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Crise do Governo em França eleva risco da dívida e penaliza bolsas
O "spread" entre os juros da dívida soberana de França e da Alemanha a 10 anos, mantêm-se em níveis que não eram vistos desde a crise de 2012, devido à situação orçamental e à possível queda do governo de Michel Barnier.
O intensificar de uma disputa orçamental em França que poderá levar a um colapso do governo francês liderado pelo primeiro-ministro Michel Barnier continua a pressionar os mercados de capitais do país.
O prémio ("spread") que os investidores exigem para deter obrigações francesas a 10 anos em relação às congéneres alemãs, de referência para a Europa, acelerou esta quarta-feira para 90 pontos base, o valor mais elevado desde a crise financeira em 2012.
Também o CAC-40, que junta as 40 maiores empresas francesas cotadas, desvaloriza 0,84%, sendo das que mais perde na Europa, estando a negociar em mínimos de quase quatro meses.
Os mercados estão a refletir os receios sobre a capacidade de o governo do primeiro-ministro Michel Barnier aprovar o orçamento para 2025 e implementar cortes de despesa para reduzir o défice. Numa entrevista na terça-feira Barnier pediu à oposição para permitir que o orçamento passe, argumentando que, caso tal não não aconteça, existiria "uma grande tempestade e turbulência financeira séria nos mercados financeiros".
As obrigações francesas registaram, de acordo com a BNY, a maior entidade de custódia de obrigações no mundo, a maior saída de capital desde o auge da crise energética na Europa em outubro de 2022. Nas últimas cinco sessões até terça-feira saíram 1,08 mil milhões de euros das OAT, a oitava pior semana desde 2012.