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Crise energética global impulsiona preços do petróleo. Também já chegou aos 80 dólares nos EUA
Os mercados da energia estão mais apertados perante a maior procura por combustível, muma altura em que a atividade económica recupera e as restrições pandémicas diminuem. Além disso, há uma pressão adicional devido aos receios de que um inverno frio possa intensificar a sobrecarga na oferta de gás.
As cotações do "ouro negro" estão a negociar em alta, a subirem 4% no acumulado da semana, impulsionadas pela crise energética global que tem estado a levar os preços do gás natural para máximos históricos e levou a China a ordenar um aumento da produção de carvão.
O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, para entrega em novembro avança 2,06% para 79,91 dólares por barril, tendo já tocado nos 80 dólares – máximos de novembro de 2014.
Já o contrato de novembro do Brent do Mar do Norte, negociado em Londres e referência para as importações europeias, soma 1,67% para 83,32 dólares, valores que não atingia desde há três anos.
Os mercados da energia estão mais apertados perante a maior procura por combustível, muma altura em que a atividade económica recupera e as restrições pandémicas diminuem.
Além disso, há uma pressão adicional devido aos receios de que um inverno frio possa intensificar a sobrecarga na oferta de gás.
A China ordenou hoje às empresas mineiras da região autónoma da Mongólia Interior que acelerem a produção de carvão para ajudar a aliviar a crise energética no país.
"Os preços da energia dispararam devido à forte procura – animada pelo crescimento económico e pelas condições meteorológicas – e desafiaram a oferta devido às disrupções, congestionamento nos transportes e questões sobre a fiabilidade das renováveis", comentou o UBS numa nota de análise a que o Negócios teve acesso.
Neste "research", assinado por seis analistas do banco suíço, sublinha-se que "a subida dos preços do carvão e do gás natural destaca a complexidade da transição energética mundial". "Embora a procura por fontes renováveis esteja a aumentar, os combustíveis fósseis ainda fornecem grande parte das nossas necessidades energéticas atuais. Os preços da energia deverão manter-se voláteis, atendendo ao investimento insuficiente em novas capacidades de fornecimento de petróleo e gás, e a transição que levará ao abandono destes hidrocarbonetos está a demorar bastante tempo", acrescentam.
"Estimamos que os preços do carvão e do gás atinjam um pico na viragem do ano e que comecem a diminuir em 2022, mas continua a haver riscos de subida à medida que o inverno no hemisfério norte se aproxima", refere Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do UBS. "Um inverno mais rigoroso do que o habitual, que é um risco que temos estado a monitorizar, poderá levar a que os preços voltem a disparar, o que pesaria nas perspetivas para o crescimento global", remata.
Numa altura em que os preços da energia, como o gás natural e o carvão, continuam a subir, "também o potencial de subida no mercado petrolífero começou a ganhar mais forma", comentou à Reuters, a este propósito, um analista do Bank of America, Christopher Kuplent.
"Uma aceleração da transição do gás para o petróleo poderá impulsionar a procura pelo crude usado para gerar eletricidade neste inverno que se aproxima no hemisfério norte", salientou, por seu lado, um analista de commodities da ANZ num "research".
Ontem, com a perspetiva de mais vendas de gás da Rússia à Europa, os receios em torno da crise energética atenuaram-se, mas acabou por ser sol de pouca dura.