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Energia descentralizada é uma solução para todas as indústrias

Da logística às ciências da vida, passando pelo imobiliário ou indústria química, todas as empresas, independentemente do setor, podem ser participantes ativos na transição energética, ao mesmo tempo que reduzem a sua fatura de eletricidade.

30 de Abril de 2024 às 12:03
Stefano Fissolo, responsável por renováveis na GLP Europe, Eamon Judge, ex-diretor-executivo da Eli Lilly, Luís Delgado, membro do conselho de administração da Bondalti, e José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties.
Stefano Fissolo, responsável por renováveis na GLP Europe, Eamon Judge, ex-diretor-executivo da Eli Lilly, Luís Delgado, membro do conselho de administração da Bondalti, e José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties.
A cada dia que passa, o prazo para atingir as metas climáticas aproxima- se e obriga a uma aceleração das medidas de transição energética nas empresas, independentemente do seu setor de atividade. O último painel de debate do Be Next – Europe’s Decentralized Energy Innovation Forum procurou dar a conhecer exemplos de organizações, portuguesas e estrangeiras, que estão a apostar forte na jornada de descarbonização. Em comum têm a produção descentralizada como foco. "Decentralized Energy in Practice: A Cross-Industry Vision for Energy Transition" juntou Stefano Fissolo, responsável por renováveis na GLP Europe, Eamon Judge, ex-diretor-executivo da Eli Lilly, Luís Delgado, membro do conselho de administração da Bondalti, e José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties.

Mais do que cumprir a legislação, as empresas querem reduzir a sua pegada carbónica e, sobretudo, os custos de energia. Isto é particularmente importante em áreas que exigem um consumo intensivo de energia, como a Bondalti, que está na indústria química.

"É crítico que mudemos a forma como operamos, não apenas por causa da legislação, mas é muito importante termos uma vantagem competitiva face à nossa concorrência", explica Luís Delgado. O principal objetivo é alcançar 100% da energia a partir de fontes renováveis em 2040, mas para que isso seja possível foi preciso construir um parque solar com capacidade de 14 MW, que apesar da dimensão representa apenas uma parte do consumo energético.

"Acreditamos que não podemos apenas construir os parques, precisamos de armazenamento. O armazenamento é essencial na nossa indústria, porque operamos 24 horas por dia", reforça. Eamon Judge, hoje reformado da sua atividade à frente da farmacêutica Eli Lilly, sentiu a mesma necessidade e foi por isso que apostou na criação de "um grande portefólio de renováveis" em todo o mundo – neste momento, representa 40 GWh de energia elétrica, o que permitiu reduzir a pegada carbónica em 25% nos últimos dois anos.

"A velocidade [na transição] é importante e as soluções de larga escala demoram. A geração distribuída é a resposta", insiste.

Comunidade de energia na Comporta

José Cardoso Botelho lidera a Vanguard Properties, que tem sob alçada o desenvolvimento de um grande projeto imobiliário na Comporta, e olha para a descarbonização como parte essencial da estratégia de futuro. "Se hoje não tivermos um certificado energético elevado, nenhuma grande empresa vai querer arrendar um edifício. Com a nova legislação [para a eficiência dos edifícios], as pessoas vão perceber a importância de investir em edifícios eficientes", aponta.

Além de ter procurado inovar nos materiais e nos métodos de construção, a Vanguard Properties criou, em parceria com o Grupo Greenvolt, uma comunidade de energia na Comporta para "criar o projeto mais sustentável alguma vez feito na Europa". "Hoje temos uma comunidade de energia, o que significa que todos os edifícios terão nos telhados painéis e cada casa terá armazenamento", explica.

Stefano Fissolo, da GLP Europe, encontrou uma solução para tornar o setor da logística mais verde e, ao mesmo tempo, aumentar a rendibilidade do imobiliário alocado a esta atividade. Aos senhorios e proprietários de grandes armazéns, a empresa propôs o arrendamento dos telhados para lá instalar painéis fotovoltaicos que produzam energia renovável. Aos inquilinos, é oferecida a hipótese de beneficiarem dessa energia, através de PPA [contratos de fornecimento de longo prazo], e com isso reduzirem custos e a pegada carbónica. "É um modelo de zero investimento. Está a correr muito bem e temos 400 propriedades na Europa para a produção solar a curto prazo", adianta.
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