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"Dias mais negros" da inflação já ficaram para trás, diz Lagarde
Em visita à Lituânia, Christine Lagarde esclarece que a direção a seguir "é clara" e que o banco central vai continuar a cortar os juros em 2025. No entanto, não deixa de ressalvar a existência de vários riscos.
A mensagem parece ligeiramente mais otimista do que a transmitida após a última reunião do Banco Central Europeu (BCE). Em visita à capital da Lituânia, a presidente da autoridade monetária da Zona Euro, Christine Lagarde, afirmou que "os dias mais negros de inverno parecem ter ficado para trás", referindo-se às taxas de inflação elevadas que assolaram o bloco de países no período pós-pandémico.
"A direção a seguir é clara e esperamos continuar a baixar as taxas de juro", esclareceu a presidente do BCE, depois de ter reafirmado na semana passada que existem vários riscos que podem levar a aumento da inflação na Zona Euro, nomeadamente um aumento dos salários e lucros acima do previsto, bem como tensões geopolíticas acrescidas.
Estes fatores mantêm-se, mas Lagarde acredita que o BCE está mais "perto de conseguir atingir a meta [de 2% na inflação]" e que "existe agora um maior alinhamento entre as nossas perspetivas e a inflação subjacente". De acordo com as previsões mais recentes da autoridade monetária, a inflação deve atingir os 2,1% no próximo ano e continuar em trajetória descendente até aos 1,9% em 2026. Em novembro, a inflação cifrou-se nos 2,3%.
O banco central também espera que o aumento dos salários perca força no próximo ano, recuando dos 4,8% atuais para apenas 3% - "o nível que consideramos, de forma genérica, coerente com o nosso objetivo", afirmou a francesa. Já a nível de crescimento económico, que tem vindo a ser revisto em baixa nas últimas reuniões, Lagarde considera que este pressupõe um "risco negativo" no combate à inflação.
A presidente do BCE voltou também a reforçar o impacto que os riscos geopolíticos mundiais podem ter sobre o escopo de atuação da autoridade monetária. Em particular, um aumento do "spread" entre os vários Estados que compõe a Zona Euro, que podem levar a uma política monetária menos eficiente. "A avaliação da transmissão monetária continua a ser importante", esclareceu Lagarde.