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Avanço do coronavírus na Europa estimula procura por ativos seguros
Como o aumento de casos de coronavírus reforça as expectativas de mais paralisações na Europa, os investidores voltam a ficar mais seletivos quanto ao que consideram serem ativos seguros.
Os títulos de dívida alemães estão em alta, mas os italianos, que subiram devido ao apoio do Banco Central Europeu, estão em baixa. O euro está novamente em desvantagem, dando ao dólar espaço para se fortalecer em relação a quase todas as principais moedas do mundo. E os títulos do Tesouro dos EUA, em geral considerados como o paraíso preferido do mundo, estão em alta em todos os prazos.
"O movimento atual segue em direção à segurança acompanhado dos temores da segunda onda de covid-19, que são refletidos em tudo", afirma Martin van Vliet, estrategista da Robeco.
Este movimento acompanha o salto recorde de casos de coronavírus na Alemanha, o recolher obrigatório em Paris, restrições mais rígidas em Londres e o ressurgimento de infeções em Itália, o epicentro original da covid-19 na Europa. Anteriormente, os investidores escolhiam perfis de risco em toda a Europa, confortáveis ao saber que os programas de compra de títulos do Banco Central Europeu (BCE) impulsionariam os preços.
Os rendimentos dos títulos a 10 anos da Alemanha caíram cinco pontos base, para -0,63%, o menor nível desde março, e deixaram uma margem estreita de negociação que predominava há meses. Os rendimentos da dívida de Itália subiram até cinco pontos base, com o maior aumento da diferença entre os dois títulos - muitas vezes vistos como um indicador de risco - desde junho.
A aversão ao risco na quinta-feira encerrou um rally dos títulos italianos, que levou os rendimentos a um mínimo histórico de 0,63% no dia anterior e estimulou a concretização de lucros, à medida que operadores migravam para portos seguros. O país, com o rating um nível acima da categoria "lixo" na avaliação da Moody’s Investors Service, enfrenta a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial e o endividamento agora corresponde a quase 160% do PIB.
A fuga para ativos seguros também impulsionou o índice Bloomberg Dollar Spot em 0,5% e provocou uma quebra superior a 1% em moedas como a coroa norueguesa e o dólar australiano - este último já pressionado pela perspetiva de cortes dos juros.