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AIE antecipa regresso do excedente ao mercado de petróleo em 2020
A Agência Internacional de Energia está mais pessimista em relação ao crescimento da procura em 2020, e antecipa uma maior subida da produção dos países fora da OPEP. Como resultado, o cartel poderá ter de cortar a sua oferta para o nível mais baixo desde 2003.
A Agência Internacional de Energia (AIE) antecipa que o excesso de oferta no mercado do petróleo vai persistir no próximo ano, apesar da recente decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) de prolongar os cortes na produção por mais nove meses, até março de 2020.
Num relatório divulgado esta sexta-feira, 12 de julho, a AIE refere que os ‘stocks’ globais desta matéria-prima aumentaram de forma surpreendente no primeiro semestre deste ano, com os cortes da OPEP a revelarem-se insuficientes para impedir um regresso do excedente.
Segundo a Agência, a oferta mundial superou a procura em 900 mil barris por dia durante os primeiros seis meses do ano, um período em que o consumo foi muito inferior ao esperado, devido ao abrandamento económico e às incertezas em torno do impacto das tensões comerciais.
Com as estimativas para 2020 a degradarem-se também, a AIE estima que a OPEP pode ter de reduzir a sua produção para o nível mais baixo dos últimos 17 anos para manter o mercado minimamente equilibrado.
O relatório da AIE adianta que a procura global por petróleo cresceu ao ritmo mais fraco desde 2011 no primeiro trimestre deste ano, e um terço baixo do esperado, no segundo, devido à primeira contração da atividade industrial em sete anos.
Ainda que as estimativas para o crescimento da procura no conjunto de 2019 permaneçam inalteradas, baseiam-se na perspetiva de que o crescimento da economia vai levar o consumo a crescer cerca de três vezes mais no segundo semestre (em relação ao primeiro), o que poderá não se verificar.
Já em relação a 2020, a AIE reviu em baixa as estimativas para a procura, ao memo tempo que aumentou as projeções para o nível de produção dos países fora do cartel. Como resultado, a oferta da OPEP que será necessária deverá cair novamente no próximo ano, e para um nível muito abaixo da sua produção atual.
A AIE prevê que o grupo terá procura para 29,1 milhões de barris por dia, abaixo dos 29,9 milhões por dia que produziram, por exemplo, no mês passado.
Para evitar outro excedente em 2020, a AIE estima que a OPEP precisaria de reduzir a produção em mais 800 mil barris por dia, e produzir apenas 28 milhões de barris por dia no primeiro trimestre, um nível que não é observado desde 2003. Se o grupo não adotar esta medida, refere a AIE, as reservas globais poderão aumentar em 136 milhões de barris no início de 2020.