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Há já quem veja o ouro nos 10 mil dólares

Os preços do metal amarelo têm vindo a fixar sucessivos máximos históricos ao longo deste ano. A impulsionar a tendência estão as compras dos bancos centrais, as tensões geopolíticas e os cortes de juros diretores. E tudo aponta para que a tendência prossiga.

Tal como as ações, as obrigações e o dólar, também o ouro será condicionado pelo discurso de Jerome Powell em Jackson Hole.
No acumulado do ano, o ouro valoriza 32%. Isto depois de, em 2023, ter sido uma das vedetas das “commodities”, com um ganho de 13,1%. Leonhard Foeger/Reuters
28 de Outubro de 2024 às 07:45
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Os preços do ouro têm estado a subir fortemente desde finais de 2022, num “bull market” que tem atraído cada vez mais investidores. Desde o início deste ano, o metal amarelo já soma 32% e tem vindo a estabelecer sucessivos máximos históricos. Atualmente, negoceia nos 2.740 dólares por onça em Londres e há quem lhe vaticine um brilho ainda maior.

Com efeito, a opinião generalizada é a de que o ouro tem mais margem para subir. Vivek Dhar, analista do Commonwealth Bank of Australia, prevê, numa nota de “research” citada pela Bloomberg, que o metal precioso possa chegar aos 3.000 dólares por onça no último trimestre de 2025. Entre os principais catalisadores estão as compras dos bancos centrais e o aumento de tensões geopolíticas.

E há mais projeções no mesmo sentido. O UBS, por exemplo, aponta para que os preços do ouro estejam nos 2.900 dólares por onça dentro de 12 meses. “A procura por parte dos bancos centrais continua muito forte, com estas autoridades monetárias a quererem diversificar as suas reservas de dólares. A procura por investimento também tem margem para aumentar e, neste domínio, os cortes dos juros diretores pela Reserva Federal (Fed) norte-americana deverão ajudar a fazer subir a procura e os preços”, sublinha ao Negócios Giovanni Staunovo, analista de “commodities” do banco suíço.

Esta linha de preços no horizonte a um ano tem vindo a ganhar cada vez mais consenso. A London Bullion Market Association (LBMA) – autoridade independente que regula a negociação internacional de ouro e prata no mercado de balcão (“over-the-counter”) – também aponta para novos recordes ao longo dos próximos 12 meses, antevendo que possa transacionar em outubro do próximo ano em valores 10% acima dos atuais, isto é, em torno dos 2.920 dólares por onça. Mais especificamente, o preço médio projetado pelos operadores, refinadores e empresas mineiras presentes na conferência da LBMA que decorreu este mês em Miami foi de 2.917,40 dólares por onça.

Há até quem coloque a marca dos 3.000 dólares já neste final de 2024, mas com menos certezas. À CBS News, o consultor financeiro Steven Kibbel diz que essa pode ser uma realidade, com potenciais novos cortes de juros pelos bancos centrais e mais incertezas políticas noutros países, mas o seu “target” mais realista para este ano é de 2.800 dólares. Já Ruhee Rathold, diretor operacional da Bario Neal, aponta para os 2.850 dólares este ano, com possibilidade de chegar aos 3.000 dólares já no início de 2025.

Os cortes dos juros diretores pela Reserva Federal norte-americana deverão ajudar a fazer subir a procura e os preços. Giovanni Staunovo
Analista de “commodities” do UBS

Mas há quem coloque a fasquia num nível muito mais elevado. É o caso de Adam Rozencwajg, “managing partner” da consultora de investimento Goehring & Rozencwajg (G&R), que tem vindo a dizer que o metal amarelo poderá, a mais longo prazo, chegar aos 10.000 dólares por onça. Há um ano, numa entrevista à Investing News, aludia à nova fase de um “bull market” no ouro que tinha começado na segunda metade de 2022. E, em seu entender, a valorização residia grandemente no impulso dado pelas compras dos bancos centrais.

Mais recentemente, Adam Rozencwajg reiterou esta visão. Numa entrevista à Kitco News, o estratega apontava para um “mercado touro” bastante prolongado no ouro, com os preços a poderem “ficar fora de controlo”. E isso significa “poderem atingir cinco, seis, sete ou até dez mil dólares por onça”, afirmou, embora ressalvando que não seria para breve. “É um ‘target’ de mais longo prazo”, defendeu, referindo uma vez mais as compras por parte dos bancos centrais como um dos principais motores deste movimento de subida dos preços do metal amarelo.

E, na sua opinião, as tensões geopolíticas são um dos fatores que contribuíram para estas compras. “Atendendo às tensões em todo o mundo, muitas economias emergentes procuram diversificar e não terem tantos dólares nas suas reservas, pelo que recorrem ao ouro como alternativa”, frisou, dando o exemplo da Rússia – que pode usar o metal precioso como substituto da nota verde quando transaciona com outros países, de modo a contornar as sanções comerciais impostas pelo ocidente devido à sua invasão da Ucrânia.

Há, assim, estimativas “para todos os gostos” no que toca ao preço do ouro. Mas, seja qual for o patamar que vai atingir no curto ou longo prazo, o certo é que o metal precioso está cada vez mais apetecível. Para as estrategas Samantha Dart e Lina Thomas, do Goldman Sachs, “no atual contexto, o ouro sobressai como a matéria-prima na qual temos maior confiança em matéria de potencial altista no curto prazo”. E isto devido, sobretudo, a três fatores: compras dos bancos centrais, cortes de juros pela Reserva Federal norte-americana e potenciais choques geopolíticos.

Vale a pena investir agora no ouro?

Além de ser bastante cobiçado pela proteção contra a inflação e a volatilidade - trazida pelos riscos geopolíticos, por exemplo -, o ouro tem a grande atratividade de ser um ativo líquido, podendo ser sempre trocado por dinheiro sem riscos de crédito associados. E vice-versa: se tiver em mãos uma moeda que não seja fácil de cambiar, pode usá-la no país de origem comprando metal amarelo - e se vier a ter uma crise de liquidez e precisar de dinheiro vivo, pode sempre vendê-lo.

No entanto, estando o preço do ouro tão elevado, valerá a pena comprar agora? Se não quiser ficar de fora, a opinião dos operadores é que vale sempre a pena, porque tudo indica que irá continuar a subir - pelo que há ainda muito potencial para mais-valias futuras. Se ficar à espera que o preço desça para entrar como comprador no metal, poderá estar perder uma boa oportunidade de ter lucros no curto e longo prazo.

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