Os preços da energia, em particular os da electricidade, parecem estar cada vez mais elevados. Pelo menos junto dos consumidores finais, apesar de os custos com a sua produção estarem estabilizados. Segundo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), não existe uma ligação directa entre a evolução dos custos da energia eléctrica e o seu preço. Isso acontece porque estes são fixos, na sua essência. Assim, se as quantidades de energia eléctrica adquiridas pelos clientes crescerem, o preço aumenta. É evidente que os custos, apesar de serem fixos, não são imutáveis, e num horizonte mais longo de tempo, também podem influenciar o valor final pago pela energia que se consome.
Mas, e como lembra a ERSE, "a procura de energia eléctrica em Portugal encontra-se ao nível verificado há cerca de 10 anos". Ou seja, o que estamos a desembolsar neste âmbito pouco tem que ver com o mercado.
Segundo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, "as vendas de energia eléctrica geram receitas que visam recuperar os custos do sector e pagar um conjunto de obrigações que não está directamente associado aos seus custos". São definidas legalmente fora da esfera da ERSE, reflectem orientações de política económica, social, ambiental ou outros, e estão agrupadas nos chamados Custos de Interesse Económicos Gerais (CIEG), que incluem subsídios a produtores, rendas de municípios, transferências para as empresas das regiões autónomas, e outros. "Há cerca de 15 anos, o peso dos CIEG no preço final era residual.
Hoje em dia representa cerca de 40% do preço da energia eléctrica para o cliente doméstico", revela a ERSE. Ou seja, uma boa parte da factura energética que cada um de nós paga é constituída por impostos. Com várias designações diferentes, mas são impostos, porque, sobretudo, não temos escolha.