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"Santa Maria da Feira é um dos motores da economia portuguesa"

Com um tecido empresarial diversificado, o município feirense destaca-se pelo seu dinamismo, capacidade de inovação e vocação exportadora.

09 de Novembro de 2023 às 10:35
Emídio Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira
Emídio Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira
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Realiza-se hoje o Fórum Bizfeira, evento promovido pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e cujo objetivo é fomentar a economia, promovendo o tecido empresarial da região. No contexto de mais uma edição do Bizfeira, que decorre no Centro de Congressos do Europarque, entrevistámos Emídio Sousa, autarca feirense. Falámos do Fórum, mas a conversa foi muito além desse tema.

Santa Maria da Feira é um concelho de cortiça e de calçado. Ainda é a realidade nos dias de hoje?
O tecido económico de Santa Maria da Feira é bastante diverso, não se esgotando nesses setores, mas é natural essa conotação e reconhecimento, pois aqui se localiza o maior polo mundial de transformação da cortiça e somos o segundo maior exportador nacional da indústria do calçado. Temos procurado diversificar o tecido empresarial, para não ficarmos excessivamente dependentes destes setores. O setor da metalomecânica está em grande desenvolvimento, constituindo-se num cluster que tem vindo a assumir crescente importância e que já é responsável pela criação de algumas centenas de postos de trabalho. Há um conjunto de novas áreas de negócio em surgimento. Temos também apostado em novos setores emergentes, que nos têm permitido atrair importantes investimentos de empresas ligadas às tecnologias da informação e comunicação (TIC) e à investigação, diagnóstico, equipamentos e tratamentos na área da saúde.

O desenvolvimento económico é notório e reflete-se em todas as áreas da vida do município e no quotidiano dos seus munícipes. Santa Maria da Feira é um território desenvolvido social e economicamente e um dos motores da economia portuguesa. O seu tecido económico tem dado provas da sua resiliência, do seu dinamismo, da sua capacidade de inovar e reforçando a sua vocação exportadora. Das mais de 16.000 empresas que estão aqui instaladas, 15% são industriais, responsáveis por mais de 40% do emprego. Este ano, nas indústrias transformadoras, o volume de negócios cresceu 610 milhões de euros, no comércio cresceu 351,1 milhões de euros e na construção o aumento foi de 97,5 milhões de euros.

O município de Santa Maria da Feira está entre os maiores exportadores do país, de acordo com dados do INE. O concelho vive uma situação de pleno emprego (taxa de desemprego abaixo dos 4%). A que se deve esta realidade?

Quando assumi a presidência da câmara em 2013, a taxa de desemprego ultrapassava os 15%. Sempre defendi que não cabe à autarquia criar emprego, mas sim as condições para que as empresas e a dinamização da economia criem empregos. Os problemas das empresas são problemas dos trabalhadores, das famílias, da economia local e do concelho. Por isso, estar sempre disponível para ouvir as empresas e promover soluções para os seus problemas é a forma mais eficaz para defender o emprego e aumentar a qualidade de vida dos munícipes e das suas famílias. Foi sempre essa a minha estratégia e das equipas que liderei no executivo camarário.

Que balanço faz da internacionalização da economia e das empresas feirenses?
Os empresários feirenses tiveram um papel fundamental na sua internacionalização. Nós apoiámos e potenciámos essa internacionalização. Captámos e acompanhámos diretamente nesta última década mais de 300 milhões de investimento, que geraram mais emprego, mais riqueza e mais desenvolvimento. O Bizfeira facilitou a captação de investimento estrangeiro sem precedentes, oriundo de mercados como Estados Unidos, França, Espanha, Suíça, Bélgica e Alemanha.

Entre 2013 e 2022, as exportações aumentaram 41,3%. A dinâmica de crescimento manteve-se com as exportações do município a atingirem 1.587,9 milhões de euros em 2022 (+10,6% do que 2021). Santa Maria da Feira ocupa a 1.ª posição no distrito de Aveiro, a 3.º posição na Área Metropolitana do Porto, a 6.ª na região Norte e a 11.ª a nível nacional. A balança comercial cresceu 17,1% entre 2013 e 2022, ano em que atingiu 855,1 milhões de euros, sendo responsável por 38,5% do saldo da balança comercial da região Norte. Neste item, Santa Maria da Feira ocupa a 1.ª posição na Área Metropolitana do Porto, a 2.ª posição na região Norte e a 3.ª posição em Portugal.

"O Bizfeira facilitou a captação de investimento estrangeiro sem precedentes, oriundo de mercados como Estados Unidos, França, Espanha, Suíça, Bélgica e Alemanha." Emídio Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira

O município tem um projeto de desenvolvimento económico e empresarial – o Bizfeira – que nasceu em 2014. Como caracteriza o projeto e que balanço faz do mesmo?

O projeto Bizfeira surgiu para atuar no contexto altamente competitivo existente entre os territórios para a atração de investimentos e fixação de empresas capazes de gerar riqueza e emprego. É um projeto que visou pôr Santa Maria da Feira no mapa dos investidores, dar apoio aos empresários nas suas múltiplas necessidades, apoiar todas as fases do investimento: desde a intenção de investimento até à sua conclusão.

O Bizfeira promove diversas ações que reforçam a proximidade com a diáspora feirense, fundamental na promoção do território e nos processos de internacionalização. As missões empresariais e de diplomacia económica têm colocado as empresas feirenses no radar de importantes mercados internacionais. Refira-se ainda a realização de fóruns empresariais que têm envolvido milhares de participantes, dos quais se destaca o Fórum Bizfeira que visa proporcionar o encontro entre empresários e demais entidades relevantes para o desenvolvimento económico. É um espaço para contactar com os grandes desafios da economia global e providenciar o acesso a melhor informação e conhecimento. É também um espaço de networking, de estabelecimento de parcerias, de criação de negócios. Em 2016, o Bizfeira foi distinguido com 1.º Prémio Nacional dos "Prémios Europeus de Promoção Empresarial", na categoria de Apoio à Internacionalização, iniciativa da Comissão Europeia, com coordenação nacional do IAPMEI e também pela AMA – Agência para a Modernização Administrativa.

O que espera da edição do Fórum Bizfeira deste ano?
A dinâmica demográfica, as necessidades das empresas e as competências existentes no mercado, os baixos salários, as expetativas dos jovens, a conciliação profissional com a vida pessoal, os aumentos do custo da habitação, a dificuldade em atrair e reter pessoas nas empresas, a emigração dos mais jovens e qualificados, a transformação digital, a robotização e a inteligência artificial colocam desafios acrescidos. Estas serão as temáticas a abordar na edição de 2023 do Fórum Bizfeira, no qual, como sempre, espero que as empresas retirem informação e conhecimento que lhes permitam ser crescentemente competitivas.

Temos um conjunto de oradores de primeiro plano, que geralmente pensam "fora da caixa" e cujas intervenções serão de enorme importância, não só para as centenas de empresários que vão estar presentes, como para o público em geral, que irá sair mais bem informado sobre todas as temáticas em debate.

A Câmara Municipal de Santa Maria da Feira tem um programa de diplomacia económica. Em que consiste?
A diplomacia económica foi uma das principais bandeiras da minha estratégia política. Internacionalizámos a nossa economia através da organização de missões empresariais, diretas e inversas, da exploração do potencial da diáspora feirense espalhada pelo mundo, da promoção de encontros com embaixadas, câmaras de comércio e agências ligadas à captação de investimento. Iniciativas que puseram muitos empresários e empresas feirenses em contacto com os mais desenvolvidos mercados internacionais. O projeto Bizfeira foi um instrumento e uma ferramenta importante neste programa de diplomacia económica, em que demos especial relevância à diáspora feirense e às comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo.

Quando tomou posse em 2013, defendeu o desenvolvimento económico como a peça-chave da sua ação política. Sente que o objetivo foi cumprido?
Sem dúvida, mas o trabalho nunca está terminado. Em 2013, quando assumi pela primeira vez a presidência da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, defini como prioridade o desenvolvimento económico e a criação de emprego, pois vimo-nos confrontados com uma situação dramática, com mais de 10.000 desempregados. Hoje, vivemos uma situação de pleno emprego – indiscutivelmente o nosso maior legado. Já nos vemos confrontados com um novo desafio – a falta de pessoas adequadas às necessidades das empresas e, por essa razão, esse é o mote do debate que se faz hoje no Fórum Bizfeira.

Qual a sua perspetiva para o futuro da economia de Santa Maria da Feira e de Portugal?
Em Santa Maria da Feira e no país, temos de trabalhar para conseguir fixar e atrair emprego qualificado. Temos de criar um tecido económico competitivo e capaz de garantir salários mais elevados. Temos de deixar de ser um país de baixos salários, cada vez mais pobre e em que os seus jovens mais qualificados se veem forçados a emigrar. O pleno emprego pode levar ao aumento dos salários e de criação de melhores condições para reter os mais capazes. Há muitas empresas em Santa Maria da Feira que já pagam muito acima da média nacional. O contexto económico que vivemos é muito exigente e desafiante. É preciso encontrar novas respostas para a economia e para as empresas. A competitividade económica é muito grande, particularmente na indústria transformadora.

"Atingimos a meta do pleno emprego. Este é o nosso maior legado." Emídio Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira

Está no seu último mandato (comemora este ano uma década como presidente de câmara). Qual o balanço que faz destes dez anos à frente dos destinos do município?
O balanço é positivo e os feirenses reconhecem-no. Alcançámos resultados históricos na captação de investimento e atingimos a meta do pleno emprego. Este é o nosso maior legado. No início de 2020, o combate à pandemia trouxe-nos novas responsabilidades e exigiu-nos respostas imediatas e capazes. Fomos proativos, solidários e inovadores. Fizemos bem e liderámos a nível nacional. Ao longo da última década fizemos muita obra física, a reabilitação da rede viária, a requalificação dos centros urbanos e espaços verdes, grandes parques empresariais e obras relevantes por todo o concelho, na saúde, na educação, no desporto, na cultura, na área social, e não só.

Também tenho muito orgulho na obra imaterial, que impulsionou de forma extraordinária o desenvolvimento económico, o emprego e a coesão social no nosso território, como são o caso dos nossos grandes eventos: Viagem Medieval, Perlim e Imaginarius, que têm uma dimensão internacional. Atingimos níveis de crescimento económico excecionais; baixámos a taxa de desemprego para níveis recorde; captámos investimento estrangeiro sem precedentes; diminuímos o passivo camarário; pagámos a tempo e horas. Todas estas conquistas me orgulham e à equipa que lidero, mas devem orgulhar primeiramente os feirenses, que deram o seu contributo para alcançarmos estes resultados.

É também um dos protagonistas políticos da Área Metropolitana do Porto e do distrito de Aveiro. Como vê estes dois grandes espaços intermunicipais em termos de mobilidade e desenvolvimento económico?
Santa Maria da Feira é um dos maiores municípios da Área Metropolitana do Porto e o maior do distrito de Aveiro. Somos ouvidos, respeitados e reconhecidos. Temos tido um papel de liderança e de influência. Como líder metropolitano que já fui, priorizei o lançamento das bases de um grande plano de mobilidade entre os 17 municípios da Área Metropolitana do Porto, visando acabar com os constrangimentos existentes que infernizam a vida de centenas de milhares de pessoas, de famílias e prejudicam a dinâmica económica da região. Como líder municipal tenho-me batido no seio do Conselho Metropolitano para o reforço de um espírito metropolitano que privilegie a coesão social e económica entre as partes Norte e Sul da Área Metropolitana do Porto.

Que projetos acha que são decisivos para o futuro da AMP e da parte Sul desta área metropolitana? Qual deve ser o papel dos municípios e do Governo?

O grande território de desenvolvimento económico de Portugal está no eixo Braga–Porto–Aveiro. É onde se concentram a maior parte das indústrias. A questão da mobilidade é decisiva, se quisermos um território cada vez mais atrativo e competitivo. Ainda há muito a fazer. Temos necessidade de uma ligação rápida ao Porto e ao aeroporto Sá Carneiro. Isto só se consegue com a aposta na ferrovia que, infelizmente, Portugal descurou nos últimos 50 anos. O aeroporto e o Porto de Leixões são os grandes fatores de atratividade.

Tenho defendido na Área Metropolitana do Porto que é preciso olhar para a parte Sul do território com outro olhar. É preciso investir na ferrovia. A linha de alta velocidade pode ser uma oportunidade para o nosso território. Esta reivindicação tem colhido apoio nos municípios mais a sul, São João da Madeira, Oliveira de Azeméis. A Linha do Vouga precisa de reabilitação urgente. Quero uma linha competitiva e que seja útil às pessoas, às famílias e às empresas.

Nestes dois anos que ainda faltam até ao final do seu mandato, quais são os projetos ou obras que ainda espera lançar e os que espera ver concluídos?

A criação de condições e espaços para acolhimento empresarial, para a fixação de quadros qualificados e uma maior oferta de habitação. Um novo edifício dos Paços do Concelho, a construção/reabilitação de mais de 1.000 fogos no âmbito do arrendamento acessível e do 1º direito, a requalificação dos centros urbanos das freguesias, a construção e reabilitação de Unidades de Saúde Familiar, a ampliação e requalificação dos parques empresariais, a construção do eixo das cortiças (ligação rodoviária estruturante) e a construção do novo tribunal – são projetos que ainda quero lançar e ver concluídos!

 

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