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Abertura dos mercados: Bolsas e petróleo recuperam. Juros de Portugal avançam para máximo de 10 meses  

O arranque da sessão na Europa está a ser marcado pela toada de recuperação das bolsas, embora a volatilidade continue a ser um dos destaques. O petróleo também está a recuperar e os juros da dívida pública portuguesa estão a agravar-se para máximos de maio do ano passado.

EPA
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Os mercados em números

PSI-20 soma 0,83% para 3.837,64 pontos

Stoxx 600 sobe 3,21% para 6.596,2 pontos

Nikkei desvalorizou 6,08% para 17.431,05 pontos

Juros da dívida portuguesa a dez anos avançam 9 pontos base para 0,801%

Euro valoriza 0,18% para 1,1205 dólares

Petróleo em Londres valoriza 3,10% para 34,25 dólares o barril 

 

Bolsas europeias recuperam de maior queda de sempre 

As bolsas europeias estão a recuperar das perdas sofridas na quinta-feira, que foram as mais acentuadas de sempre, embora os índices persistam com uma forte volatilidade e marquem já ganhos abaixo do registado na abertura.

 

O Stoxx600 soma 3,21% para 6.596,2 pontos, a aliviar de uma valorização máxima de 4,17%. O índice que agrupa as 600 maiores cotadas europeias fechou ontem a descer 11,48% para os 294,93 pontos, naquela que foi a maior queda de sempre desde índice criado em 1987.

 

Nas bolsas asiáticas a sessão foi de quedas, embora menos acentuadas do que o verificado ontem nas bolsas europeias e norte-americanas. Os futuros sobre o S&P500 estão a subir 2,34%, apontando também para uma recuperação em Wall Street daquela que foi a pior sessão desde a "segunda-feira negra" de 1987.

 

Os analistas estão a atribuir esta tendência de recuperação às medidas de emergência adotadas pelos bancos centrais nas últimas horas e também à proibição de vendas a descoberto ("short selling") nas bolsas de Milão e Madrid, que ontem foram as mais castigadas.

 

Várias autoridades monetárias decidiram seguir os passos da Fed e anunciar um reforço dos seus programas de compras de ativos para dar estabilidade ao mercado e evitar subidas acentuadas nos custos de financiamento. O Banco do Japão anunciou a compra de 200 mil milhões de ienes (cerca de 1,7 mil milhões de euros) de obrigações numa operação não programada, enquanto o banco central da Austrália aumentou em 8,8 mil milhões de dólares australianos (cerca de 5 mil milhões de euros) as suas operações de recompra.

 

Apesar da recuperação de hoje, o balanço semanal continua a ser muito negativo, com as bolsas a registarem o pior desempenho semanal desde 2008, quando a economia mundial entrou em recessão devido à crise financeira.

 

"Do ponto de vista fundamental, os últimos dias provaram que as medidas de estímulo monetário não são suficientes para convencer os investidores a recearem menos um cenário de recessão. O padrão que emergiu nas últimas sessões é que porventura um plano fiscal detalhado e ambicioso poderá alcançar esse propósito", referem os analistas do BPI no Diário de Bolsa desta sexta-feira.

 

Em Lisboa o PSI-20 soma 0,83% para 3.837,64 pontos, a aliviar de um ganho máximo de quase 3%. Ontem o índice português caiu quase 10% para mínimos de 1987, na segunda maior queda de sempre.      

 

Juros da dívida portuguesa em máximos de maio

Os juros da dívida portuguesa voltam a agravar-se, numa altura em que as obrigações soberanas dos periféricos estão a deixar de ser vistas pelos investidores como ativos de refúgio. A "yield" das obrigações do Tesouro a 10 anos aumenta 9 pontos base para 0,801%, o que representa o nível mais elevado desde maio do ano passado. No espaço de três semanas a taxa de juro das obrigações portuguesas disparou quase quatro vezes (em fevereiro chegou a estar em 0,2%), o que demonstra como têm sido bruscas as movimentas nos mercados nestas últimas semanas.

 

Na dívida alemã a tendência também é de aumento, mas aqui a inverter a tendência dos últimos dias. A taxa das bunds a 10 anos aumenta 11 pontos base para -0,643%. Já na dívida italiana o agravamento persiste, com os investidores a aumentarem a desconfiança com as contas públicas do país europeu que está a ser mais fustigado pela propagação do coronavírus.

 

Euro sobe pela primeira vez na semana

A moeda europeia está também a recuperar parte do terreno perdido nas últimas quatro sessões, num dia em que o índice do dólar está também em alta e o iene está a corrigir das fortes subidas das últimas sessões.

 

O euro valoriza 0,18% para 1,1205 dólares, apoiado na decisão do Banco Central Europeu em não baixar a taxa de juro dos depósitos, atualmente em -0,5%.

 

Petróleo com maior queda semanal desde 2008 

O petróleo está hoje a recuperar nos mercados internacionais, não evitando, porém, a maior queda semanal dos últimos 12 anos.

 

A matéria-prima deverá completar esta sexta-feira a sua pior semana desde 2008, numa altura em que choques simultâneos na oferta e na procura não dão sinais de abrandamento: por um lado, a Arábia Saudita e outros produtores da região estão a aumentar acentuadamente a oferta, numa verdadeira guerra de preços com a Rússia, e por outro, as perspetivas para a procura degradam-se, devido ao expectável abrandamento global por causa do coronavírus. 

Nesta altura, o Brent, negociado em Londres, valoriza 3,10% para 34,25 dólares, mas ainda perde quase 24% na semana. Já o West Texas Intermediate (WTI), transacionado em Nova Iorque, soma 3,21% para32,51 dólares, reduzindo para aproximadamente 21% a desvalorização acumulada na semana.

O petróleo, tal como a maioria das classes de ativos, viveu uma verdadeira semana negra, em que os mercados foram sacudidos pelos receios de que o novo coronavírus provoque uma forte retração na economia global.

 

Ouro falha estatuto de refúgio

A evolução do ouro nas últimas sessões mostra bem o nível de fuga ao risco, já que nem o metal precioso serviu de refúgio para os investidores, que já só olham para o dinheiro (liquidez) como ativo seguro. O ouro está a subir 0,5% para 1.584,05 dólares, depois de ter registado quedas acentuadas nas últimas três sessões.

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