O objetivo geral do projeto Atlazul é identificar desafios, oportunidades e gerar redes que promovam a especialização da área transfronteiriça no domínio do crescimento azul, bem como o desenvolvimento de ações inovadoras no domínio do crescimento azul sustentável relacionadas com processos metabólicos que fornecem novas soluções com suporte digital e melhoria do conhecimento terrestre e marinho, nas regiões de Andaluzia, Algarve, Alentejo e Galiza.
Com a realização do projeto, esperam-se os seguintes resultados globais:
Obtenção de sinergias entre setores da economia azul, que possibilitarão novas oportunidades de investimento empresarial e a melhoria da competitividade das empresas envolvidas, nos domínios da pesca e da aquicultura, do turismo costeiro e da biotecnologia;
Recolha e transferência de conhecimento nas áreas da compilação e processamento de informações marinhas, sobre processos relacionados com a pesca, aquicultura, turismo, portos e biotecnologia;
Identificação do potencial de crescimento azul em cada região e conceção de Estratégias Regionais de Crescimento Azul e formas adequadas de governação;
Estabelecimento de uma Aliança Marítima Atlântica entre os territórios participantes e criação dos respetivos Conselhos Regionais de Crescimento Azul.
Os parceiros
O projeto envolveu dezoito parceiros no total, tendo como beneficiários, do lado português, as Comissões de Coordenação e de Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve e do Alentejo, nas atividades de governação e planeamento, bem como as Universidades do Algarve e de Évora, o IPMA, a Docapesca e o Sines Tecnopolo, enquanto entidades que implementaram e dinamizaram ações nas áreas de I&D e das infraestruturas portuárias.
A Secretaria General de Acción Exterior da Consejería da Presidencia, Administración Pública e Interior da Junta de Andalucía foi o parceiro líder do projeto.
Em termos financeiros, o projeto contou com um orçamento de 5,5 milhões de euros e foi cofinanciado pelo FEDER, através do Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Interreg V-A Espanha-Portugal (POCTEP), cabendo aos parceiros portugueses um total de 1 milhão 670 mil euros.
As CCDR Algarve e Alentejo são parceiros no projeto na definição de uma Estratégia Regional de Crescimento Azul, enquadrada numa estratégia comum para a Eurorregião Alentejo, Algarve, Andaluzia (EUROAAA). O objetivo fundamental da estratégia consiste na obtenção de sinergias entre setores da economia azul para potenciar novas oportunidades de investimento empresarial e consequente melhoria da competitividade da região, assim como na identificação do potencial do crescimento azul.
As duas CCDR, conjuntamente com a Andaluzia, serão também responsáveis pelo estabelecimento de uma Aliança Marítima Atlântica entre os territórios participantes e pela criação dos respetivos Conselhos Regionais de Crescimento Azul.
Com o envolvimento de um conjunto de stakeholders, a CCDR Algarve aprofundou o diagnóstico da situação e formulou linhas de orientação estratégica e oportunidades de intervenção em diversas temáticas da economia azul, nomeadamente nas áreas da aquicultura e algas, pesca sustentável, das indústrias navais, do turismo, da formação, da investigação e da ciência. Por outro lado, para integrar um plano de ação em elaboração para o Algarve, solicitou aos diversos stakeholders o preenchimento da ficha de projeto tipificada, com a formulação de propostas de projetos e de ações de cooperação a desenvolver, para promover a valorização desses ativos, e que serão oportunamente concertadas com as demais regiões e possam vir a beneficiar de enquadramento no âmbito da Cooperação Transfronteiriça AAA.
Quanto à CCDR Alentejo está a desenvolver também a sua própria Estratégia Regional de forma participada. Promoveu no dia 31 de maio, em Évora, uma jornada de trabalho do projeto Atlazul e ontem realizou-se em Sines outra reunião para recolha de contributos.
No âmbito do mesmo projeto, o IPMA pretendeu contribuir com conhecimento inovador através da utilização do sistema de aquacultura em recirculação. Os sistemas RAS apresentam vantagens ambientais quando comparados com os sistemas de cultivo em fluxo contínuo, por permitirem produzir a mesma quantidade de peixe utilizando uma quantidade muito menor de água (até 100 vezes menor) e ter uma temperatura mais adequada para o crescimento das espécies com uma melhor gestão energética. O investimento global envolvido é de 135 mil euros.
O contributo das universidades
No que toca à Universidade do Algarve (UAlg), participou no projeto Atlazul e consolidou o Observatório do Estuário do Guadiana como ferramenta para uma adequada gestão destes ecossistemas costeiros, com base em ciência aberta, e disponibilizando as séries de dados em plataforma internacional.
A UAlg coordenou uma atividade na área encarregada de dinamizar iniciativas inovadoras e ações transfronteiriças e de especialização inteligente na economia azul, recorrendo à integração setorial entre turismo, pesca e aquicultura. Destacam-se eventos entre empresas, académicos e cidadãos, como o evento de inovação azul e sustentabilidade, realizado na Eurocidade do Guadiana. O investimento global envolvido é de 230 mil euros.
No projeto Atlazul foram também desenvolvidas várias ações pela Universidade de Évora na costa alentejana. Uma delas é o "SWCoastNet – Rede de Monitorização da Costa Alentejana", na qual se instalaram sistemas de monitorização na costa alentejana que permitiram a recolha de dados de parâmetros bióticos (Sistema de Monitorização de Movimentos de Organismos Aquáticos) e abióticos (Sistema de Monitorização Ambiental), que serão integrados e disponibilizados em portais de internet, como o da European Tracking Network ou o da Rede Portuguesa de Monitorização Costeira (CoastNet).
No primeiro sistema foram instalados oito recetores de biotelemetria acústica entre Sines e o cabo Sardão, foram colocados emissores acústicos e etiquetas externas em vinte raias e foram recuperados estes recetores para a descarga dos seus dados.
No outro sistema, foram colocados termómetros de registo semicontínuo a cerca de 2 m (nove, nas Costas Alentejana e Vicentina) e 25 m (integrados nos referidos recetores) de profundidade. Outra ação é o "AquaNewCI – Towards the Aquaculture of New Species in Novel Habitats: the Use of Coastal Infrastructures", em que se fizeram experiências de cultivo de percebes em molhes do Porto de Sines e se analisou o potencial do cultivo de invertebrados bentónicos em infraestruturas costeiras mediante a revisão de estudos publicados e não publicados. O investimento global envolvido é de 520 mil euros.
Docapesca investe 575 mil euros
A ação realizada sob a responsabilidade da Docapesca, no âmbito do projeto Atlazul, compreendeu a "Reabilitação da Marginal de Vila Real de Sto. António na Área do Terminal Transfronteiriço - Retenção Marginal". A área de intervenção, integrada na área de jurisdição da Docapesca, corresponde ao trecho marginal com um comprimento de 565 metros, localizado na margem direita da zona estuarina do rio Guadiana, e compreendido entre o Porto de Pesca e o Porto de Recreio do Guadiana, incluindo o Cais Comercial, o Cais Transfronteiriço e as áreas adjacentes aos antigos edifícios do Apeadeiro e da Alfândega (nova esquadra da PSP).
A intervenção consiste na reposição das condições de segurança da zona ribeirinha de Vila Real de Santo António, através da construção de uma nova retenção marginal e da substituição das escadas e defensas. Inclui ainda novas instalações de apoio à carreira fluvial transfronteiriça, que faz a ligação a Ayamonte e que anualmente transporta mais de 100 mil pessoas e 15 mil viaturas.
O investimento global realizado pela Docapesca – Portos e Lotas SA será de cerca de 575 mil euros.
Sines Tecnopolo dinamiza o crescimento azul
Já a Associação Centro de Incubação de Empresas de Base Tecnológica Vasco da Gama – Sines Tecnopolo foi outro dos parceiros portugueses no projeto Atlazul, tendo desenvolvido ações no sentido de dinamizar na região do Alentejo o intercâmbio de conhecimentos e experiências de crescimento azul, a integração setorial entre meio ambiente e turismo, bem como de contribuir para a definição da Estratégia do Crescimento Azul para a região Alentejo. O investimento global envolvido é de 175 mil euros.