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Juros da dívida de curto prazo dos EUA disparam para máximos desde o colapso do Lehman

Depois de o Tesouro norte-americano ter pago as taxas mais altas em uma década para se financiar a curto prazo, os juros no mercado secundário seguem em máximos de Setembro de 2008.

EPA
21 de Fevereiro de 2018 às 12:27
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Há quase dez anos que os investidores não exigiam tanto para trocar dívida norte-americana de curto prazo entre si. No mercado secundário, as ‘yields’ associadas aos títulos dos Estados Unidos a três e seis meses atingiram esta quarta-feira, 21 de Fevereiro, o valor mais alto desde o colapso do Lehman Brothers, em Setembro de 2008.

Nessa altura, a taxa de juro de referência da Reserva Federal estava nos 2%, e três meses depois, em Dezembro, foi cortada para o mínimo de 0,25%, naquela que foi a décima descida em pouco mais de um ano. A autoridade monetária estava a cortar os juros desde 2006, e estes só haveriam de subir em Dezembro de 2015, depois de afastados os receios em torno da recessão.

Neste momento, os juros associados aos títulos a três meses sobem 4,13 pontos base para 1,6365%, depois de terem tocado em 1,6799%, o valor mais alto desde Setembro de 2008. O mesmo acontece com os juros da dívida a seis meses que, depois de terem negociado em 1,8547% - um máximo da mesma altura – seguem em 1,8392%, com um avanço de 1,86 pontos base.

O agravamento, porém, tem sido gradual nos últimos meses, com o mercado de dívida a reflectir os receios dos investidores em torno da alta da inflação e das suas consequências ao nível da política monetária, assim como da evolução do défice comercial e orçamental da maior economia do mundo.

Esta evolução reflectiu-se na emissão de dívida realizada pelo Tesouro norte-americano, na terça-feira, em que o país pagou as taxas mais altas em uma década para se financiar a curto prazo, numa operação em que emitiu mais de metade do montante total de dívida que pretende colocar esta semana.

Na terça-feira, foram colocados um total de 179 mil milhões de dólares, em linhas de três e seis meses. No prazo mais curto, o Tesouro pagou uma taxa de 1,64% para colocar 51 mil milhões de dólares, mais seis pontos base do que na emissão comparável anterior. A seis meses, colocou 45 mil milhões de dólares com um juro de 1,82%, de acordo com os dados da Bloomberg.

Com um prazo de um mês, o Tesouro colocou 55 mil milhões de dólares com uma taxa de 1,38%, e com a procura a superar a oferta em 2,48 vezes, o valor mais baixo desde 2008. Foram ainda emitidos 28 mil milhões de dólares em títulos a dois anos, com um juro de 2,255%, o nível mais alto em praticamente uma década.

No total, o Tesouro pretende colocar esta semana 258 mil milhões de dólares, estando agendadas para os próximos dois dias emissões a dois, cinco e sete anos.

No mercado secundário, os juros das obrigações a cinco anos atingiram ontem o valor mais alto desde Abril de 2010, em 2,6857%, e a dez anos alcançaram, na semana passada, o nível mais elevado desde Janeiro desse ano. Nesta altura, recuam ligeiros 0,18 pontos para 2,8878%. 

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