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Fecho dos mercados: Crise política na Itália faz disparar juros para máximos de seis anos e euro para mínimo de 10 meses

O agravar da incerteza política na Itália voltou a afectar a confiança dos investidores, levando os juros da dívida transalpina de curto prazo para o valor mais alto desde 2012 e a maior subida em 26 anos. Euro recua para mínimos de 10 meses contra o dólar e bolsas europeias acompanham pessimismo.

Reuters
29 de Maio de 2018 às 17:34
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Os mercados em números

PSI-20 caiu 2,61% para 5.369,19 pontos

Stoxx 600 desvalorizou 1,37% para 384,47 pontos

Yield 10 anos de Portugal aumenta 12,8 pontos base para 2,199%

Euro recua 0,64% para 1,1550 dólares

Brent desce 0,53% para 74,90 dólares por barril

 

Bolsa de Milão em mínimos de Julho de 2017

As principais bolsas europeias negociaram em queda na sessão desta terça-feira, 29 de Maio, penalizadas pela incerteza decorrente da crise política e institucional registada na Itália. A instabilidade levou a que o principal índice bolsista italiano tenha chegado a cair 3,7% para mínimos de Julho do ano passado.

 

A tendência foi seguida pelas congéneres europeias, com o índice de referência do Velho Continente, Stoxx 600, a perder 1,37% para 384,47 pontos, tendo tocado em mínimos de 26 de Abril no segundo dia seguido de quedas.

 

Também o PSI-20 transaccionou em terreno negativo e em mínimos de 4 de Abril na quinta sessão consecutiva de quedas. O índice lisboeta terminou o dia a perder 2,61% para 5.369,19 pontos, acumulando já uma desvalorização de 7% nas últimas cinco sessões bolsistas .

 

Isto no dia em que o primeiro-ministro indigitado, Carlo Cottarelli, esteve reunido durante cerca de meia hora com o presidente transalpino, Sergio Mattarella. Nesta reunião estava prevista a apresentação da composição do "governo neutral" pedido por Mattarella, porém, segundo a imprensa italiana, terão ficado nomes por definir já que ficou agendado um novo encontro para esta quarta-feira.

 

Juros italianos em máximos de seis anos

A incerteza quanto ao futuro governo italiano e à capacidade do mesmo para aprovar o próximo Orçamento do Estado voltou a impactar fortemente na negociação das obrigações soberanas dos países da Zona Euro.

 

A taxa de juro associada aos títulos do Tesouro transalpino no prazo a dois anos chegou mesmo a disparar um máximo de 192 pontos base na maior subida em 26 anos, o que fez disparar a "yield" para o valor mais alto desde 2012. Já na maturidade a 10 anos, os juros da dívida italiana aumentaram 53,4 pontos base para 3,218%, tendo tocado em máximos de Março de 2014.

Os juros da dívida soberana portuguesa a 10 anos cresceram 12,8 pontos base para 2,199%, no terceiro dias de subidas que levaram a "yield" lusa para máximos de Setembro de 2017. O mesmo em relação à dívida pública espanhola cujos juros a 10 anos também avançaram para o valor mais alto desde Outubro de 2017 fechando o dia a crescer 10,8 pontos base para 1,633%. Isto numa altura em que também em Espanha se regista um momento político delicado dado que o primeiro-ministro Mariano Rajoy enfrenta no final desta semana uma moção de censura ao seo governo. 

Em sentido inverso, os juros associados à dívida pública alemã estão a cair dado que o valor enquanto investimento de refúgio é reforçado pela incerteza quando ao euro. As "bunds" germânicas recuam 8,5 pontos base para 0,259%, estando assim em mínimos de Abril do ano passado na quinta sessão consecutiva de quedas.  

Euro recua pelo terceiro dia seguido
A moeda única europeia está a perder terreno contra o dólar pela terceira sessão consecutiva, com o euro a desvalorizar 0,64% para 1,1550 dólares, tendo já transaccionado nos mercados cambiais em mínimos de Julho de 2017 face à divisa norte-americana.

Tal como a dívida alemã, também o dólar vê reforçado o valor numa altura em que a crise política e institucional na Itália é vista como a maior ameaça à integridade do espaço do euro. 

Euribor em máximos de seis meses em todas as maturidades

As taxas Euribor subiram esta terça-feira a três e nove meses para níveis máximos dos últimos seis meses. Já nas Euribor de seis e doze meses, os máximos não são novidade: nestas maturidades, os níveis máximos dos últimos seis meses mantém-se. e mantiveram-se a seis e 12 meses também em níveis máximos dos últimos seis meses.                                                   

 

A Euribor a três meses, em valores negativos desde 21 de Abril de 2015, subiu hoje para -0,321%, um máximo desde 29 de Novembro, mais 0,001 pontos e contra o actual mínimo de sempre, de -0,332%, registado pela primeira vez em 10 de Abril de 2017.  A nove meses, a Euribor foi fixada em -0,214%, um máximo desde 29 de Novembro, mais 0,002 pontos e contra o actual mínimo de sempre de -0,224%, registado pela primeira vez em 27 de Outubro de 2017.

                   

A taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação, voltou hoje a ser fixada em -0,269%, um máximo desde 29 de Novembro. No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, manteve-se no nível máximo dos últimos seis meses, de -0,186%. Neste prazo, a Euribor tinha atingido este valor máximo de -0,186% pela primeira vez em 21 de Dezembro de 2017.

 

Brent desvaloriza pela quarta sessão
O petróleo segue em queda nos mercados internacionais depois de as autoridades da Arábia Saudita e da Rússia terem dito que a organização dos países exportadores de petróleo (OPEP) poderá reforçar o volume da oferta por forma a compensar perdas registadas por alguns Estados-membros do cartel como a Venezuela e o Irão. 

O Brent do Mar do Norte, negociado em Londres e utilizado como valor de referência para as importações nacionais, está a cair 0,53% para 74,90 dólares por barril, o quarto dia seguido de perdas. Já o West Texas Intermediate (WTI) cai pela quinta sessão para mínimos de 17 de Abril, estando nesta altura a recuar 2,25% para 66,35 dólares.

Ouro valoriza pela primeira vez em três sessões
Também o metal precioso vê o respectivo valor enquanto activo de refúgio sair reforçado a instabilidade política na Itália e dos receios quanto ao futuro da Zona Euro. O ouro aprecia 0,34% para 1.303,52 dólares por onça, na primeira valorização em três sessões.

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