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Combate ao desperdício é uma prioridade na União Europeia

Numa altura em que a União Europeia aperta o cerco às embalagens e a maioria dos Estados membros não cumpre as metas de reciclagem, realizou-se em Lisboa o primeiro European Packaging Waste Meeting, organizado pela Sociedade Ponto Verde.

08 de Novembro de 2023 às 11:09
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O debate do estado da reciclagem nos Estados membros da União Europeia (EU) e de como interfere com neutralidade carbónica não podia ser mais atual, frisou António Nogueira Leite, chairman da Sociedade Ponto Verde (SPV), na abertura do primeiro European Packaging Waste Meeting, organizado pela SPV e que juntou decisores políticos portugueses e europeus, académicos e empresários do setor "verde" no Centro Cultural de Belém. No centro da conferência, a ideia de que a Europa está a apertar o cerco às embalagens com um novo quadro regulatório.
Mas de nada serve a regulamentação se não se mudarem os hábitos e houver um efetivo combate ao desperdício, como alertou o chairman da SPV, António Nogueira Leite . "A maior parte dos Estados membros estará em risco de não cumprir as metas de 55% de reciclagem de resíduos urbanos e de 65% de reciclagem de todas as embalagens daqui a dois anos". Portugal "está num grupo de oito Estados membros, entre os quais a Estónia, a Finlândia e a Suécia, que correm o risco de não cumprir a meta de reciclagem de resíduos urbanos mas que estão no bom caminho para cumprir a de todos os resíduos".

Medidas em Lisboa
Os grandes desafios da sustentabilidade estão nas cidades, onde se concentram dois terços da população. O mote foi lançado por Ivone Rocha, presidente da Plataforma para o Crescimento Sustentável, para o tema da primeira talk: "Estão as smart cities a crescer ao ritmo necessário?". Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, lembrou, na sua intervenção, que Lisboa concorreu para ser uma das 100 cidades que vão ser neutrais em carbono em 2030. O autarca e ex-comissário europeu elencou medidas de impacto ambiental como a mobilidade gratuita, os superquarteirões, o aproveitamento das águas não potáveis e os túneis de drenagem (em construção). Como exemplo de cidadania, referiu as Jornadas Mundiais da Juventude em agosto. "No Parque Tejo, o nível que conseguimos de reciclagem foi de 70% naquela semana". A propósito do impacto do turismo para a economia, mas também para o ambiente, Carlos Moedas deixou claro que o setor terá de contribuir mais para a cidade. "O aumento da taxa turística é inevitável".
No debate "Está a Europa a responder à emergência climática?" participaram Leena Ylä-Mononen (por vídeo), diretora executiva da European Envirnonment Agency; Eero Yrjö-Kosniken, diretor executivo do IEEP – The Institute for European Environmental Policy; Justin Wilkes, Diretor Executivo do ECOS – Environmental Coalition on Standards e Stephan Morais, Managing General Partner, da Indico Capital Partners. A moderação ficou a cargo de Luísa Schmidt, investigadora principal do ICS-Ulisboa. O objetivo de a Europa ter uma economia circular em 2050 poderá ser atingido mas ficam dúvidas se basta a imposição de um quadro regulatório europeu a proibir embalagens. "É das propostas legislativas mais contestadas na União Europeia", alertou Eero Yrjö-Kosniken.


PORTUGAL SÓ NÃO FALHA NA RECICLAGEM DE EMBALAGENS

Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, olha com preocupação para o "atraso significativo" de Portugal em reciclagem. E é preciso "fazer mais" a nível europeu.

Porquê criar um European Packaging Waste Meeting?
Este evento nasceu da vontade e do empenho da Sociedade Ponto Verde em continuar a contribuir para o debate público de temas que são muito relevantes para todos nós: o Ambiente, a Sustentabilidade e a Economia Circular, com particular foco no setor dos resíduos urbanos e na reciclagem de embalagens. A nossa função é o serviço público a favor do país, e hoje só podemos olhar com preocupação para a situação atual. Há um atraso significativo na recuperação de muitos recicláveis, que têm de ser entendidos pelo seu valor económico e ambiental. Com a agravante de Portugal não ter ainda sequer, em alguns casos, sistemas de reciclagem montados que funcionem para vários materiais, como os biorresíduos, os elétricos ou os eletrónicos, que estão a contribuir para o incumprimento da meta de 55% de reciclagem da UE até 2025. Além de que existem novas metas nacionais para os resíduos urbanos para 2030 (60%) e 2035 (65%).

Como caracteriza a intervenção dos consumidores e das empresas portuguesas?
Os cidadãos em Portugal mostram compromisso com a reciclagem de embalagens, que é o único fluxo de resíduos urbanos que cumpre com as metas nacionais. Contudo, no resto, o país falha. E falha porque falta montar outros sistemas de recolha seletiva que, por sua vez, também vão ajudar a melhorar a qualidade dos resíduos de embalagens que são recolhidos no fluxo indiferenciado. Refiro-me aos eletrónicos e eletrodomésticos, aos monos como os colchões, mas também aos biorresíduos. Só estes correspondem a 40% dos resíduos urbanos que produzimos nas nossas casas.

A Europa está a responder bem aos desafios ambientais ou precisa fazer mais?
Defendemos que se poderia estar a fazer mais. A UE estabeleceu metas muito ambiciosas para se combater as mudanças climáticas, promovermos a sustentabilidade ambiental e incentivarmos uma economia cada mais circular e "verde". O Green Deal, que pretende tornar a Europa o primeiro continente neutro em termos de emissões de carbono até 2050, é um exemplo claro e muito ambicioso do esforço comum que existe para se responder a esses desafios. É determinante que existam regulamentações comuns, assim como mais cooperação entre os países, garantindo que as metas possam ser alcançadas de forma eficaz por todos.
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