No Palco da Mostra Empresarial, a "IGNITE Session", dinamizado pela Associação Fibrenamics, um Instituto de Inovação em Materiais Fibrosos e Compósitos que serve de plataforma para a transferência do conhecimento gerado na Universidade do Minho, dedicou-se ao debate sobre a sua atividade e a inovação nos seus diversos setores – saúde, bem-estar, mobilidade, defesa, proteção social, construção, arquitetura e eco-design –, moderado por Pedro Pacheco, diretor de marketing da instituição.
Gil Carvalho, diretor da Área de Dinamização Económica e Atração de Investimento (DEAI) da InvestBraga, abriu a sessão, reforçando que a InvestBraga tem por objetivo "passar do modelo "Made In" para o "Invented" in Braga", o que só se consegue com produtos inovadores, como os desenvolvidos pela Fibernamics".
O investigador sénior na área da Inteligência Artificial (IA) na Universidade do Minho, Pedro Pereira, apresentou "O caminho para soluções de software inteligentes", expondo exemplos de implementação destas ferramentas em empresas, de forma a melhorar a gestão do stock e até os recursos das cidades.
Quanto às dificuldades, Pedro Pereira lembra que "a IA não é magia". Possui limitações como a dependência de dados e a falta de contexto. Além disto, esclareceu que "este tipo de sistemas não vem para nos substituir, vem para nos ajudar". No entanto, reconheceu a necessidade de regulamentação, educação e consideração das questões éticas, como a justiça social.
Seguiu-se um momento de tertúlia, iniciado pelo conceito do Ecodesign, que exige que as empresas trabalhem "com e para a natureza". Claúdia Silva, da Colep, refletiu sobre o facto de não haver estudos de lifecycle analysis das ditas embalagens sustentáveis e questionou o interesse da biodegradabilidade em detrimento da reutilização, depositando a responsabilidades destas decisões nas empresas.
Do setor da mobilidade destacou-se a oportunidade de desenvolvimento de materiais mais leves, que levam à poupança de combustível. Fernando Cunha, da Fibernamics, acrescenta que "sustentabilidade só, não chega. É necessário pensar a emissão de carbono no desenvolvimento dos produtos", ponderando os desafios da reciclagem do veículo no final de ciclo de vida.
Os produtos inovadores apresentados estenderam-se à área da arquitetura, proteção pessoal e outros. Apesar de parecer uma realidade distante, os oradores esclareceram que a proteção contra armas químicas, biológicas, radiológicas e nucleares e as tecnologias de informação seguras são cada vez mais importantes no panorama social.
Profissões com passado, presente e futuro
Já da parte da tarde na Semana da Economia, o projeto MakeBraga CLDS4G promoveu a empregabilidade jovem com o fórum "Profissões com passado, presente e futuro". Rui Marques, diretor-geral da Associação Empresarial de Braga, Ramiro Brito, vice-presidente da Associação Empresarial do Minho, Joaquim Peixoto, diretor do Centro de Formação Profissional de Mazagão e Lúcia Pereira, diretora pedagógica da Escola Europeia do Ensino Profissional, desmistificaram crenças relacionadas com profissões técnicas, como soldador, mecânico, carpinteiro, eletricista, canalizador e outras.
Lúcia Pereira reconheceu a necessidade de dar mais destaque às opções disponíveis no ensino profissional, assim como esclarecer que é possível enveredar pelo ensino superior depois desta formação. Todavia, os oradores acreditam que a sociedade desvaloriza a formação profissional e hipervaloriza o ensino superior, sendo este um fator que afasta os jovens destas profissões. Lúcia Pereira esclareceu que "estas profissões também são sinónimo de sucesso e boa remuneração".
Rui Marques afirmou que o modelo do sistema de ensino orienta os bons alunos apenas para o ensino superior, tratando com preconceito o ensino profissional. Como solução, Joaquim Peixoto aponta para a valorização da orientação vocacional, dando a oportunidade aos jovens de tomar "escolhas conscientes de acordo com a sua vocação e características".
Sobre o impacto da IA, Ramiro Brito afirma que "estas profissões não serão facilmente substituídas pela tecnologia", pelo que é essencial continuar a investir na sua formação e, numa intervenção da plateia, Adriana Feliz, da empresa O Feliz, lembrou que "grande parte dos empresários são fruto das escolas profissionais".
A Inteligência Artificial na Animação e nos Efeitos Visuais
Mais tarde, e ainda no mesmo espaço de exposição, a produtora facilitadora de filmagens e estúdio VFX bracarense NuBoyana, com participação em filmes como "Hellboy" e "Assalto ao Poder", dinamizou a sessão "A Inteligência Artificial na Animação e nos Efeitos Visuais".
Faz parte do Nu Boyana Film Studios, um grupo internacional com uma longa história de produção cinematográfica em grande escala. A produtora, instalada desde 2018 em Braga, cresceu imensamente nos últimos anos, contando com uma equipa de artistas locais e internacionais com um histórico comprovado de excelência.
José Costa, head of marketing na Nu Boyana, apresentou este projeto e revelou de que forma a IA contribui já nas suas produções. "A IA reduz as tarefas arcaicas, permitindo uma melhoria na eficiência e produtividade". Com o auxílio destas ferramentas, esta indústria pode concentrar-se ainda mais nos seus elementos criativos, que são a alma das duas empresas do guarda-chuva da NuBoyana: Lusco Fusco, de produção de projetos animação e 3D, e NBFX, de serviços de efeitos visuais.
Transferência Tecnológica para as Empresas da Construção
No Pequeno Auditório, o Grupo Casais e a Fundação Mestre Casais refletiram sobre a temática desta que é a sexta Semana da Economia de Braga, com a Conferência "Transferência Tecnológica para as Empresas da Construção", reunindo Luís Simões da Silva, professor catedrático de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra, José Oliveira, Innovation Projects coodinator da Bosch, Marco Sousa, diretor do Gabinete de Propriedade Intelectual da TecMinho e Helena Silva, chief Technology Officer do CEiA (Centre of Engineering and Product Development), com moderação de José Gomes Mendes, presidente executivo da Fundação Mestre Casais.
Neste espaço, foram debatidos os desafios acarretados pela transferência tecnológica, incidindo na necessidade de melhoria da produtividade e da competitividade das empresas, nomeadamente as representadas.
Questionado sobre como a inovação e a aposta tecnológica pode impactar a competitividade do Grupo Casais, António Carlos refere que "se não houver uma modificação na construção, haverá uma morte como setor e como empresa".