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Já paira um alerta de bolha sobre a "commodity" que anda na berra

A rápida ascensão do paládio, provocada pelo défice de oferta, levou alguns analistas a alertar para o crescente potencial de uma correção dos preços.

26 de Fevereiro de 2019 às 20:00
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O metal prateado, que é usado para controlar as emissões nocivas em carros movidos a gasolina disparou 40% em quatro meses, batendo sucessivos recordes, à medida que o défice de oferta se intensifica e a procura aumenta. É a matéria-prima monitorizada pela Bloomberg com melhor desempenho neste ano, e a ameça de greve de um sindicato de mineradores na África do Sul, importante país produtor, deu-lhe ainda mais impulso esta semana.

 

No entanto, à medida que o prémio do paládio aumenta em relação a outros metais preciosos – incluindo uma diferença de quase 700 dólares em relação à platina –, bancos como o Saxo Bank e o Commerzbank afirmam que esses ganhos parecem cada vez mais insustentáveis.

 

Os dois metais são potencialmente intercambiáveis como catalisadores da redução de emissões poluentes nos veículos, embora a troca exija tempo e investimentos em pesquisa.

 

"O paládio entrou no território de bolha", comentou Ole Hansen, diretor de estratégia de "commodities" do Saxo Bank, por e-mail. "Mas, enquanto não houver mudanças nas perspectivas de oferta restrita nem mudanças na dinâmica da procura por parte dos consumidores, o preço pode continuar a subir".

 

Sinais de que o paládio está a começar a ser impulsionado por fatores mais tradicionais, como dados económicos e o sentimento dos investidores, aumentam a probabilidade de que "finalmente as perspectivas otimistas acabem e os preços regressem à Terra", disse por seu lado Georgette Boele, coordenadora de estratégia de metais preciosos e câmbios do ABN Amro Bank. "Se isso acontecer, a queda pode ser muito drástica, porque os preços subiram a um nível quase exponencial. Portanto, recomendo apertar os cintos de segurança".

 

O Commerzbank também emitiu uma advertência, afirmando que este metal precioso "mostra cada vez mais sinais de ser uma bolha". Joni Teves, estratega do UBS Group, disse por seu lado que há espaço para retrações profundas, embora haja participantes do mercado que consideram que o preço tem potencial para chegar aos 2.000 dólares por onça.

 

Resultados das principais empresas

 

Os investidores em breve terão novidades sobre as perspectivas para o mercado global, porque os principais produtores começam a divulga os seus resultados nesta semana.

 

A russa MMC Norilsk Nickel, que esta terça-feira anunciou resultados melhores do que o esperado, informou que continuará a comprar o metal para um fundo que utiliza para abastecer os utilizadores, devido à expectativa de mais défice da oferta.

 

Outra grande produtora, a Impala Platinum Holdings, divulgará as suas contas na quinta-feira.

 

As ações de ambas as empresas mineiras acumulam valorizações este ano.

 

A Anglo American Platinum, que na semana passada declarou o seu maior dividendo desde 2008, afirmou que espera que os três principais metais do grupo da platina – onde se incluem o paládio e o ródio – fiquem com um défice combinado novamente em 2019, conforme aumenta a procura da indústria automóvel, mesmo com pouco ou nenhum crescimento nas vendas de carros, devido à expansão do tamanho médio dos veículos e à maior rigidez das normas sobre emissões.

 

O paládio recebeu um impulso maior com a greve planeada na África do Sul, disse Gavin Wendt, analista sénior de recursos da MineLife.

 

"Os utilizadores finais e os traders vão ficar cada vez mais preocupados com a oferta. É importante ressaltar que a ascensão do paládio não tem muito a ver com fatores especulativos de curto prazo. Pelo contrário, tem a ver com um desequilíbrio fundamental na perspectiva da oferta e procura do mercado".

 

(Texto original: ‘Bubble’ Warning Sounds Over 2019’s Hottest Commodity)

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