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Cloud Computing 2017
Notícia

Serviços públicos em transição

Caminho parece definido apesar das incertezas em torno da privacidade, segurança e controlo da localização física dos dados.

15 de Março de 2017 às 09:58
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A entrada das organizações na nuvem está em marcha e muito dificilmente terá retorno. Face ao que parece ser uma inevitabilidade, o desafio que se coloca é como se prepara uma empresa ou o sector público para trabalhar com a "cloud"? Esta transição tem três vertentes: "A tecnológica, a humana e a de negócio", dizem Luís Veiga, professor do Departamento de Engenharia Informática e coordenador do mestrado em Engenharia Informática e de Computadores no Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa, e João Garcia, professor auxiliar do Departamento de Engenharia Informática do Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa. E os dois professores explicam: "Para todas é fundamental elencar os produtos disponíveis no mercado e identificar os ganhos possíveis, quer financeiros quer de maior foco no núcleo do serviço prestado. Em termos tecnológicos, é fundamental garantir que os serviços a transitar para a nuvem usam uma interface web e podem tirar partido da flexibilidade de escala dos centros de dados na ‘cloud’. Economicamente, é fundamental a análise comparativa entre os custos de manter um centro de dados privado e os custos da adaptação e transição para uma plataforma ‘cloud’."

 

Luís Veiga e João Garcia, que também são investigadores do INESC-ID Lisboa, referem, baseados em questionários, que os principais decisores portugueses consideram que a transição, especialmente de serviços públicos, para a nuvem "é o rumo expectável que os sistemas de informação tomarão, quer pela disponibilidade e escalabilidade das plataformas, quer pelas reduções de custos que podem representar". Ainda assim temem-se factores menos positivos como "a privacidade, a segurança e o controlo da localização física dos dados".

 

Segurança

 

As dúvidas em torno da segurança são amplificadas "devido à sua escala", ressalvam os docentes, para quem é "mais rentável" a utilizadores individuais e organizações pequenas e médias tirar partido do maior conhecimento e boas práticas do fornecedor, com "mais recursos humanos e técnicos". "O reverso da medalha é que quando uma vulnerabilidade de um grande fornecedor é explorada ou este fica temporariamente indisponível, essas falhas podem assumir um impacto global, ainda que com uma frequência baixíssima", reconhecem.

 

A segurança e a garantia total de privacidade dos dados podem implicar a necessidade de defendê-los mesmo dos fornecedores e seus funcionários. Este aspecto tem tido "progressos graduais com tecnologia criptográfica e extensões ao hardware e ‘hypervisors’".

 

Seja como for, a adopção de soluções de "cloud" é um processo gradual que começa em geral pelo uso de aplicações na nuvem, como o Gmail, e progride até, no limite, colocar todos os serviços da empresa ou serviço público num centro de dados na nuvem. "Pelo menos, 50% das empresas e serviços públicos portugueses já utilizam algum tipo de solução de computação em nuvem", asseguram.

 

É recorrente dizer que em Portugal há falta de pessoal especializado na área, mas o Técnico tenta inverter esta situação com disciplinas como Computação em Nuvem e Virtualização. Questionados sobre qual o grau de empregabilidade de um aluno do Departamento de Engenharia Informática do Técnico, respondem que "ronda os 100%, frequentemente conseguida antes mesmo da terminação da formação, o que, sendo uma situação interessante para os alunos, coloca desafios à coordenação do curso e ao departamento para assegurar que todos os alunos concluam efectivamente a dissertação".

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