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“Qualidade média das nossas empresas é muito alta”

Stephan Morais, administrador da Caixa Capital, advoga que as startups “têm de escolher muito bem os seus investidores”.

12 de Fevereiro de 2016 às 12:30
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No rescaldo da jornada Caixa Empreender Award - que premiou mais uma startup portuguesa (Prodsmart encaixa mais 100 mil euros para consolidar mercados) - o administrador executivo da sociedade gestora de fundos de capital de risco do Grupo CGD, Stephan Morais, fez um balanço positivo do evento. Antevendo "negócios, nos próximos meses" para algumas das jovens empresas participantes e um "ecossistema muito completo, daqui a dez anos" na economia portuguesa.

Que balanço se pode fazer desta segunda edição do Caixa Empreender Award?

Esteve muito acima das nossas expetativas. Tivemos cerca de 800 pessoas e mais de 20 fundos internacionais. Isso mostra que Lisboa e Portugal está a ser reconhecido verdadeiramente como um centro de inovação e tecnologia. E também que a Caixa desenvolveu um conjunto de operações e de parceiros a nível mundial, que é único e ímpar.

Este evento dá alento à Caxa Capital para apostar ainda mais?

Sem dúvida. Continuamos a viver uma época de ouro em termos de empreendedorismo em Portugal. Acho que a Caixa Capital tem uma rede e um portefólio verdadeiramente únicos em termos da qualidade média das suas empresas.

Os investidores não vieram necessariamente de cheque na mão. Ainda assim, é de esperar bons negócios para as startups portuguesas?

Acho que sim. Tivemos sessões privadas com algumas empresas, das que já estão à procura de rondas de milhões, e com investidores. E estes disseram-nos que aquelas empresas, a serem as que constam do nosso portefólio, os fundos da Caixa Capital iriam ter resultados muito bons.

A qualidade média das nossas empresas é muito alta. Portanto, se os investidores acham que é boa, vão querer investir. Acho que vão sair daqui negócios nos próximos meses.

Lisboa e Portugal, em que lugar estamos no ranking do empreendedorismo?

Acho que há claramente uma primeira divisão, constituída por Londres, Paris, Berlim, Escandinávia e depois na área das ciências da vida, Amesterdão e Suíça. São centros que têm uma tradição já muito, muito grande. A seguir, há uma série de cidades como Lisboa, Barcelona, e se calhar Helsínquia.

Mas temos de ver que Lisboa, há três anos, não estava em ranking nenhum. Portanto, é um progresso fenomenal Portugal ter aparecido do nada e ser hoje em dia considerado, como me diziam, a Berlim de há três ou quatro anos, mas com tecnologia a sério. E isso é um grande elogio.

Este desenvolvimento coincide com a atuação da Caixa Capital no mercado?

Em parte é uma coincidência e em parte não o é. A existência de startups e de empreendedores de grande qualidade vinha a ser criada nos últimos dez anos. Mas também é verdade que, ao termos uma estratégia de apostar de uma forma muito específica nas melhores, e apenas nas melhores empresas, e voltar a apostar só nas melhores de entre as que já foram escolhidas e apresentá-las aos investidores estrangeiros, temos uma espécie de funil que nos permite esperar bons resultados.

Numa recente entrevista, considerou que ambição, mérito, qualidade de ensino eram fundamentais para termos boas empresas. Há alguma outra recomendação?

Uma outra recomendação, neste mercado específico, é que as empresas, como são muito jovens, têm que se apoiar muito nos investidores e têm de escolher muito bem os seus investidores. Estes têm de ser muito interventivos, no início, e deve haver uma relação de simbiose e de entreajuda muito grande.

Nós escolhemos as nossas empresas também pelo tipo de personalidade dos fundadores. Se são pessoas com quem se pode falar, conversar e construir coisas em conjunto. Há uma avaliação quase psicológica da nossa parte do tipo de empreendedores em quem investimos.

Usando a terminologia deste setor, estamos na fase dos "coelhos" [RABBIT - Real Actual Businesses Building Interesting Tech], dos "unicórnios" [startups avaliadas em mais de mil milhões de dólares] ou dos "dragões" [empresas capazes de restituir os investimentos recebidos]?

Temos um "unicórnio" que é a Farfetch, da qual nós somos também investidores. "Dragões", não houve ainda nenhum. "Coelhos", já há alguns em Portugal. Há empresas que já são rentáveis e que estão a crescer.

Temos de ver isto a longo prazo. São cinco a dez anos. Daqui a dois anos vamos estar muito melhor; daqui a cinco anos, melhor ainda; e daqui a dez anos, vamos ter um ecossistema muito completo. Os primeiros casos em que se fizerem os exits e ficarem bem financeiramente, vão voltar para fazer novas empresas. Vão ser novos investidores.

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