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IGCP emite 1.250 milhões em dívida a 3 e 11 meses com juros menos negativos

O Tesouro português conseguiu colocar o valor ligeiramente acima do máximo pretendido, de 1.251 milhões de euros, no duplo leilão de dívida de curto prazo realizado esta quarta-feira.

Cristina Casalinho
Miguel Baltazar
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Portugal financiou-se esta quarta-feira em 1.251 milhões de euros, com um duplo leilão de bilhetes do tesouro (BT), a três e onze meses, tendo sido a primeira ida de Portugal ao mercado de dívida, desde que o Governo apresentou a proposta do Orçamento de Estado para 2022.

Os juros mantiveram-se negativos nas duas emissões, mas  ficaram ligeiramente acima das taxas fixadas em fevereiro.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP emitiu 451 milhões de euros em títulos com maturidade em julho de 2022, com um juro negativo de -0,655%, ligeiramente abaixo da taxa mínima paga em fevereiro: -0,610. Segundo os dados da Bloomberg, a procura foi de 3,06 vezes a oferta, um "bid-to-cover" inferior ao registado há dois meses (3,69 vezes).

 

Na emissão a 11 meses, o Tesouro colocou 800 milhões de euros, com uma taxa negativa de -0,314%, um juro menos negativo que os -0,555% no leilão com a mesma maturidade realizado em fevereiro. Já a procura foi de 2,12 vezes a oferta, um "bid-to-cover" superior ao registado há dois meses (1,74 vezes).

"O movimento nas taxas foi diferente em função das maturidades. Estas ligeiras discrepâncias acabam por refletir o movimento que temos tido nas curvas de taxas de juro das dividas soberanas mundialmente", refere Filipe Silva, num comentário ao leilão desta manhã.

 

O diretor de investimentos do Banco Carregosa sublinha que "a guerra na Ucrânia, tem tido um impacto na evolução das economias mundialmente, mas com maior incidência na Europa. Assistimos a uma revisão em alta das previsões das taxas de inflação para 2022, por força de preços de energia e matérias primas mais elevados, e a revisões em baixa das perspetivas de crescimento globais, motivos que têm feito os bancos centrais a ajustarem as suas políticas monetárias mais rapidamente do que inicialmente se assumia".

 

"Todos estes fatores têm elevado as taxas de juro, e espera-se uma subida das taxas por parte do BCE no final do ano. Portugal começa a sentir os efeitos deste movimento e apesar de nestes leilões de curto prazo ainda estamos com taxas negativas, parece ser uma realidade com os dias contados", acrescenta Filipe Silva.

 

2022 tem sido marcado por um agravamento das taxas de juro, devido à espectativa em torno de um início da normalização das taxas de juro na Europa, face a uma inflação crescente.


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