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É urgente adotar um novo modelo económico

Ana Brazão, gestora de projeto da Fundação Oceano Azul

20 de Maio de 2021 às 06:55
Ana Brazão, gestora de projeto da Fundação Oceano Azul
Ana Brazão, gestora de projeto da Fundação Oceano Azul
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A ciência tem comprovado que o mundo enfrenta duas grandes crises – a emergência climática e o declínio da biodiversidade. As causas destes desafios existenciais estão enraizadas na economia extrativa tradicional e baseada em combustíveis fósseis. Temos uma década para reduzir as emissões a um nível que nos permita limitar o aquecimento global a 1,5 °C até ao final do século. Combater a crise climática e reverter o declínio da biodiversidade implica por isso adotar um novo modelo económico que dê resposta a dois grandes desígnios: abandonarmos as formas e os recursos necessários à produção com impacto negativo, e desenvolvermos alternativas que as substituam. Dois objetivos que têm de ser prosseguidos em simultâneo e cuja urgência é imediata.

 

Sabemos que temos de mudar. Precisamos de salvar o que resta, reconstruir e valorizar a natureza e promover uma economia verdadeiramente sustentável que possa contribuir para enfrentar esses desafios. Precisamos também, e por isso, de desenvolver e investir em novos modelos de negócio capazes de separar a sua curva de crescimento da curva da degradação dos recursos naturais. Ou seja, dissociar as matérias-primas dos recursos naturais e apostar em soluções de base natural que ofereçam produtos e serviços em si regeneradores do ambiente. Serão também esses modelos de negócio os que irão singrar, pois apostam na sustentabilidade dos seus fatores de produção.

 

É neste contexto que se enquadra a bioeconomia azul, capaz de promover simultaneamente a conservação do oceano e a geração de riqueza assente em soluções sustentáveis a partir da utilização de biorrecursos marinhos. Sabemos o potencial que o mar encerra ao percebermos que diversas soluções biomédicas, alimentares e de biomateriais foram já desenvolvidas a partir de organismos marinhos. São exemplos, no caso da biotecnologia azul, entre muitos outros, antibióticos, antivirais e potentes analgésicos, provenientes de peixes, fungos, esponjas e micro-organismos.

 

As oportunidades que os biorrecursos marinhos oferecem são tão vastas quanto o oceano. O programa de empreendedorismo que a Fundação Oceano Azul e a Fundação Calouste Gulbenkian lançaram em 2018, o Blue Bio Value, tem permitido compreender melhor o potencial do setor. As mais de 40 start-ups de todo o mundo que já participaram no nosso acelerador dedicam-se ao desenvolvimento de produtos e serviços alimentares, farmacêuticos, de bem-estar, industriais e ambientais.

 

Segundo os padrões europeus, Portugal não é um país rico em capital financeiro, nem manufaturado, mas é um país rico em capital natural. Temos uma enorme diversidade de formas de vida marinha as quais são a matéria-prima da biotecnologia azul. Nenhum outro país, na Europa, tem como nós tantas espécies e ambientes marinhos diferentes onde há um sem-número de aplicações biotecnológicas por descobrir e explorar. Enquanto nação mais rica da Europa em biodiversidade marinha, Portugal é a escolha natural para fazer crescer este setor.

 

O programa Blue Bio Value tem contribuído para construir esse caminho de mudança e impulsionar uma bioeconomia azul sustentável renovável, neutra em carbono, sem resíduos e que promova a restauração da natureza, o bem-estar (saúde, riqueza e recreação) e a reabilitação e proteção de habitats. As start-ups aceleradas no Blue Bio Value são em si uma prova de conceito disso mesmo, desenvolvendo soluções inovadoras que não degradam a natureza e que contribuem para a descarbonização da economia.

 

Reconhecendo igualmente a importância da ciência desenvolvida na academia nacional e o potencial dos nossos cérebros na resolução dos maiores desafios que o oceano enfrenta, o programa desenvolverá este ano as sessões de Ideation nacionais no Porto e em Lisboa, em setembro. Esta iniciativa visa juntar estudantes, alumni e investigadores do ensino superior nas áreas da biologia marinha, química, bioquímica, bioengenharias e ciências naturais e outras, com gestores, marketeers e empreendedores, impulsionando novas ideias e projetos na área da bioeconomia azul.

 

Não existe salvaguarda dos recursos naturais, e com isso uma qualidade de vida que queremos melhor para uma população crescente, sem essas soluções. Investir na ciência, investir em conhecimento, investir em novos negócios, investir em novas formas de fazer as coisas, é o caminho para a mudança real.

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