O BAI Europa celebra este ano o seu 25.º aniversário de presença em Portugal. Em fevereiro de 1998, o Banco Angolano de Investimentos (BAI), o primeiro banco privado em Angola e um grupo financeiro de referência, começou por abrir uma sucursal no nosso país, sendo o primeiro banco de matriz angolana a fazê-lo, para estar mais próximo dos seus clientes e prestar serviços financeiros além-fronteiras. Em 2002 deu-se a mudança de estatuto jurídico para filial e nasce assim o Banco BAI Europa, S.A. (BAIE), uma instituição financeira de direito português, detido a 99,99% pelo BAI. No âmbito desta data comemorativa, entrevistámos Omar Guerra, presidente da Comissão Executiva do BAI Europa, que fez um balanço da instituição, explicou as suas estratégias e apontou ao futuro.
Que balanço faz da operação do Banco Angolano de Investimentos (BAI) em Portugal, onde está desde 1998?
Em 25 anos de existência, o banco tem passado por várias fases, conseguindo sempre adaptar-se a cada uma com a agilidade que nos define, mas também devido ao foco em mantermos padrões elevados de rigor na gestão de risco. Saliento que tudo isto só é possível devido ao forte empenho e profissionalismo de todos os Colaboradores e ao suporte do nosso acionista.
Fale-me um pouco da relação com Angola.
O BAI Europa assume-se como o parceiro de confiança nas relações Portugal-Angola e cada vez mais numa perspetiva mais lata, nas relações Europa-África, com especial incidência nos países de língua portuguesa. Para isso, o apoio e a colaboração da casa-mãe são vantagens competitivas fundamentais para o sucesso do nosso negócio e com o qual esperamos continuar a contar. No sentido de estreitar ainda mais estas ligações e tirar partido do conhecimento e sinergias de grupo, estão a ser desenvolvidos vários projetos intragrupo e reforçámos significativamente a ligação comercial. Contamos igualmente com a colaboração de outros clientes institucionais angolanos, a quem o BAIE presta serviços como banco correspondente em Portugal e para a Europa.
O que diferencia o BAIE de outras entidades bancárias?
O BAI Europa destaca-se pelo seu know-how em trade finance e experiência nos mercados da África lusófona, sobretudo o angolano, desenvolvidos nos últimos 25 anos e beneficiando da ligação ao BAI. A relação histórica e económica bilateral entre Portugal e Angola determina que ambos sejam, mutuamente, principais parceiros comerciais. Sendo o mercado angolano um dos principais destinos das exportações portuguesas, representamos uma proposta de valor diferenciadora para milhares de empresas em Portugal.
Que serviços financeiros presta o BAIE?
O BAI Europa divide-se em três áreas de negócio: Particulares, Empresas e Institucionais.
A área de Particulares dedica-se a soluções de poupança, com foco no segmento affluent, oferecendo depósitos a prazo com taxas muito competitivas no panorama português.
No contexto das Empresas, aconselhamos e desenvolvemos soluções adaptadas a cada necessidade, seja na vertente de curto prazo para gestão de tesouraria, seja em financiamentos a médio-longo prazo para investimento ou reforço da estrutura dos capitais permanentes das empresas. Por outro lado, desenvolvemos um conjunto específico de ferramentas e soluções para apoiar os negócios de importação e exportação, tais como créditos documentários (aconselhamento, negociação, confirmação e desconto de cartas de crédito, ou seja, adiantamento do montante da carta de crédito ao exportador, antes da data de vencimento), emissão de linhas de crédito irrevogáveis ao abrigo de cartas de crédito abertas por bancos correspondentes, cobranças documentárias (intermediação e gestão documental em operações de trade finance) e prestação de garantias bancárias aos nossos clientes. Por fim, o BAIE tem vindo a afirmar-se como um dos principais players na estruturação de empréstimos sindicatos ao abrigo da Convenção Financeira Portugal-Angola.
E em relação à área institucional?
A atividade de banca institucional foca-se na prestação de serviços a instituições financeiras sediadas na África lusófona, nomeadamente serviços de trade finance, pagamentos comerciais, FX (forex) e soluções de mercado monetário interbancário, o que permite aos bancos uma gestão de tesouraria e de fluxos financeiros mais eficiente.
Destacaria alguns destes serviços? Explique porquê?
Destaco a nossa mais recente oferta de soluções de poupança para Particulares e Empresas, o Depósito a Prazo 25 Anos, que oferece uma taxa de 2,5% TANB a 12 meses. Na vertente das Empresas, importa realçar as nossas soluções de apoio a operações de exportação e investimento, principalmente na África lusófona. O nosso know-how nesta área e geografia é uma mais-valia para os nossos clientes. Estamos também a desenvolver uma estratégia digital, tendo alcançado um marco muito importante em 2022 com a abertura de conta online para particulares com até três titulares, residentes em Portugal, Angola ou Cabo Verde. Este ano estamos a reestruturar o nosso Internet Banking e vamos lançar uma app.
Explique o vosso Plano Estratégico até 2025 e como pretendem crescer e diversificar a operação?
Para o reforço do nível de rentabilidade e sustentabilidade de negócio e com intuito de agilizar a sua estratégia, foi desenvolvido o Plano Estratégico e de Negócios (PEN) para o período 2021-2025, assente em cinco eixos estratégicos. A saber:
– Consolidação do posicionamento no mercado, considerando a estratégia de captação de clientes dos vários segmentos e expansão e reestruturação da oferta atual;
– Dinamização comercial e de marketing, sendo imperativa a agilização e intensificação da nossa força comercial, bem como a versatilidade de soluções que está em condições de oferecer aos nossos clientes;
– Reforço da estratégia digital e experiência do cliente, aproveitando as sinergias existentes com o Grupo BAI, cuja importância foi reforçada durante a pandemia, que acelerou a alteração dos formatos e das dinâmicas de interagir em sociedade, originado novas oportunidades de negócio;
– Promoção de gestão orientada para a eficiência, nomeadamente a gestão eficiente de recursos, otimização de processos e a reformulação do modelo de planeamento e controlo de gestão;
– E foco no capital humano e impacto social, sendo as equipas uma peça-chave no sucesso de implementação desta estratégia, dando continuidade ao processo de transformação da cultura organizacional iniciado em 2018, uma decisão essencial para permitir enfrentar com confiança os vários desafios e ambições do negócio. Assim, o desenvolvimento do capital humano ocupa um eixo único, com a aceleração do processo de transformação cultural e alinhamento com objetivos ESG, bem como o redesenho da estrutura organizacional, dando maior enfâse às áreas de negócio.
Foi ainda definido um enabler estratégico, o reforço da relação com o Grupo BAI, aproveitando a partilha de conhecimento e sinergias nas várias geografias do Grupo.
Falou de objetivos alinhados com os critérios de conduta ESG… Que medidas têm sido adotadas pelo BAIE em prol da sustentabilidade?
Em linha com o plano estratégico do banco, em 2022 foi criado um grupo de trabalho multidisciplinar dedicado a guiar o BAI Europa na incorporação de fatores ESG na sua estratégia de negócio, gestão e monitorização de risco, acompanhamento do novo quadro legislativo e regulamentar e observação das melhores práticas do setor. Assim, foi desenhado um conjunto de iniciativas que procuram repensar e racionalizar os nossos consumos, assente numa lógica de desmaterialização de processos, preservação dos recursos naturais e boa gestão do que não é possível reduzir. Partilhamos alguns exemplos concretos implementados desde 2021:
– Decidimos substituir a frota automóvel por viaturas híbridas ou elétricas, disponibilizando também carregadores elétricos nas instalações;
– Foi feita a manutenção dos autoclismos e instalação de redutores de caudal que permitem poupar 30% da água utilizada;
– Contámos com a presença da Valorsul, em maio, para nos ensinar e desfazer mitos relacionados com a reciclagem, tanto em casa como no trabalho;
– Alterámos o contrato como o nosso fornecedor de energia, pelo que desde setembro a energia elétrica que consumimos é produzida 100% a partir de fontes renováveis;
– Em outubro foi organizada uma ação de voluntariado de recolha de lixo na praia urbana da Ponta dos Corvos, no Seixal, com o apoio da ONGA Brigada do Mar;
– Semanalmente publicamos na nossa intranet a "Dica ESG da semana", que aborda temas tão diversos como otimização de recursos e desperdício, saúde pública e mental, finanças pessoais, ética e governança corporativa, entre outros.
"A ajuda que tive deu-me equilíbrio a nível profissional e pessoal"
A ansiedade, o stress, o burnout, são problemas que estão a afetar cada vez mais os colaboradores das diferentes áreas de mercado, levando as empresas a encarar este tema com crescente preocupação e seriedade. Nesse sentido, quisemos saber que visão tem Omar Guerra da saúde mental das suas equipas? E o que tem sido instituído na empresa nesta área?
O CEO da instituição começa por reconhecer que o setor bancário tem passado por vários desafios e pressões e, em paralelo, o BAI Europa encontra-se num processo de mudança cultural e implementação de um plano estratégico desafiante. Relembra igualmente os efeitos da pandemia da covid-19 que ainda se fazem sentir, recordando que o regresso ao trabalho presencial "tem sido uma aprendizagem para todos".
Uma resposta adequada
Face a este contexto, o BAIE encontra-se atento e consciente à realidade das equipas que "estão a passar por um período desafiante". "Por isso queremos criar, dentro e fora da organização, uma cultura de suporte aos temas de saúde mental, contribuindo para a redução do estigma associado, enraizado na sociedade em geral e para uma resposta adequada aos problemas de saúde mental dos colaboradores", assegura Omar Guerra. Ato contínuo, o BAI Europa criou um programa "para todos os colaboradores que sintam necessidade de receber apoio psicológico, através de sessões com uma psicóloga parceira do banco, ou através de sessões comparticipadas com outro psicólogo escolhido".
"Associámo-nos também como membro-fundador da MindAlliance em Portugal, tendo partilhado um testemunho pessoal de burnout, superado com apoio especializado que me permitiu percorrer um enorme caminho de autoconhecimento", revela o CEO do BAIE, prosseguindo: "Esta decisão de recorrer a ajuda permitiu-me também encontrar instrumentos que posso utilizar para atingir um melhor equilíbrio em todos os papéis que desempenho, tanto a nível profissional como pessoal."
Omar Guerra lembra que a saúde "é um dos alicerces mais importantes da vida" de cada um de nós, e se é normal cuidar da nossa saúde em geral, temos de "encarar com igual normalidade cuidar da saúde mental".