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Razia nos mercados arrasta fundos

O valor de todas as carteiras recomendadas desceu no último mês. A perda média ultrapassou os 9%, conduzida pelos prejuízos apresentados pelos fundos de investimento em acções. Três dos quatro portefólios agressivos registam agora um balanço negativo nos mais de dois anos de recomendações.

30 de Agosto de 2011 às 08:54
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Como evoluiram as oito carteiras de fundos




As carteiras prudentes foram construídas para um prazo de investimento de três anos e são destinadas a aforradores conservadores que não aceitam perdas anuais superiores a 4%.

As carteiras agressivas estão desenhadas para um prazo de investimento mínimo de cinco anos e com um limite de perdas anuais até 10%.






ActivoBank
Líder nas perdas mensais

A carteira agressiva do ActivoBank, que é composta em 95% por fundos de acções e em 5% por um fundo de obrigações convertíveis em acções, foi a que mais desvalorizou desde a última actualização desta rubrica de recomendações de fundos. Os produtos seleccionados pelos especialistas do ActivoBank caíram, em média, cerca de 18%. A maior queda foi a do Fidelity Germany, que investe em títulos de empresas alemãs, ao perder um quarto do seu valor. A descida da bolsa da Alemanha deveu-se "à dependência da 'locomotiva' alemã das exportações e à desaceleração do crescimento económico de 1,3% no primeiro trimestre para apenas 0,1% no segundo trimestre", explica Gonçalo Gomes, da Direcção de Marketing do ActivoBank.

As desvalorizações bolsistas mundiais têm uma origem comum. "A violência da correcção resulta da constatação, em particular a partir da última semana de Julho, que as políticas de estímulo implementadas foram insuficientes para garantir a sustentabilidade da recuperação económica iniciada no Verão de 2009", conta Gonçalo Gomes. Mesmo assim, os responsáveis do ActivoBank optaram por não alterar as carteiras recomendadas, "dado que alguns dos factores que contribuíram para o forte abrandamento económico no primeiro semestre parecem estar ultrapassados". É o caso da interrupção do ciclo de subidas das taxas de juro nos países emergentes e na Zona Euro, depois da Reserva Federal norte-americana ter anunciado a manutenção das taxas de juro perto de zero durante os próximos dois anos.





Banco Best
Maior resistência às quedas

Os portefólios do Banco Best foram os que mais resistiram às perdas no último mês quando comparados com as carteiras concorrentes dos outros três supermercados de fundos. A estratégia prudente deslizou menos de 1% desde a última actualização das recomendações, efectuada na última segunda-feira de Julho, enquanto o portefólio agressivo desvalorizou cerca de 8%. Para os especialistas da Direcção de Investimentos do banco, "estas quedas parecem-nos reflectir um cenário, para já menos provável, de recessão, e colocam as avaliações accionistas a níveis atractivos". Apesar disso, o Banco Best optou por substituir o fundo GLG European Alpha Alternative, um fundo de acções, pelo JPMorgan Income Opportunity, um fundo voltado para o investimento em obrigações. Isso aconteceu porque "o fundo da GLG encontra-se fechado para novas subscrições", justificam os responsáveis do banco. Embora esteja orientado para a compra de obrigações, o fundo da JPMorgan pode investir marginalmente em acções e pode também vender obrigações sem as ter em carteira (vendas a descoberto).

O Banco Best operou ainda uma redução da exposição ao fundo AXA WF Global Inflation Bonds aumentando a participação no Pimco Total Return Bond, que já representa 40% do portefólio prudente. "Esta alteração deve-se ao facto das obrigações governamentais (EUA e Alemanha em destaque) terem registado uma performance positiva este mês", o que sustentou as obrigações indexadas à inflação, maioritariamente emitidas por governos.





Banco BIG
Perdas de longo prazo perto dos dois dígitos

A carteira agressiva do Banco Big foi a que mais desvalorizou nos dois anos e um mês de duração desta rubrica mensal do Negócios. Desde Julho de 2009, a estratégia perdeu 9,68%, o equivalente a um prejuízo de 4,79% por ano. No último mês, o prejuízo ficou em linha com as restantes portefólios agressivos, cerca de 13%. O fundo JPMorgan Global Focus foi o que mais desvalorizou, ao perder o equivalente a um quinto do seu valor. Entre as principais preferências deste fundo de acções globais estão os títulos da InterOil, uma petrolífera canadiana com operações na Papua Nova Guiné, da Nippon Sheet Glass, um fabricante de vidro do Japão, e da Associated British Foods, uma fornecedora britânica de produtos alimentares.

A contrabalançar o fraco desempenho da carteira agressiva, o Banco Big é responsável pelo portefólio prudente mais rentável. Nos últimos dois anos e um mês, essa estratégia avançou 7,61%, ou seja, ganhou 3,60% por ano. O BNY Mellon Euroland Bond, um dos dois fundos mais relevantes na composição do portefólio, registou um desempenho de 2,6% no último mês, distanciando-se de todos os outros fundos de obrigações. O facto dos gestores deste produto investirem maioritariamente em dívida pública europeia, que recuperou nas últimas semanas, ajudou a alcançar o desempenho positivo. Os títulos do tesouro italiano são os mais importantes na carteira do fundo.





Deutsche Bank
Duas carteiras à tona de água

Apesar das fortes quedas ao longo do último mês dos fundos seleccionados pelos especialistas do Deutsche Bank para os seus portefólios recomendados, o desempenho de longo prazo continua à tona de água. A carteira prudente apresenta uma rendibilidade de 0,64% desde o início desta rubrica, em Julho de 2009. A estratégia agressiva ganhou 5,80% no mesmo período, apesar da perda de quase 16% do último mês. "A volatilidade nos mercados continuou a ser uma consequência das manchetes políticas, particularmente na Europa", explicam os especialistas da divisão do Deutsche Bank responsável pelos investimentos.

Na revisão das carteiras deste mês, o Deutsche Bank procede a uma alteração: troca o Schroder Euro Short Term Bond pelo Templeton Global Bond, na sua versão com protecção cambial. "Este fundo de aproximadamente 48 mil milhões de euros investe em obrigações (um dos maiores comercializados na Europa), não tem um 'benchmark' predefinido, procura obter rendibilidades positivas em todos os cenários de mercado e tem um histórico de performance que não deixa dúvidas quanto à qualidade da sua gestão", esclarecem os responsáveis do banco. No início de Agosto, a maior aposta do gestor Michael Hasenstab era a dívida pública da Coreia do Sul. Polónia, Austrália e Malásia vinham a seguir na lista da exposição geográfica do Templeton Global Bond.




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