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Volatilidade regressa ao bolso dos investidores

Apesar da instabilidade política um pouco por todo o mundo, só agora é que o medo regressa aos mercados. Conheça as soluções para beneficiar da alta da volatilidade.

Volatilidade regressa ao bolso dos investidores
25 de Março de 2011 às 08:45
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Governos a cair no norte de África e no Médio Oriente, nações europeias endividadas a necessitar de ajuda, cheias na Austrália e no Brasil e terramotos na Nova Zelândia não foram suficientes para fazer regressar o medo às salas de mercado e aos investidores particulares. Até agora.

Nos últimos dias de Fevereiro, o CBOE Volatility Index, conhecido simplesmente por Vix e apelidado de "indicador do medo", voltou a recuperar o terreno que tinha perdido desde Setembro. O Vix, calculado pela Chicago Board Options Exchange, estima a volatilidade das acções norte-americanas prevista pelos investidores do mercado de opções. Como as bolsas andam a par em todo o mundo, se os investidores esperarem um aumento da volatilidade das acções estado-unidenses é natural que também aguardem uma maior flutuação dos mercados europeus. Tecnicamente, o Vix mede o custo de usar opções para realizar um seguro contra quedas do índice Standard & Poor's 500. Esse custo aumentou 15% nas primeiras quatro semanas de Fevereiro passado.

Investir na volatilidade
Embora seja possível investir directamente em contratos sobre o Vix, a maioria dos investidores não tem acesso a essa franja de produtos. A alternativa é um conjunto de fundos de investimento da sociedade gestora francesa Amundi que procura virar a volatilidade a seu favor.

Porém, apesar do cenário de baixa volatilidade dos últimos meses o Amundi Volatility Euro Equities, que investe na Zona Euro, valorizou cerca de 6% nos últimos 12 meses. O Amundi Volatility World Equities, que procura beneficiar da volatilidade das acções de todo o mundo, conseguiu um ganho menor, cerca de 2,2%. Ambos os fundos têm o mesmo objectivo: ganhar 7% por ano, antes de comissões, num prazo de três ou mais anos, independentemente do sentido dos mercados accionistas. Gilbert Keskin, o gestor dos produtos, levou o Amundi Volatility Euro Equities a ganhar cerca de 8% por ano no último triénio. Este é um fundo de risco médio, de acordo com a classificação da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a entidade supervisora do mercado de capitais nacional.

Para os aforradores que não querem arriscar, a Amundi desenhou um fundo de baixo risco. O Amundi Dynarbitrage Volatility procura beneficiar da volatilidade de índices de acções, de acções individuais, de obrigações convertíveis e de taxas de juro para render anualmente o equivalente às taxas de curto prazo mais 2,60%, o que actualmente resulta em cerca de 3%. Para conseguir isso, o gestor Eric Hermitte socorre-se muitas vezes de operações de arbitragem. Em Janeiro, por exemplo, apostou que a petrolífera italiana Eni estaria mais volátil do que a homóloga francesa Total. Porém, os resultados não têm sido animadores: o fundo rendeu menos de 1% nos últimos 12 meses.






Skew, o novo índice do medo

Depois da volatilidade dos índices de acções, agora o que conta para aferir o medo é o risco de movimentos negativos extremos.


Há muito tempo que a flutuação dos preços dos activos é um indicador do pânico que se vive nos mercados. Numa investigação realizada na Universidade de Duke, nos EUA, Robert Whaley propôs a criação de um índice de volatilidade do principal índice de acções norte-americanas, o Standard & Poor's 500. A Chicago Board Options Exchange, a maior bolsa americana de opções, começou a publicar então o CBOE Volatility Index - ou Vix, o índice do medo. O Vix atingiu o seu máximo em Outubro de 2008, depois da falência do banco Lehman Brothers.

O Vix não é mais do que uma estimativa para a expectativa geral dos investidores para a volatilidade das acções. Se se espera muita volatilidade é porque se acredita que o medo poderá entrar em breve no mercado. Graças a contratos de derivados sobre o Vix, hoje é possível não só apostar no aumento e na diminuição do medo no mercado como também obter uma protecção contra o pânico generalizado.

Embora seja muito popular, o Vix tem um grande defeito: todas as flutuações, por muito pequenas que sejam, entram para a contagem. Os especialistas da CBOE dizem que as flutuações que verdadeiramente interessam aos investidores preocupados com o medo no mercado são as extremas. Por isso, a bolsa lançou em Fevereiro um outro indicador, o CBOE S&P 500 Skew Index. O Skew estima a expectativa de movimentos extremos negativos. Assim, será mais fácil antecipar os picos de pânico no índice Standard & Poor's 500. Um teste ao passado efectuado pelos especialistas da bolsa mostram que o Skew teria sido mais claro do que o Vix na identificação do medo pós-Lehman Brothers.









Volatilidade em recuperação
Depois de ter batido no fundo em Janeiro, o Vix entrou por um caminho de recuperação em Fevereiro, apesar de ainda estar muito longe do seu máximo de Outubro de 2008.




Outros quatro instrumentos para apostar nas acções

Investir na volatilidade é apenas uma das maneiras de seguir financeiramente o mercado de acções. Conheça mais quatro métodos para ganhar dinheiro com as acções sem investir directamente nelas.

1. Depósitos indexados
Agressividade em produtos de baixo risco
Para a maioria dos aforradores, os depósitos são para as pessoas avessas ao risco, mas isso não tem de ser verdade. Os bancos podem comercializar depósitos bancários cujos juros sejam indexados ao desempenho de um determinado activo, como as acções.
O depósito Invest Acções Europa, lançado recentemente pelo Banco Invest, é um dos últimos exemplos de depósitos indexados. O depósito inicia-se a 15 de Março e pode vencer três, seis ou nove meses depois, se as cotações das acções da Total, da Siemens e da Telefónica forem simultaneamente superiores às cotações iniciais. Se essa condição se verificar aos três meses, o juro é de 1,75%; se for aos seis meses, é de 3,5%; se só acontecer aos nove meses, o ganho é de 5,25%. Se as cotações das empresas não forem superiores aos valores iniciais numa das três datas, então o Invest Acções Europa não paga qualquer rendimento e acaba no final do nono mês.


2. Produtos financeiros complexos
Vale tudo
Os produtos financeiros complexos procuram replicar total ou parcialmente o desempenho de outros instrumentos. Vale usar tudo como referência: o preço do açúcar, a cotação de fundos de investimento, o nível das taxas de juro, etc. Frequentemente esses outros instrumentos são acções ou índices de acções e, às vezes, como é o caso do Valorização Top Alemanha, combinam acções e índices. Este produto, lançado recentemente pelo Santander Totta, pagará no final de quatro anos de aforro o equivalente a 60% da diferença do ganho médio de cinco acções para um índice de acções. Por exemplo, se as cinco acções alemãs ganharem em média 69,64% e o índice Euro Stoxx 50 apenas 8,20%, o produto rende um juro bruto de 60% da diferença (61,44%), isto é, 36,86% (60% × 61,44%) no final dos quatro anos. No pior cenário, o Santander Totta garante o pagamento de um juro de 5%, o que se traduz numa rendibilidade líquida de impostos inferior a 1% por ano.


3. Derivados
Bem-vindo ao maior mercado do mundo
O maior mercado do mundo é o dos derivados. Em Junho de 2010, o saldo destes instrumentos ultrapassava os 475 biliões de euros, segundo o Banco de Pagamentos Internacionais. Os derivados são contratos entre duas partes que acordam pagar determinado valor dependendo do movimento futuro de um activo subjacente. Os activos subjacentes mais populares são taxas de juro e câmbios, mas as acções também são um alvo do mercado de derivados.
É possível fazer um derivado com um vizinho, basta, por exemplo, acordar a venda de umas acções daqui a um mês. Porém, os contratos de derivados padronizados são negociados na bolsa. No final de Fevereiro era possível adquirir na Euronext um contrato que garantia a compra de acções da EDP a cerca de 2,75 euros em Junho. Através desta ferramenta, em vez de se apostar agora nas acções da companhia energética investe-se no valor futuro da empresa.


4. Obrigações convertíveis
Exposição às acções
No âmbito da reprivatização de 7% do capital da Galp Energia, a Parpública, a entidade que gere as participações do Estado, vendeu em Setembro obrigações que podem ser convertidas em acções da companhia petrolífera a partir de Março de 2013. Assim, as obrigações convertíveis são títulos de dívida que podem vir a ser transformados em acções. Logo, quem compra obrigações convertíveis está a obter uma exposição ao segmento accionista, mas com juros intermédios. As obrigações sobre a Galp Energia pagam 5,25% por ano.
Os fundos de obrigações convertíveis são os produtos certos para quem quer investir nesta área dos títulos de dívida permutáveis por acções. Segundo os especialistas avaliadores da Morningstar, o Parvest Convertible Bond Europe Small Cap e o F&C Global Convertible Bond são os melhores que podem ser comprados em Portugal. Ambos renderam mais de 12% no último ano.
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