "o primeiro continente neutro em emissões de carbono até 2050, sendo que o plano não passa só pela transição energética para as renováveis, mas também pela melhoria das redes de transportes, apostando mais no ferroviário, e na alimentação sustentável, uma vez que ocupa também um importante papel nas emissões de CO2".

 

Mais relevante é que tudo isto será apoiado por um fundo de transição, com a intervenção do Banco de Investimento Europeu. "Isto é importante porque para se desenvolverem novas tecnologias elas terão de ser apoiadas. Aconteceu exatamente o mesmo com o solar", recorda e prossegue: "Esta tecnologia começou por ter um preço três a quatro vezes superior ao atual. Razão pela qual foi subsidiada a sua venda à rede durante alguns anos na maior parte dos países europeus, tornando os projetos viáveis e dando um sinal e a segurança aos investidores para apostarem nesta tecnologia."

 

Entretanto, ao longo dos anos o preço diminuiu e hoje a energia produzida por um sistema fotovoltaico já é bastante mais barata do que comprar o mesmo recurso à rede elétrica. Por isso, Nuno Giraldo Torres acredita que esta abordagem é a acertada e fará emergir novas tecnologias que até aqui não eram mais utilizadas por uma questão de viabilidade económica, como, por exemplo, o hidrogénio ou a adoção de baterias nas centrais solares fotovoltaicas.

 

Para o diretor da SOLVasto, "Portugal encontra-se no bom caminho, principalmente na vertente do solar", com a recente aposta na atribuição de novas licenças para a construção de centrais utility-scale, que irão substituir as centrais termoelétricas convencionais a breve trecho. "Quer através de leilões, que se têm mostrado favoráveis para os consumidores, tendo sido atingidos valores baixos pelo valor a pagar pela energia produzida; ou pelos chamados acordos de rede diretamente com os operadores. No caso da SOLVasto, está envolvida num destes processos para a construção de uma central de 200 MW, que incluirá baterias."

 

Nuno Giraldo Torres recorda ainda a legislação favorável no que diz respeito às centrais mais pequenas para autoconsumo que têm conhecido uma "enorme adesão nos últimos cinco anos, quer por parte de particulares, quer por parte de empresas, dado o enorme benefício económico obtido".

 

É preciso fazer muito mais

 

Por sua vez, Cláudia Coelho, Sustainable Business Solutions director da PwC, afirma que este é ainda "um longo e desafiante caminho" que tem de se percorrer. "Na edição de 2020 do relatório da PwC Net Zero Economy Index, concluímos que é preciso fazer muito mais, pois a intensidade global de carbono diminuiu 2,4% em 2019, mas precisaria de ter diminuído 12% para se atingir a meta de 1,5 °C definida no Acordo de Paris. Em Portugal, os resultados são um pouco melhores, com uma redução de 6,3%, mas mesmo assim inferiores ao necessário", alerta.

 

Para a responsável da PwC, a União Europeia e os governos estão conscientes desta necessidade, havendo um foco relevante no alinhamento com estes compromissos, de que são exemplo a relevância atribuída à transição climática no Plano de Recuperação e Resiliência, ou a regulação sobre finanças sustentáveis que procura o alinhamento do setor financeiro com os compromissos europeus.

 

"Entendemos que este é um caminho que temos de percorrer em conjunto. Este é um esforço de todos, para todos. E nós, enquanto profissionais na área de sustentabilidade, mas também enquanto cidadãos, estamos cá para sensibilizar tanto os nossos clientes como os nossos colaboradores para a necessidade de sermos exigentes e agentes desta mudança."

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