Os portugueses estão gradualmente a interiorizar e a associar a noção de eficiência energética com o acto de poupar. João Paulo Girbal, presidente da Agência para a Energia (ADENE), explica que a ideia que devemos retirar do conceito de eficiência energética é que é possível fazer uma utilização responsável, consumir menos energia sem alterar o nosso estilo de vida ou abdicar do nosso conforto. E ainda há muito a fazer.
Qual é a importância da existência de um Dia Nacional da Energia?
O Dia da Energia é importante para relembrar, a todos, a importância do seu uso eficiente e da forma como a eficiência energética pode estar associada à redução da factura energética, sem nunca se perder o conforto na habitação.
Gestos simples, como apagar a luz de uma divisão quando esta não está a ser utilizada ou não deixar equipamentos em "stand by" por longos períodos, fazem já parte do nosso quotidiano em casa e nos locais de trabalho. A noção de eficiência energética é algo que estamos gradualmente a interiorizar e a associar ao acto de poupar.
No entanto, a ideia de economizar energia está, muitas vezes, erradamente associada a redução do conforto e a perda de qualidade de vida. Se não ligarmos o aquecimento no Inverno, não usufruímos de uma habitação devidamente aquecida. Logo, iremos perder conforto. Mas estaremos a ser energeticamente eficientes? A resposta é inequivocamente não. Para evitar estas situações, temos de recorrer a tecnologias e processos que evitem o desperdício de energia, mas permitam um nível de conforto adequado.
O que mudou e ainda pode mudar para melhor no paradigma energético nacional?
O paradigma energético nacional tem evoluído positivamente, porque há cada vez mais consciência da importância deste tema na vida de todos. Mas ainda existem muitas oportunidades para se fazer mais, no sector empresarial e na habitação particular, para potenciar a eficiência energética.
Nas empresas, a racionalização do consumo e a promoção do uso de energias renováveis conduzem a uma clara redução no custo da energia. Na habitação particular, é necessário manter a aposta na consciencialização dos proprietários, não só no que respeita ao potencial de poupança na factura de energia, mas essencialmente nas mais-valias que a eficiência energética proporciona.
Quais são as principais iniciativas da ADENE nesse sentido?
A preocupação da ADENE é equipar os consumidores com ferramentas que lhes permitam aceder à informação certa, para fazerem as melhores escolhas no que respeita às soluções de eficiência energética mais adequadas.
Qual é o papel do crescimento da eficiência energética na melhoria do impacto ambiental das empresas e particulares?
Nas empresas, a redução do consumo de energia, e consequente diminuição dos custos, proporcionará melhores resultados. Terão também maior reconhecimento social por demonstrarem mais consciência ambiental.
No caso dos particulares, haverá um alívio no orçamento mensal devido à redução de custos com a energia. De referir, também, a importância do conforto térmico na melhoria das condições de saúde das pessoas.
Porque é que deve ser feita a certificação energética de edifícios?
O certificado energético dá-nos um indicador do nível de eficiência energética e conforto. Mas também é um guia com as melhores soluções a serem implementadas pelo consumidor. É um elemento fundamental para quem tem de tomar decisões de compra, arrendamento ou remodelação de habitações.
Quais são as vantagens para empresas, pessoas e sociedade em geral, da certificação de edifícios?
Além de permitir conhecer as características do edifícios e saber quais as medidas de melhoria para redução da factura energética, a certificação energética oferece outros benefícios, pois o certificado energético é, também, uma ferramenta para acesso a incentivos financeiros ou benefícios fiscais.
O que será, para si, um edifício energeticamente equilibrado no futuro?
São os NZEB ("Nearly Zero Energy Buildings"), edifícios com elevado nível de eficiência energética, quer pelo reduzido consumo de energia em relação aos convencionais, quer pela existência de sistemas de produção de energia local para suprir as suas necessidades energéticas. A partir de 2020, os novos imóveis terão de ser edifícios com necessidades energéticas quase nulas, eficientes e sem desperdícios energéticos.