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“Só nos últimos três anos, criámos 300 postos de trabalho em Portugal”

Fábrica da Tabaqueira, em Sintra, posiciona-se como um dos principais centros de produção da Philip Morris International no mundo.

07 de Março de 2023 às 12:15
Massimo Andolina, presidente da Philip Morris International para a região Europa, aponta a um futuro sem fumo
Massimo Andolina, presidente da Philip Morris International para a região Europa, aponta a um futuro sem fumo
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Massimo Andolina foi recentemente designado presidente da Philip Morris International (PMI) para a região Europa. É nesta qualidade que o gestor italiano, também presidente do conselho de administração da Tabaqueira EIT – o braço industrial da companhia no nosso país – nos concede uma entrevista, na qual faz o retrato da filial portuguesa da PMI. Nesta conversa, explica também o processo de transformação do grupo e aponta os desafios da PMI, que assumiu como objetivo substituir o mais rapidamente possível a comercialização de cigarros por produtos sem combustão.

A Tabaqueira foi privatizada em 1997, integrando desde então a Philip Morris International (PMI). Como analisa o percurso da operação portuguesa?
No passado mês de janeiro, assinalou-se o 26º aniversário do início do processo de privatização. No final dos anos 1990, a Tabaqueira era uma empresa essencialmente virada para o mercado doméstico. O investimento da PMI na operação desde então – mais de 390 milhões de euros no total, uma média de 15 milhões de euros por ano – transformou completamente o ADN da companhia. Se, em 1999, exportávamos apenas 10% da nossa produção, em 2021, as exportações ascenderam a 86% da produção (cerca de 720 milhões de euros, em valor).

 

Hoje, o grupo Tabaqueira é um dos principais exportadores nacionais, com um contributo muito significativo para a balança comercial nacional, mas também para o Estado português, gerando receitas fiscais anuais que rondam 1,2 mil milhões de euros. Além disso, é um grande empregador, contando com cerca de 1.400 trabalhadores, sendo que só nos últimos três anos foram criados 300 novos postos de trabalho. A Tabaqueira é uma empresa portuguesa muito relevante e sinto-me honrado por ter a oportunidade de participar na sua transformação, com o propósito de criar um futuro sem cigarros em Portugal. A Tabaqueira, tal como a multinacional a que pertence, assumiu este compromisso global e continua a ser a única a empresa a fazê-lo.

 

O que distingue a operação portuguesa?
Como presidente do conselho de administração da Tabaqueira EIT, a empresa que gere a operação industrial em Portugal, gostaria de destacar o excelente trabalho que tem sido feito para posicionar a fábrica da Tabaqueira, localizada em Sintra, como um dos principais centros de produção da PMI a nível mundial. Os investimentos em eficiência produtiva, com foco na sustentabilidade dos processos, têm permitido à Tabaqueira aumentar continuamente a sua capacidade produtiva. Desde 1999, duplicámos a capacidade de produção, trabalhando constantemente para reduzir a nossa pegada ambiental. Desde 2010, reduzimos as emissões de carbono da Tabaqueira em 74%, o consumo de energia em 44% e o de água em 42%. Recentemente, integrada num projeto alargado com impacto ambiental na comunidade local, investimos na implementação de uma central fotovoltaica no parque de estacionamento da fábrica: com uma área de 5525 m2 e capacidade de produção de 1 MW, garante a integração de 7% da eletricidade para autoconsumo da fábrica e evita a emissão de mais de 800 toneladas de CO2 por ano.

 

A fábrica da Tabaqueira tornou-se, em 2020, a terceira unidade produtiva do grupo PMI a obter a certificação de neutralidade carbónica (PAS 2060) e, no ano anterior, já tinha garantido a certificação Alliance for Water Stewardship (AWS), que reconhece as suas boas práticas na gestão sustentável da água (foi a primeira em Portugal e a primeira filial do grupo PMI na Europa a alcançá-la). Atualmente, reciclamos e valorizamos 99% dos resíduos gerados pela nossa atividade.

 

Agora que assumiu a liderança da região europeia da PMI Europe, o que significa esta reorganização interna do grupo e quais os desafios a que responde?
Estamos a alterar a estrutura regional da companhia para apoiar e acelerar o crescimento da área de negócio dedicada aos produtos sem fumo, reforçar o foco no consumidor e aumentar a velocidade da inovação – em alinhamento com a nossa ambição de nos tornarmos, maioritariamente, um negócio sem fumo, com mais de metade das nossas receitas líquidas provenientes destes novos produtos em 2025. A nova estrutura foi desenhada para acelerar o crescimento dos produtos sem combustão nos mercados em que o sistema de tabaco aquecido da PMI já regista quotas de mercado de dois dígitos, enquanto permite impulsionar a transição dos cigarros para produtos sem fumo em mercados pouco explorados, como os EUA.

 

E quais os maiores desafios que tem no horizonte para 2023, como presidente da região europeia da PMI?
A Europa é de fundamental importância para a concretização da nossa jornada sem fumo e, atualmente, mais de 40% das receitas líquidas da região já são provenientes da comercialização de produtos sem combustão. Embora este valor seja muito encorajador para nós e positivo para os fumadores adultos que mudaram para melhores alternativas, há desafios a serem superados em 2023. O primeiro: a elevada inflação que se regista na Europa e o impacto desproporcional que tem sobre os mais desfavorecidos – entre eles, fumadores que não têm recursos para transitarem para alternativas aos produtos combustíveis. As estatísticas disponíveis para vários países europeus mostram que, entre os desempregados, os menos qualificados ou os que vivem com baixos salários, existe uma sobrerrepresentação de fumadores. É claro para nós que essas pessoas não devem ser deixadas para trás e que todos aqueles que não conseguiram deixar de fumar através dos métodos convencionais de cessação tabágica também devem ter a possibilidade de adotar melhores alternativas ao invés de continuarem a fumar.

 


E o segundo?
O segundo desafio prende-se com a explosão do consumo de cigarros ilícitos na Europa. Segundo um relatório da KPMG, em 2021, o consumo estimado de cigarros ilícitos nesta região aumentou cerca de 3,9%, o equivalente a 1,3 mil milhões de cigarros, atingindo um total de 35,5 mil milhões. Em alguns países onde se observaram grandes agravamentos fiscais sobre estes produtos, como França, o consumo de cigarros ilícitos praticamente triplicou em três anos. Os cigarros ilícitos representam um risco aumentado para a saúde, privam os Estados de receitas fiscais essenciais e reduzem a eficácia das políticas de cessação tabágica, assim como a adoção de alternativas sem combustão.

 

Anunciaram, em 2016, a transformação do vosso negócio. Como está a correr?
A PMI assumiu a missão de contribuir para a construção de um futuro sem fumo o mais rapidamente possível, concentrando naturalmente os seus recursos no desenvolvimento e comercialização de produtos cientificamente substanciados, com o objetivo de substituir os cigarros por melhores alternativas para os consumidores e para a sociedade. Há quase duas décadas que trabalhamos para dar vida à nossa visão e, desde 2008, já investimos cerca de 9 mil milhões de euros no desenvolvimento, substanciação científica, comercialização e produção de produtos sem fumo. Atualmente, mais de 30% das nossas receitas líquidas totais são provenientes dos produtos sem combustão – em 2015, representavam apenas 0,2%.

 

E em Portugal, como corre a transformação?
Segundo os últimos dados públicos disponíveis, em 2019 existiam em Portugal cerca de 1,5 milhões de fumadores e estimamos que aproximadamente 400 mil já mudaram para os nossos produtos de tabaco aquecido, o que consideramos muito encorajador. Isso demonstra que os consumidores procuram melhores alternativas com potencial de redução de risco (quando comparadas aos cigarros), estão prontos para as adotar e, como tal, querem vê-las consideradas nas políticas públicas, querem que os legisladores e reguladores tomem as suas decisões com base em evidência científica.

"Hoje, o grupo Tabaqueira é um dos principais exportadores nacionais" Massimo Andolina, presidente da Philip Morris International para a região Europa

Porque é importante diferenciar fiscalmente estas alternativas dos cigarros convencionais?
Muitos governos, em todo o mundo, estão a reconhecer a necessidade de diferenciar os automóveis de combustão interna dos novos veículos elétricos e, nesse sentido, a implementar políticas regulatórias e incentivos fiscais para acelerarem a mudança. Os governos e reguladores têm um papel importante em reconhecer a natureza diferente dos produtos sem fumo face aos produtos combustíveis, estabelecendo regras que permitam aos fumadores adultos acesso a informação credível e transparente sobre estas melhores alternativas, baseadas em evidência científica. Para que isso aconteça, um regime de tributação diferente daquele que é atualmente aplicado aos cigarros convencionais pode criar o correto incentivo para que mais pessoas, que de outra forma continuariam a fumar, transitem para melhores alternativas.

 

É importante realçar que, salvo raras exceções, na maioria dos países, a regulação relativa a tabaco e nicotina data de uma época em que não existiam os avanços científicos e tecnológicos que temos hoje. Idealmente, a regulação deverá diferenciar os produtos combustíveis, como os cigarros, dos produtos sem fumo que são substanciados em evidência científica e que seguem os requisitos de qualidade e segurança. Caso contrário, arriscamo-nos a criar um sistema que perpetua os cigarros, ao contrário de acelerar a sua eliminação.

 

E que outros países europeus o fizeram, com impacto positivo?
A regulação tem um papel crucial no incentivo à adoção de produtos sem fumo. Ninguém contesta que reduzir o consumo de cigarros faz sentido do ponto de vista da saúde pública, pois não há dúvida que fumar é uma das principais causas de doenças e mortes evitáveis. Dito isto, restrições excessivas ao consumo destes produtos simplesmente não funcionam, como aliás percebemos pelo exemplo francês, com o aumento do consumo de cigarros ilícitos. Os fumadores devem ter acesso a melhores alternativas, com potencial de redução de risco – e é isso que alguns países como Grécia, Itália, Chéquia e Reino Unido estão a fazer.

 

Se for concebida uma estrutura regulatória que inclua restrições significativas aos cigarros em combinação com o incentivo à cessação tabágica e a garantia de acesso, por parte dos fumadores adultos, a informações precisas sobre as melhores alternativas aos produtos com combustão, conseguiríamos rapidamente travar o consumo de cigarros. Alguns países podem fazê-lo em menos de uma década.

 

Portugal pode fazer parte desse grupo de países?
Com o correto incentivo regulatório e o apoio da sociedade civil, a venda de cigarros pode acabar em 10 a 15 anos em muitos países. Embora Portugal tenha sido um dos primeiros países a reconhecer na sua legislação que a redução de risco em tabaco (e, consequentemente, produtos como os de tabaco aquecido) pode ser uma alternativa complementar às políticas de prevenção e cessação tabágica, esta constatação ainda não foi materializada em termos de políticas públicas. Como país, Portugal tem a oportunidade de intensificar e liderar esta transformação social histórica: governos, reguladores, especialistas em saúde pública e a sociedade em geral podem unir-se para apoiar o papel de alternativas com potencial de redução de risco para os fumadores adultos e para a saúde pública no geral.

Operação portuguesa em números

86% da produção exportada em 2021

 

720 milhões de euros foi o valor das exportações

 

1,2 mil milhões de receitas fiscais anuais

 

1.400 trabalhadores

 

300 novos postos de trabalho nos últimos três anos

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