Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Despesa com juros explica 70% do aumento do "stock" da dívida pública desde 2000

Desde 2000, a despesa com juros explica 70% do aumento do "stock" de dívida pública. Olhando para o futuro, o Banco de Portugal antecipa um aumento do juro implícito, pelo que pede uma política orçamental "prudente", em nome da credibilidade.

Miguel Baltazar
  • ...

Desde 2000 até ao ano passado, a despesa com juros explica 70% do aumento do "stock" de dívida pública, revela o Banco de Portugal (BdP), no mais recente capítulo do Boletim Económico. A autoridade monetária alerta ainda que, face ao atual cenário de juros elevados, "é crucial manter uma política orçamental prudente e preservar a credibilidade".

"Quanto à despesa com juros, observa-se que entre 2000 e 2023 explica 70% do aumento do stock da dívida pública", pode ler-se no relatório, que acrescenta que esta "trajetória ascendente" do "stock" só foi interrompida em 2021.

Aplicando o rácio dos juros sobre o Produto Interno Bruto de Portugal (PIB), observou-se, a partir de 2015, "uma diminuição dos juros em percentagem do PIB, que foi mais acentuada em Portugal do que na área do euro", salienta o banco central liderado por Mário Centeno. 

Esta evolução esteve associada à aceleração do crescimento económico e, sobretudo, à maior redução da taxa de juro implícita, "que refletiu a consolidação orçamental e a recuperação da credibilidade junto dos mercados".

Já olhando para os últimos dois anos, a despesa com juros em rácio do PIB reduziu-se em Portugal, ao contrário do que se observou na Zona Euro. "Tal deveu-se ao maior crescimento nominal do PIB, por via da componente real e do deflator, e aos efeitos stock e taxa de juro, que refletem os desenvolvimentos orçamentais favoráveis", justifica o BdP.

Por outro lado, chegados a 2023, a subida da taxa de juro implícita levou a que pela primeira vez desde  2014 os juros pagos tenham aumentado. "Ainda assim, a subida da taxa de juro implícita foi menos  pronunciada em Portugal do que na Zona Euro", salvaguarda o banco central.

No ano passado – e pela primeira vez desde a crise financeira - o juro médio anual do "stock" subiu, segundo os números divulgados pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP, em concreto de 1,7% em 2022 para 2% em 2023.




"É crucial manter uma política orçamental prudente"


Depois do aumento no ano passado, "a taxa de juro implícita deverá continuar a aumentar nos próximos anos, ainda que a um ritmo menos pronunciado, alcançando em 2026 o nível mais elevado  desde 2018", antecipa o supervisor liderado por Mário Centeno, que explica que "tal ocorrerá enquanto as taxas de juro das novas emissões forem superiores à taxa de juro implícita do ano anterior".

 

 O impacto dessa evolução nas despesas com juros também dependerá do "stock" de dívida no futuro. No entanto, "considerando a trajetória descendente da dívida pública em percentagem do PIB" subjacente às projeções do BdP, " as despesas com juros apresentam um aumento cumulativo de 800 milhões  de euros entre 2023 e 2026", prevê a instituição.

Ainda assim, o BdP salvaguarda que "caso se verifiquem excedentes orçamentais primários menores ou maiores,  tanto as necessidades de financiamento como as despesas com juros serão maiores ou menores".

Ver comentários
Saber mais Crédito e dívida Juros Portugal Mário Centeno
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio