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"A descarbonização da economia coloca uma pressão enorme sobre o setor energético"

A REN (Redes Energéticas Nacionais) comprometeu-se a atingir a neutralidade carbónica até 2040, antecipando as metas indicadas pela UE. Um objetivo ambicioso, que implica investimentos significativos para uma empresa comprometida com a sustentabilidade e integrada num setor sob pressão para concretizar a transição energética.

19 de Janeiro de 2023 às 14:44
Rodrigo Costa, CEO da REN
Rodrigo Costa, CEO da REN
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A transição energética e a descarbonização da economia são um imperativo e uma necessidade urgente, uma realidade que é prontamente reconhecida por Rodrigo Costa, CEO da REN. São desafios que implicam investimentos significativos em termos operacionais e financeiros para uma empresa com uma estratégia de sustentabilidade muito estruturada, dinâmica, e que se assume como exemplar em diversas vertentes. Parte dessa estratégia são os Prémios Agir, que existem desde 2014 e que já apoiaram mais de 15 mil pessoas. Os vencedores da edição de 2022 serão anunciados nos próximos dias.

 

Quais são as principais linhas de ação da Redes Energéticas Nacionais (REN) no âmbito da sustentabilidade ambiental, social e governação (ESG)?
Estamos a reforçar a nossa atuação nestas áreas e os nossos compromissos para melhorar a nossa prestação em todos esses vetores. Concretizando o que estamos a fazer nas várias áreas, a REN comprometeu-se a reduzir as emissões de âmbito 1 e 2 em 50% até 2030 (em comparação com 2019) e a atingir a neutralidade carbónica até 2040, dez anos antes do indicado pela União Europeia.

 

Queremos também ter um terço das posições de gestão de primeira linha ocupadas por mulheres até 2030 e, em termos financeiros, comprometemo-nos a que todas as novas obrigações emitidas sejam "verdes". É importante referir que, desde 2022, as métricas de desempenho dos gestores têm em conta critérios ESG, o que nos ajuda a ser mais rápidos e eficazes na prossecução destes objetivos.

 

Neste âmbito, como compara a REN com outras grandes empresas no contexto nacional, e com empresas similares no contexto global?
A REN compara muito bem. Por exemplo, a REN foi pioneira na promoção da igualdade de género em Portugal, promovendo políticas e práticas que garantem a igualdade de oportunidades e a igualdade de direitos e de liberdades. Reconhecemos e valorizamos de igual forma o papel das mulheres e dos homens na sociedade e no sucesso organizacional da REN. A nossa ação foi recentemente reconhecida ao sermos integrados no Índice de Igualdade de Género da Bloomberg, em que só estão 418 empresas em todo o mundo. A REN tem sido constantemente distinguida com os mais diversos prémios internacionais nestas áreas, o que demonstra que o caminho que estamos a seguir é o correto.

 

A transição energética e a descarbonização colocam grandes desafios a empresas como a REN. Como vê a evolução da operação e do negócio da REN neste contexto?
A transição energética e a descarbonização da economia são um imperativo e uma necessidade urgente. Esta realidade coloca uma pressão enorme no setor energético, com inúmeros desafios que não têm paralelo pela escala e pela necessária rapidez de atuação, mantendo elevados padrões de segurança de abastecimento. Estou a falar da diminuição na procura de geração de energia a partir de combustíveis fósseis, do aumento da produção a partir de fontes renováveis, e da procura crescente de novas soluções de geração de energia, como o hidrogénio.

 

Enquanto elemento fundamental do setor, a REN tem participado ativamente no esforço de transição energética, principalmente nas áreas do planeamento e gestão do Sistema Energético Nacional. A REN continuará a fazer o seu trabalho, dando os seus contributos para o que acha que deve ser o futuro, através do Plano de Desenvolvimento e Investimento da Rede de Transporte de Eletricidade e das Infraestruturas de Gás (Transporte, Armazenagem, Terminal de GNL e Distribuição). Sempre sem descurar por um segundo que seja a manutenção de elevados padrões de qualidade de serviço e de segurança de abastecimento.

 

Que desafios coloca à REN o aumento da percentagem de energia proveniente de fontes renováveis?
Os investimentos na Rede Nacional de Transporte têm-se focado na necessidade de transportar essa energia "verde" para os centros de consumo. Este aumento da produção de energia renovável – que vai continuar a verificar-se nos próximos anos – e a introdução progressiva de gases renováveis (biometano e hidrogénio) vão implicar um investimento significativo, em termos operacionais e financeiros. Mas a REN está bem preparada desse ponto de vista e estamos a alinhar a nossa estratégia financeira com a estratégia de sustentabilidade: em abril de 2021 já emitimos a nossa primeira obrigação "verde".

"A necessidade do reforço dos planos de investimento (...) é algo já aceite pelos diversos intervenientes do Sistema Elétrico Nacional e do Sistema Nacional de Gás"  Rodrigo Costa, CEO da REN

Como vê a evolução da atividade da REN no contexto de um maior escrutínio público do setor, em função, nomeadamente, dos custos crescentes com a energia?
A REN é uma empresa cotada, que funciona segundo princípios de transparência, objetividade, e eficiência económica, com um forte compromisso com o desenvolvimento sustentável, e que não tem qualquer problema com qualquer tipo de escrutínio. A necessidade do reforço dos planos de investimento, que são peça fundamental da adaptação das redes de gás e eletricidade às necessidades de descarbonização do país, é algo já aceite pelos diversos intervenientes do Sistema Elétrico Nacional e do Sistema Nacional de Gás. Seria bom que houvesse um movimento conjunto que permitisse a otimização de recursos e a minimização de custos.

Em concreto, que iniciativas estão em curso e que planos existem para minimizar ou compensar o impacto ambiental da atividade da REN?
A REN tem em curso um largo conjunto de iniciativas que têm como objetivo descarbonizar as suas operações. As nossas ações incluem programas de redução das emissões de metano, o incremento da economia circular, a pesquisa e futura introdução progressiva de equipamentos sem gás SF6, e a descarbonização da frota: no final de 2022, mais de um terço da frota da REN era já elétrica. Também estamos a trabalhar na instalação de sistemas de autoconsumo a partir de fontes de energia renovável nos edifícios administrativos e instalações técnicas.

 

É também de referir o esforço de envolvimento da cadeia de fornecimento no esforço de descarbonização. A título de exemplo, foi recentemente publicado o novo Código de Conduta de Fornecedores, no qual se densificaram os temas de ESG. Também os cadernos de encargos estão progressivamente a incorporar obrigações de reporte no âmbito das emissões e requisitos de ESG.

 

A nossa atuação na procura de sustentabilidade passa também pela progressiva integração do capital natural nas atividades empresariais e nos processos de tomada de decisão. Para além do desenvolvimento das infraestruturas cumprindo com rigorosos critérios de biodiversidade, estamos a implementar ações para o restauro de áreas e ecossistemas privilegiando soluções baseadas na natureza existente, reflorestando com árvores nativas e flora local.

 

Passando para a sustentabilidade social, quais são os principais projetos da REN neste âmbito? Que importância atribuem ao apoio a atividades sociais, culturais e científicas?
Nestas áreas temos apostado cada vez mais no envolvimento dos colaboradores e colaboradoras nas nossas decisões de responsabilidade social. Este é mesmo um dos princípios fundamentais da Estratégia de Sustentabilidade da REN. Desde 2019, que os colaboradores e colaboradoras são, todos os trimestres, chamados a votar nos projetos que vão ser apoiados pelo Orçamento Participativo da REN. Esses projetos são diretamente ligados ao apoio e à proximidade às comunidades locais e à proteção ambiental. Creio que já apoiámos mais de 50 projetos e iniciativas de cariz social, cultural e ambiental, de norte a sul do país, desde 2019.

 

Essa aposta no envolvimento dos colaboradores em ações de responsabilidade social e ambiental tem tido sucesso? Que balanço faz desse esforço de mobilização?
Fazemos um balanço muito positivo. Temos o exemplo do Share, um programa de voluntariado corporativo que é um dos processos de que a REN mais se orgulha. Ao longo dos anos, os nossos colaboradores sempre se envolveram em ações de voluntariado, mesmo durante a pandemia. São iniciativas de voluntariado que promovem o envolvimento da empresa e dos colaboradores e colaboradoras com as comunidades locais, apoiando projetos em áreas como a educação, o ambiente, ou o apoio social.

Com o prémio Agir, desde 2014 a REN já apoiou mais de 15 mil pessoas. Creio que nestes oito anos recebemos mais de 670 candidaturas, das quais apoiámos 24. E vampos continuar a fazê-lo" Rodrigo Costa, CEO da REN

Os vencedores da edição de 2022 do Prémio Agir da REN serão conhecidos nos próximos dias. Este prémio existe desde 2014 e em cada ano procura recompensar entidades que fazem a diferença em relação a temas sociais e ambientais específicos. Pode fazer um balanço deste Prémio? Quantas entidades foram apoiadas? Que projetos se destacam, e com que impacto social e ambiental?
Na minha perspetiva, todos os projetos apoiados pela REN no âmbito do Prémio Agir são de destacar. É-me muito difícil, é muito difícil para a REN, referir um que se tenha destacado acima dos restantes. Todos têm os seus méritos – se não os tivessem, não teriam ganho – e todos cumpriram e cumprem os seus propósitos. O que posso dizer é que desde 2014 a REN já apoiou mais de 15 mil pessoas. Creio que nestes oito anos recebemos mais de 670 candidaturas, das quais apoiámos 24. E vamos continuar a fazê-lo.

 

Em 2022, o Prémio Agir foi dedicado à promoção do meio ambiente, biodiversidade e combate às alterações climáticas. Quais as linhas de ação e que iniciativas concretas desenvolve a REN no âmbito da sustentabilidade ambiental?
A REN tem tido um papel relevante na proteção ambiental ao longo dos anos, seja através da concretização de políticas de defesa da biodiversidade, de defesa da floresta e de reflorestação, de educação ambiental, ou de apoio à investigação científica e tecnológica nestes temas. A atuação da REN, em todas as áreas, obedece a princípios sustentáveis, segue critérios rigorosos, e respeita padrões de excelência, sem nunca perder de vista o impacto positivo que a REN quer ter sobre as comunidades e ecossistemas junto dos quais trabalha. São princípios de que muito nos orgulhamos e de que não abdicamos.

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