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OPEP não tem dúvidas: transição energética acelerada "vai trazer cicatrizes"

O 23.º Congresso Mundial de Petróleo terminou esta quinta-feira. A OPEP+ e responsáveis do setor voltaram advertir contra uma transição energética demasiado acelerada, criticando a interrupção do investimento em combustíveis fósseis.

A 1 de junho há nova reunião para avaliar se a evolução do mercado permite mais um aumento da oferta.
Nick Oxford/Reuters
09 de Dezembro de 2021 às 18:56
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O 23.º Congresso Mundial do Petróleo terminou esta quinta-feira. O evento arrancou no início desta semana no Texas, EUA, onde se voltou a "martelar" contra uma acelerada transição energética.

Os líderes das maiores empresas e organizações petrolíferas subiram ao palco para insistir que o petróleo e o gás ainda serão os protagonistas energéticos desta década e alertaram paras as futuras cicatrizes da" transição verde".

"A interrupção do investimento em petróleo e gás é uma decisão errada", avisou o secretário-geral da OPEP, Mohammad Barkindo. "É necessário que sejam aplicados quase 12 biliões de dólares em gás e petróleo até 2025, sob pena de o mundo sofrer com as cicatrizes da transição energética", afirmou Mohammad Barkindo.

A escassez de gás natural na Europa e na Ásia e o aumento dos preços dos combustíveis, com especial foco nos EUA, estão a obrigar os governos a fazerem escolhas difíceis.

A contradição é evidente, por exemplo, nos EUA, onde o presidente Joe Biden pediu à OPEP e seus aliados (o chamado grupo OPEP+) que aumentassem ainda mais a produção, apenas alguns meses depois de decretar uma onda de políticas "anti-petróleo", incluindo o cancelamento do projeto do oleoduto Keystone XL, que levaria petróleo do Canadá ao Texas, assim como a proibição de processos de  "fracking" [técnica de fraturamento hidráulico - injecção de um fluido a alta pressão, no subsolo, para facilitar a extracção de petróleo).

O apelo da Administração Biden à OPEP+ "revela uma verdade fundamental que deve ser a base de qualquer conversa racional sobre o futuro da energia", disse o CEO da Chevron, Mike Wirth. "O petróleo e o gás continuam a desempenhar um papel central no cumprimento das necessidades energéticas do mundo", sublinhou.

Também John Hess, CEO da Hess, reforçou que "o petróleo e o gás serão necessários para os próximos 10 a 20 anos". Por fim, o CEO da Saudi Aramco, Amin Hassan Nasser, alertou para a possibilidade de um "caos mundial, a menos que os governos parem de desencorajar os investimentos em combustíveis fósseis".

O Fórum Internacional de Energia, com sede em Riade, já tinha pedido ao setor que investisse 523 mil milhões de dólares, por ano, até o final desta década "para evitar um aumento descontrolado dos preços da energia".

Em meados de novembro, durante a Cimeira do Clima (COP26), foi aprovado o Pacto Climático de Glasgow, que concretiza a ambição do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC (graus celsius) e que diz ser necessário reduzir as emissões de dióxido de carbono em 45% até 2030, em relação a 2010.

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