O planeta atingiu no ano passado mais um recorde de capacidade instalada para a produção de energia renovável, com um investimento 23% mais baixo do que no ano anterior. Os dados são do estudo publicado em conjunto pela ONU Meio Ambiente, pelo Centro de Cooperação entre o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) e a Escola de Gestão e Finanças de Frankfurt e pela Bloomberg New Energy Finance,
O estudo "Tendências Globais do Investimento em Energia Renovável" 2017 mostra que as fontes solar, eólica, geotérmica, oceânica e das pequenas hidroeléctricas, em conjunto com a biomassa e o lixo, acrescentaram 138,5 gigawatts à capacidade global de produção de energia, cerca de 8% mais do que o crescimento do ano anterior. No ano passado, o investimento em energia renovável quase que duplicou o realizado em combustíveis fósseis.
Uma oportunidade para os investidores
"A existência de tecnologias de produção de energia renovável cada vez menos onerosas constitui uma oportunidade para os investidores conseguirem mais por menos", disse Erik Solheim, director executivo da ONU Meio Ambiente durante a apresentação do documento. "Este é o tipo de situação em que as necessidades das pessoas e de obtenção de lucros se conjugam, contribuindo para mudar o mundo para melhor", acrescentou.
A proporção de electricidade com origem em fontes de energia renovável, excluindo as grandes barragens hidroeléctricas, cresceu dos 10,3% para os 11,3%, o que preveniu a emissão estimada de menos 1,7 gigatoneladas de dióxido de carbono em 2016. Dados recentes da Agência Internacional de Energia (AIE) mostram que a mudança do paradigma energético no sentido das renováveis é uma das principais razões para as emissões de gases com efeito de estufa se terem mantido estáveis em 2016, o que aconteceu pelo terceiro ano consecutivo, num período em que a produção económica mundial cresceu 3,1%.
Os novos investimentos em energia solar totalizaram cerca de 104 mil milhões de euros, 34% abaixo do registado em 2015. Contudo, a capacidade de produção deste modo de energia cresceu 75%, o maior aumento de sempre neste sector. Já os investimentos em energia do vento foram de 103 mil milhões de euros em 2016, um decréscimo de 9% em valor. Mas a capacidade de produção de energia neste modo aumentou 54 gigawatts, apesar de ter sido menos do que os 63 gigawatts do ano anterior.
"O aumento da procura, por parte dos investidores, de instalações de produção de energia solar e do vento já em funcionamento é também um forte sinal de que o mundo está a mudar no sentido das energias renováveis", disse, por seu turno, Udo Steffens, presidente da Escola de Gestão e Finanças de Frankfurt, como comentário ao recorde de aquisições no sector da produção de energia limpa, que representou, em valor, um crescimento de 17% para os 101 mil milhões de euros.
O chefe do ramo de Energia, Clima e Tecnologia da Divisão de Tecnologia, Indústria e Economia da ONU Meio Ambiente, Mark Radka, explica que, apesar das dificuldades, há um consenso internacional de que a electricidade com origem em fontes renováveis será dominante no futuro. Para a meta ser alcançada até meio do século actual, como previsto, há diversas oportunidades e desafios. De entre estes, Mark Radka destaca a necessidade de se montar a estrutura adequada para o mundo poder depender apenas das energias renováveis. Para isso, os governos precisam criar políticas e procurar o financiamento necessário para atingir as metas, já que os custos das instalações para a produção de energia solar e eólica são cada vez mais competitivos.
UE investe em infra-estruturas energéticas
Os Estados-membros da União Europeia (UE) concordaram com a proposta da UE de investir 444 milhões de euros em projectos-chave de infra-estruturas da energia. Os 18 seleccionados nos sectores de electricidade, gás e redes inteligentes contribuirão para alcançar os objectivos energéticos da UE, através da ligação de redes e do aumento da segurança do fornecimento de energia. Também vão incentivar o desenvolvimento sustentável, através da integração dos recursos energéticos renováveis do espaço europeu.
A estratégia da União Europeia tem o seu cerne na transição para uma economia de baixo carbono, segura e competitiva. Redes correctamente interligadas de gás e electricidade constituem o esqueleto central de um mercado integrado de energia. O investimento em fontes renováveis e sustentáveis ajuda a acelerar a transformação energética na Europa e assegura que esta é usada, pela indústria da UE, para alcançar a liderança no sector das tecnologias de baixo carbono e promover o crescimento verde e o emprego, as prioridades da comissão liderada por Jean-Claude Juncker.
Novo tipo de painéis solares
Uma equipa de cientistas de duas universidades chinesas desenvolveu painéis solares capazes de gerar energia em dias de baixa insolação, inclusive com chuva ou nevoeiro.
A principal inovação introduzida nestes novos painéis solares é o uso de fósforo de longa persistência (LPP), que consegue armazenar energia solar durante o dia para ser consumida à noite. Este avanço foi publicado em revistas científicas dos Estados Unidos e da Europa, que destacam a previsível diminuição de custos com a instalação de equipamentos solares, através da introdução deste tipo de painel no mercado global.