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"Existe uma procura cada vez maior de certificações verdes"

A sustentabilidade dos edifícios em Portugal ainda fica aquém do que se regista em algumas cidades europeias emergentes. Todavia, o número de pedidos de certificações de edifícios está a aumentar.

25 de Março de 2024 às 12:48
Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal.
Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal.

"Só na Savills Portugal, no último ano, o número de pedidos de certificações de edifícios aumentou cerca de 150%, um indicador maioritariamente destinado a imóveis de escritórios e serviços e também para a área logística." Quem o diz é Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal, que na conversa que teve connosco explicou como está o edificado em Portugal no que diz respeito à sustentabilidade, realidade na qual já se vai notando uma mudança de paradigma.

Environmental, Social and Governance (ESG) e Sustentabilidade: um desafio ou uma oportunidade?

Diria que ambos. A implementação dos critérios de ESG & Sustentabilidade representa quer um desafio como uma oportunidade para as empresas. Um desafio na medida em que, sendo imperativos para as empresas, é desafiante a sua capacidade de adaptação e de ajuste por parte do tecido empresarial; por outro lado, ao integrar estas práticas, assim como os mais elevados padrões de sustentabilidade nas suas operações, as empresas terão muito a ganhar em termos de benefícios de captação e retenção de talento bem como de ordem financeira, posicionando-se no mercado como organizações de excelência.
  

Como está Portugal posicionado em termos de stock de edifícios certificados no âmbito da sustentabilidade? Nos últimos anos, no setor imobiliário, tem havido maior procura por certificados sustentáveis, como o BREEAM ou o LEED?

Portugal tem ainda um longo caminho a percorrer em termos da obtenção de certificações "verdes" uma vez que, neste momento, a percentagem de ativos com este selo é inferior a 1% – apenas 290 edifícios BREEAM e LEED a nível nacional. Estamos longe da realidade de algumas cidades europeias emergentes como Varsóvia, Bucareste e Budapeste, mas notamos que existe uma procura cada vez maior por este tipo de certificações, nomeadamente a BREEAM e LEED. Só na Savills Portugal, no último ano, o número de pedidos de certificações de edifícios aumentou cerca de 150%, um indicador maioritariamente destinado a imóveis de escritórios e serviços e também para a área logística.

A mudança de paradigma para a descarbonização e a reabilitação das infraestruturas urbanas existentes estão no centro de toda esta nova realidade. Normas como a exigência de edifícios neutros em carbono até 2030 e a integração de soluções de energia verde até 2027 sublinham a premência desta transição. Por outro lado, a EU Taxonomy veio impor no mercado a tendência ESG, o que atribui uma maior valorização de mercado aos edifícios certificados, tornando-os mais "apetecíveis" para potenciais investidores.

Quais os benefícios para o país de estar bem posicionado em termos de mercado de edifícios mais sustentáveis? Esta realidade capta investimento e empresas internacionais? Que benefícios têm as empresas que optem por certificações verdes?

Ao transformarmos os edifícios em ativos mais sustentáveis estamos, em primeiro lugar, a proteger as gerações vindouras assim como o futuro das cidades e do planeta, contribuindo para uma economia circular bem-sucedida. É essencial aplicar critérios de sustentabilidade que promovam uma gestão mais eficiente dos ativos, oferecendo aos proprietários um desempenho com mais eficiência num contexto de custos operacionais mais reduzidos.

Por outro lado, a captação de investimento estrangeiro é um dos maiores benefícios que advém da aposta em edifícios certificados, sendo uma condição essencial para garantir Green Bonds ou acesso aos financiamentos verdes. Os mercados têm vindo a reconhecer estes edifícios com rendas superiores ao praticado (majoração de 18 a 25%) e no valor dos edifícios com valorizações superiores a 20%, de acordo com o RICS. Dada a aposta na sustentabilidade, estes ativos apresentam uma resiliência superior, tornando-se mais apetecíveis para os tenants e também para os próprios investidores/proprietários. Hoje, para determinados investidores a certificação de um edifício que lhe confira uma adequada etiqueta é a diferença entre considerar o seu investimento ou não. Doravante, o número de investidores com esta perspetiva irá aumentar significativamente.

"Hoje, para determinados investidores a certificação de um edifício que lhe confira uma adequada etiqueta é a diferença entre considerar o seu investimento ou não." Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal

Atualmente, os grandes projetos na área da logística em Portugal pressupõem um elevado nível de critérios de sustentabilidade, nomeadamente no contexto da transição energética. Fale-me um pouco deste desafio.

Hoje é impensável que um ativo logístico de maior dimensão seja projetado sem ter em conta os mais elevados padrões de sustentabilidade, uma vez que esta acaba por ser uma das mais importantes bases das decisões de investimento e um dos pilares das estratégias de muitas empresas e, claro, dos investidores. Fatores como a digitalização e a transição energética são fundamentais no segmento logístico que é já percecionado como um aliado da sustentabilidade. Deve ser trabalhada a relação com toda a cadeia de valor de forma a acelerar a implementação de soluções em escala, garantindo uma transição energética justa.

Em termos de descarbonização, como está a evoluir o mercado do grande portefólio imobiliário?

Este mercado está a adaptar-se. Os objetivos são claros: em 2050, os edifícios terão de ser neutros e respeitar as metas estabelecidas, sendo que o preço a pagar será elevado para quem não tiver os seus ativos alinhados com os objetivos europeus. Nos últimos anos, esta evolução dos portefólios através da ferramenta GRESB tem crescido numa média de 20%, num total de 150 mil edifícios e aproximadamente 2.000 entidades. No total, são 7.000 milhões de dólares de área bruta avaliada.

Qual a perceção que existe no estrangeiro sobre Portugal, no que toca à sustentabilidade?

Como sabemos, e no que à sustentabilidade diz respeito, Portugal está ainda no início. No entanto, o país é um dos destinos de eleição por parte de empresas internacionais para estabelecerem as suas operações, o que leva a uma necessidade de acelerar os processos designados "verdes", o que temos também vindo a concretizar. Temos vindo a trilhar este caminho e, apesar de estarmos longe da realidade de outras geografias europeias, estamos certamente a pôr esta questão no centro de tudo o que fazemos no setor imobiliário.

Hoje, para determinados investidores a certificação de um edifício que lhe confira uma adequada etiqueta é a diferença entre considerar o seu investimento ou não. Hoje, para determinados investidores a certificação de um edifício que lhe confira uma adequada etiqueta é a diferença entre considerar o seu investimento ou não.

"Os objetivos são claros: em 2050, os edifícios terão de ser neutros e respeitar as metas estabelecidas, sendo que o preço a pagar será elevado para quem não tiver os seus ativos alinhados com os objetivos europeus."  Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal
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