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Richard Branson: o homem que jurou nunca mais depender da banca

A sua carreira começou aos 16 anos, quando desistiu dos estudos para criar uma revista, a Student. Um professor seu disse-lhe que ou acabaria na prisão ou seria muito rico. Acertou na segunda. Aos 23 anos já era milionário.

Reuters
01 de Novembro de 2016 às 14:00
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Bilhete de identidade

Nome Richard Branson
Profissão Empreendedor
Idade 66
Como fez fortuna Conseguiu criar um império que conta actualmente com 400 marcas (desde hotéis a seguradoras, passando por uma agência de modelos, pelos media, cosmética, vestuário, serviços financeiros, viagens, etc.), em mais de 30 países, todas sob a égide do Grupo Virgin.

Valor da fortuna

5,0 mil milhões de dólares

Filho de um jurista e de uma hospedeira de bordo, Richard Charles Nicholas Branson nasceu a 18 de Julho de 1950, em Inglaterra. Disléxico, sem grande vontade de prosseguir os estudos, largou o liceu aos 16 anos e lançou uma revista para o meio estudantil, a Student, que desejava tornar uma voz para os jovens activistas.

 

Quando saiu o primeiro número, em 1968, conta a Entrepreneur que o reitor da Stowe, a escola secundária que Branson tinha frequentado, lhe enviou a seguinte nota: "Parabéns, Branson. Prevejo que acabarás na prisão ou serás milionário". Ambos os vaticínios estavam correctos, se bem que a passagem pela prisão tenha sido breve: a fuga ao fisco, quando vendia discos a preços de desconto, valeu-lhe a detenção, mas prometeu devolver todo o IVA em falta no prazo de três anos, o que aconteceu. A segunda previsão foi a mais exacta: aos 23 anos tornou-se milionário, é hoje um dos britânicos mais ricos e ocupa a 286ª posição da lista da Forbes dos 400 mais ricos do mundo.

 

O primeiro número da revista foi distribuído gratuitamente, através da angariação de publicidade. No entanto, acabou por nunca render dinheiro e Branson teve a ideia de vender discos por correio a preços de desconto. Se bem o pensou, melhor o fez. Publicitou a ideia na Student e rapidamente transformou este negócio numa actividade lucrativa. Alugou uma loja vazia, num andar por cima de uma sapataria, colocou algumas prateleiras, recrutou a equipa da Student como seus colaboradores e abriu uma loja de discos com desconto.

 

Em 1973 criou a Virgin Records – e a ideia do nome surgiu do facto de todos os envolvidos serem completamente "virgens" naquele território empresarial. O grande salto desta empresa deu-se quando lançou o amigo e antigo colega de escola Mike Oldfield, cujo tema ‘Tubular Bells’ foi um sucesso de vendas.

 

Entretanto, em 1984 lançou-se na aventura da aviação, com a fundação da Virgin Atlantic Airways. E a forma como aconteceu foi peculiar, conta o site de biografias IMD. Branson tinha bilhete para um voo que foi cancelado. Assim que soube do cancelamento, conseguiu garantir um fretar um avião e convidou os passageiros do voo cancelado para viajarem com ele, gratuitamente. Em jeito de brincadeira, deixou uma nota escrita à mão, à entrada do avião, onde se lia "Virgin Atlantic Airways – 1º Voo". E resultou, pois alguns dos passageiros desse voo tornaram-se investidores da companhia aérea.

 

No entanto, esta nova transportadora aérea sofreu muitas pressões e em 1991 foi alvo de uma campanha secreta, por parte da British Airways, para retirar Branson desta área de negócio. Um ano depois, a situação da Virgin Atlantic Airways era tão delicada que os banqueiros credores de Branson o obrigaram a vender a Virgin Records à Thorn-EMI para conseguir dinheiro para manter a companhia aérea no ar. Com perto de um milhão de dólares obtidos com a venda da sua marca de discos, Branson conseguiu salvar o empreendimento da aviação. Conta-se que chorou, rua fora, depois de ter assinado o contrato de venda. E que jurou nunca mais ficar à mercê da banca.

A partir daí, conseguiu criar um império que conta actualmente com 400 marcas (desde hotéis a seguradoras, passando por uma agência de modelos, pelos media, cosmética, vestuário, serviços financeiros, viagens, etc.), em mais de 30 países, todas sob a égide do Grupo Virgin – nome que conseguiu preservar na sua esfera de actuação.

 

Entre os marcos mais significativos está o lançamento da Virgin Oceanic em 2011, com o intuito de fazer viagens exploratórias às desconhecidas profundezas do mar, bem como a Virgin Galactic – que quer meter o pé no turismo espacial através do fabrico de aeronaves. E já registou o nome comercial Virgin Interplanetary para o caso de as viagens ao espaço se tornarem comercialmente viáveis.

 

A barba é a sua imagem de marca, é adepto do clube Oxford United e em 2000 foi ordenado cavaleiro, pelo Príncipe de Gales, em honra pelo seu empreendedorismo. Diz que o divertimento é um elemento importante da sua abordagem da vida e dos negócios e é fã da série televisiva Thunderbirds.

 

Em jovem gostava muito de ver partidas de futebol e críquete. Hoje, além de se ter já aventurado a bater vários recordes do mundo – feito que conseguiu, nomeadamente em 1987, ao tornar-se o primeiro homem a atravessar o Atlântico num balão de ar quente, tendo repetido a façanha em 1991 mas sobre o Pacífico - gosta também muito de kitesurfing para espairecer e em 2012, com 61 anos, tornou-se o homem mais velho a atravessar o British Channel nesta modalidade.


cotacao A diversão é o aspecto  central na forma como gosto de fazer negócios. 
Richard Branson
 

Participou já em vários filmes – como ‘Volta ao Mundo em 80 dias’ e ‘Casino Royale’ – e séries, entre as quais ‘Friends’. E escreveu uma autobiografia intitulada ‘Losing my virginity’, que se tornou um best-seller.  

 

Também não resiste a uma boa aposta. O que já o fez vestir-se de ‘drag queen’ num voo entre Pert (Austrália) e Kuala Lumpur (Malásia), depois de falhar sobre quem ganharia uma corrida de Fórmula 1. Os carros são uma das suas paixões. E todos os anos recebe, gratuitamente, um Range Rover, como forma de agradecimento da empresa por falar publicamente sobre o facto de ter sobrevivido a um acidente de viação num carro destes.

 

A nível empresarial, foge aos habituais pradrões: não realiza reuniões do conselho de administração, não sabe mexer num computador, guarda as suas anotações num diário e escreve na mão as ideias que lhe vão chegando, diz a Entrepreneur. Também não tem uma sede centralizada – prefere trabalhar na sua casa de Londres.

 

É um filantropo assumido e veemente defensor da luta contra o aquecimento global, tendo também co-fundado – com Nelson Mandela e Peter Gabriel – o grupo de defesa dos direitos humanos The Elders em Julho de 2007.

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