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Mercados seguem de vento em popa

Confiança e um receio em níveis mínimos são sinais que estimulam actualmente os mercados a nível mundial. Que, por entre as baixas taxas de juro, parecem navegar incólumes a anunciadas e reais crises políticas.

29 de Junho de 2017 às 18:18
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Brexit, Trump, Putin, Le Pen, Daesh, são palavras que assaltam diariamente os noticiários, capazes de provocar apreensão em qualquer cidadão mais atento. Ainda assim, pouco ou nada parecem ter afectado os mercados financeiros, levando mesmo alguns analistas a tentar adivinhar se a maré se vai manter.

 

Em Maio, à eleição de Emmanuel Macron como novo e o mais novo presidente francês seguiu-se um registo historicamente baixo do mais referenciado indicador de volatilidade. O VIX - por extenso, Chicago Board Options Exchange Market Volatility Index -, conhecido como índice do medo, por medir as expectativas a curto prazo dos investidores em relação à turbulência do S&P 500, chegou a mínimos de 1993.

 

Há quem tente adivinhar se o estado tão baixo deste índice do medo é prenúncio de uma tempestade anunciada. Mas há também quem veja poucas evidências para considerar que a baixa significativa do VIX seja um sinal de um futuro stress nos mercados.

 

Shaun Osborne, estratega do Scotiabank, ouvido há dias pelo Financial Post, considerava que "o índice VIX parece ser reactivo, em vez de preditivo. E os seus níveis extremamente baixos perduraram por longos períodos, antes de voltarem a subir com riscos elevados nos mercados".

 

O analista não descura, contudo, que factores políticos à escala mundial possam mesmo afectar os mercados, apesar de tal não se ter verificado, quando muitos o adivinhavam, por exemplo, com a eleição de Donald Trump no final do ano passado.

 

Mas, mesmo tendo em conta alguma sazonalidade dos "mercados accionistas, que são mais voláteis normalmente a meio do ano" e que "o VIX costuma subir significativamente em Julho, Agosto e Setembro", a sua baixa histórica para mínimos de há quase 25 anos mostra que os tempos estão animados e proveitosos para os investidores.

 

Bull-Market

Optimista, talvez, confiante, seguramente, mas sobretudo realista, Luis Gomes, presidente da corretora Activotrade, sediada em Barcelona, considera que "desde 2009, vivemos um "Bull-Market", em particular nos mercados norte-americanos", que "acabaram por contagiar também as bolsas europeias".

 

"Esta tendência ascendente levou o índice de referência mundial, o S&P-500, a valorizar mais de 260% nos últimos oito anos. Isto significa que, em média, as 500 maiores empresas norte-americanas mais do que triplicaram de valor, possibilitando rendibilidades claramente superiores à maioria dos produtos convencionais e mais conservadores", salienta Luis Gomes ao Negócios em Rede.

 

O analista lembra mesmo "eventos que à partida poderiam apresentar riscos importantes para economia mundial, tais como o Brexit, o referendo em Itália ou das eleições nos Estados Unidos", que não abalaram as bolsas de valores. Que "sempre conseguiram recuperar rapidamente de todas as correcções, dando um sinal de força e de confiança para os investidores".

 

Director da banca online do Banco Carregosa, uma das mais antigas instituições financeiras do país, com uma reconhecida presença na corretagem por via digital, através da GoBulling, João Queiroz reconhece também haver hoje índices de confiança animadores.

 

"Claramente e em linha com o aumento do que se verificou no ambiente externo. Após um período de contínua depreciação das cotações das suas aplicações, a recuperação e valorização dos activos vem trazer um maior capital de convicção e optimismo", salienta ao Negócios em Rede.

 

Juros e conhecimento

A impulsionar os mercados e os investimentos, os analistas destacam a continuidade das taxas de juro e também um maior conhecimento por parte de quem pretende aplicar o seu dinheiro.

João Queiroz salienta, contudo, que "as baixas taxas de juro constituem uma elevada motivação mas os crescimentos dos ganhos por acção e maiores dividendos dão um maior suporte às decisões de investimento".

 

Ou seja, "uma vez que o risco do investimento em acções é maior do que em depósitos a prazo, por exemplo, a expectativa de remuneração é também superior", um atractivo que se torna cada vez maior, com o aumento do conhecimento dos mercados por parte dos investidores.

 

"Os investidores estão cada vez mais informados e procuram mais elementos fundamentais e apontamentos de análise técnica que lhes permitam tomar decisões mais fundamentadas", refere o director do Banco Carregosa, reconhecendo que "os próprios intermediários financeiros estão mais disponíveis para fornecer formação".

 

A título de exemplo, João Queiroz salienta que, "no Banco Carregosa, além de fornecermos análises especializadas exclusivas para os nossos clientes, procuramos contribuir para uma literacia financeira do público em geral oferecendo seminários presenciais ou via internet".

 

Tal como acontece a partir de Portugal com o Banco Carregosa, em Madrid, a corretora Activotrade também oferece workshops de bolsa gratuitos para qualquer investidor, independentemente dos seus conhecimentos ou experiência, tanto presencialmente como online".

 

Ricardo Ferreira assume que "a informação disponível sobre os mercados financeiros, nomeadamente análise fundamental e técnica, permite incrementar a probabilidade de acerto das decisões de investimento face ao que existia há dez anos".

 

Investidores cada vez mais informados surgem assim como dinamizadores dos mercados, sabendo-se que "a baixa das taxas de juro é um dos principais factores para a subida dos mercados nos últimos anos, o que por sua vez, veio aumentar o interesse das pessoas em investir na bolsa", como refere Ricardo Ferreira.

 

Com informação e juros baixos, o analista salienta ainda que "o aparecimento de novos produtos, como os CFD, e o maior número de corretoras que oferecem plataformas que facilitam bastante os investimentos em bolsa são grandes catalisadores para o crescimento do volume de negociação nos mercados financeiros".

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