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Banca Digital e Trading 2017
Notícia

Digitalização chega à abertura de conta, mas…

A videoconferência e a biometria são os recursos tecnológicos colocados em cima da mesa pelo Banco de Portugal para rever o processo de abertura de conta, mas os estágios diferentes de inovação dos bancos ainda não permitem vislumbrar a uniformização.

28 de Setembro de 2017 às 10:41
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A abertura de conta em minutos parece um atractivo sedutor contra o burocrático processo tradicional. A grande maioria (82%) das instituições refere a fidelização dos clientes como uma das principais razões para apostarem na digitalização de produtos e serviços bancários. O segundo factor mais referido é a captação de novos clientes (64%).

 

O Banco de Portugal já decidiu que esse é um passo que tem de ser dado e dá-o, justificando-o com "a crescente digitalização dos produtos e dos serviços bancários, as novas expectativas e necessidades dos clientes bancários e a importância de assegurar condições de igualdade entre as instituições de crédito sediadas em Portugal e nos outros países da União Europeia".

 

O Banco de Portugal garante que as novas regras a adoptar resultam de um diálogo com as instituições e outros agentes do mercado, no sentido de encontrarem mecanismos alternativos para comprovar a identificação pessoal dos clientes, que é essencial no processo de abertura de conta.

 

Há ainda muitas questões que os bancos continuam sem endereçar. No Relatório de Supervisão Comportamental 2016, o Banco de Portugal considerou as respostas de 20 bancos. Os resultados do questionário referem não ser ainda possível abrir uma conta de depósito à ordem de forma totalmente digital e à distância em qualquer das instituições inquiridas. Não obstante, alguns bancos desenvolveram ferramentas que permitem a abertura digital de conta, sem necessidade de recurso a papel, nas próprias agências.

 

A desmaterialização do processo é um primeiro passo para que todos os procedimentos passem a ser realizados nos canais digitais, pelo que são apresentadas nesta análise as novas funcionalidades associadas à abertura de uma conta de depósito à ordem, reportadas pelos bancos inquiridos.

Em metade destes bancos é possível iniciar o processo de abertura de conta no canal online através da inserção manual pelo cliente dos seus dados pessoais, funcionalidade que apenas está disponível através de apps em duas instituições.

 

De acordo com as intenções de disponibilização desta funcionalidade manifestadas pelas entidades, é expectável que, num futuro próximo, seja possível executar este procedimento em 95% dos bancos, no caso do canal online, e em 60% dos bancos, no caso das aplicações móveis.

 

Apps são um universo a desbravar

O relatório dá conta de que a introdução dos dados pessoais do cliente através da leitura do chip do cartão do cidadão é referida como sendo possível apenas através de um dispositivo de leitura de cartões existente nas agências de 15% dos bancos inquiridos, funcionalidade susceptível de ser realizada através de canal online no caso de uma instituição.

 

Nenhum banco admitiu que este processo é concretizado através de um leitor do cliente, ou seja, sem que este se desloque a uma agência para efectuar o procedimento presencialmente.

 

Em termos de perspectivas para o futuro próximo, 45% dos bancos revelam intenção de utilizar dispositivos de leitura do cartão do cidadão nas agências para facilitar a introdução dos dados pessoais do cliente no momento da abertura de conta e 40% prevêem fazê-lo a partir de leitor do próprio cliente, funcionalidades que em ambos os casos estarão associadas ao canal online.

 

A maioria dos bancos não tem planos para disponibilizar através de apps a possibilidade de leitura do cartão do cidadão num leitor da agência ou do próprio cliente. Como funcionalidades implementadas de identificação e autenticação digital do cliente, os bancos inquiridos apenas identificam a recolha de assinatura digitalizada no tablet da instituição e a utilização de dados biométricos.

 

A assinatura digitalizada no tablet é identificada como sendo disponibilizada apenas por um banco em associação ao seu canal online e por 15% com recurso a aplicações móveis. Por sua vez, dois bancos referem a utilização de dados biométricos, como o "traço" e a pressão da assinatura, associados ao seu canal mobile.

 

Na digitalização do processo de abertura de conta de depósito à ordem, perspectiva-se uma evolução muito significativa nos próximos anos. Além da expansão da recolha de assinatura digitalizada no tablet ou smartphone e da utilização de dados biométricos, referida por 35 a 45% dos bancos, mais de metade afirma que pretende disponibilizar a assinatura electrónica, a identificação e autenticação digital através de videoconferência e a one-time password (OTP).

A generalidade das instituições assume não ter planos para disponibilizar funcionalidades como a utilização do chip do cartão do cidadão e o IBAN de outra entidade com quem o cliente já tenha uma relação de negócio para efeitos de identificação e autenticação digital na abertura de conta de depósito à ordem.

 

Europa um passo à frente

O Relatório de Supervisão Comportamental 2016 dá conta de que em alguns Estados-membros da União Europeia já é possível a abertura de conta de depósito à ordem exclusivamente através de canais digitais. O cliente bancário não tem de se deslocar à agência da instituição para iniciar ou completar o processo. É o caso, entre outros, de Alemanha, Espanha, França, Itália, Reino Unido e Suécia, em que se publicita um processo simples e rápido, que poderá completar-se em poucos minutos.

 

Na abertura de conta, o cumprimento do dever de identificação do cliente por parte das instituições financeiras é um aspecto crucial. Tem-se verificado o surgimento de diversas inovações com vista a assegurar que, no ecossistema digital, este dever é cumprido nos termos exigidos pela regulação de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo.

Muitas instituições financeiras desenvolveram parcerias com empresas tecnológicas "fintechs" nas áreas da identificação e da autenticação digital, da assinatura digital e da biometria, comprando os serviços e as plataformas tecnológicas ou trabalhando em regime de "outsourcing" com estas organizações, tirando proveito da sua criatividade e dos seus sistemas mais leves e flexíveis.

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